Cash balance aplica mais no mercado de ações

Edição 65

Planos CB são mais sensíveis à inflação

A migração de planos de benefício definido para modelos cash balance,
nos Estados Unidos, ultimamente tem significado um aumento da
exposição dos ativos desses planos em ações. Segundo reportagem da
Pension&Investments, consultores estimam que pelo menos 900
companhias norte-americanas estejam migrando para cash balance, o que
poderia gerar bilhões de dólares em novos ativos para os administradores
de recursos especializados em ações.
O motivo é que, segundo atuários, os planos de benefício definido têm de
pagar benefícios aos aposentados durante um período entre 12 e 20
anos, o que no cash balance cai para entre 7 e 8 anos. Isso porque essa
última modalidade de plano permite ao participante levar até todo o
dinheiro quando deixa a empresa ou no momento da aposentadoria.
De acordo com Jay Kloepfer, diretor de pesquisas sobre mercado de
capitais da Callan Associates Inc., os compromissos dos planos BD são
mais sensíveis às mudanças nas taxas de juros, enquanto os do CB são
mais sensíveis à inflação. Com as ações, é possível proteger-se melhor da
inflação, aumentando os investimentos nesses ativo em 5% ou mais,
dependendo da exposição que o plano já tenha.
Para o atuário Mike Johnston, da Hewitt Associates, os patrocinadores de
planos têm outro motivo para investir mais em ações: “todo retorno acima
do teto do cash balance pode reduzir as contribuições futuras e os custos
do empregador”, diz. “E o potencial de ganhar com ações é maior do que
o potencial de perder”, opina.
Num primeiro momento, entretanto, os patrocinadores de planos tendem
a ser conservadores na alocação dos ativos, mantendo a estrutura do
antigo plano de benefício definido. Os atuários estimam que é necessário
cinco ou dez anos para que essa alocação mais agressiva em ações se
torne realidade. Além disso, primeiro eles precisam aumentar o tamanho
do plano CB, com a redução natural dos participantes antigos, que vão se
aposentando.
Para o atuário Sheldon Gamzon, responsável pelo escritório da
PricewaterhouseCoopers em Nova York, muitas empresas que estão
migrando de BD para CB não terão de fazer alterações na alocação dos
ativos, porque estariam investindo inadequadamente, levando em
consideração o perfil do BD. “Você pode pensar que um fundo de pensão
está considerando o perfil de seus compromissos, de 12 a 20 anos, na
hora de formular a política de investimentos. Mas eu vejo que muitos
fundos de pensão são mal-gerenciados, fazendo investimentos que se
adequariam mais a um perfil mais curto do passivo, de 7 a 8 anos. É
frequente a inadequação entre passivo e ativo”, complementa.
Os patrocinadores de cash balance podem enfrentar problemas de
liquidez, uma vez que esse plano permite ao participante sacar tudo
quando sai da empresa. Mas, de acordo com Kloepfer, da Callan, “nós
aconselhamos os planos a usar os dividendos das ações para fazer frente
às necessidades de caixa, ao invés de reinvesti-los”, diz.
Outra estratégia que os patrocinadores podem usar, conta ele, é comprar
contratos futuros do índice Stan-dard&Poor’s 500, ficando, assim, dentro
do mercado de ações e vendendo esses contratos caso precise de caixa,
para não estar exposto às oscilações dos ativos à vista.