Edição 57
Grupo terceiriza a administração de R$ 400 milhões para as duas assets
A Unibanco AIG, que engloba empresas das áreas de previdência aberta,
seguros e saúde, está terceirizando a gestão de R$ 400 milhões dos seus
ativos financeiros totais, que somam R$ 1.970 milhões. A parte
terceirizada será dividida entre o SSB Citi e o ING Asset Management, que
ficarão com R$ 250 milhões e R$ 150 milhões, respectivamente. O volume
restante, de R$ 1.570 milhões, continuará sob gestão do Unibanco Asset
Management (UAM).
É a primeira grande terceirização de ativos nessa área. Como as empresas
do setor pertencem geralmente a grupos com assets próprias, costumam
entregar os recursos captados diretamente a elas. A Unibanco AIG
resolveu mudar a regra, dividindo a gestão entre mais de uma empresa,
incluíndo a UAM e suas concorrentes no mercado.
A Unibanco AIG foi formada no ano passado, por associação do Unibanco
com a norte-americana AIG, detendo cada uma 50% do negócio. Engloba
as seguintes empresas: Unibanco Seguros; Unibanco AIG Previdência
(antiga Prever); e as empresas que vieram da AIG como a Interamerican
Seguros, American Home e Unibanco AIG Saúde.
O processo de terceirização da gestão dos recursos começou a ser
pensado em setembro do ano passado, e já em novembro a Unibanco
AIG abria a licitação para escolha dos novos administradores. Foi enviada
uma carta convite a um grupo de 11 empresas pré-selecionadas, que
atendiam aos pré-requisitos de ser uma asset management formalmente
constituída e estar estabelecida no Brasil.
A UAM participaria da licitação, como as demais concorrentes, com a
diferença de que sua parte na gestão estaria garantida. Ela, embora
tivesse que cumprir todas as etapas das outras participantes, tinha a
garantia de que o volume de recursos que administrava na ocasião
continuaria com ela. Apenas os recursos que não estavam com ela,
incluíndo aqueles distribuídos em fundos do mercado e os novos que
entrassem, seriam divididos entre os novos.
Com a assessoria da equipe da FEA/USP (Faculdade de Economia e
Administração da USP), foi enviado um questionário às 11 empresas pré-
selecionadas, com perguntas sobre rentabilidade dos seus produtos em
24 meses, seus serviços, controles e equipes. Todo o processo de
questionamento, nessa primeira fase, foi feito por escrito, incluíndo as
dúvidas dos participantes, os esclarecimentos da Unibanco AIG e as
respostas finais. “Evitamos, nessa fase, as conversas com os
concorrentes, tudo foi documentado”, explica o diretor de investimentos
do grupo Unibanco AIG, Cristovan Mangioni.
Uma primeira seleção eliminou 7 dos 11 concorrentes, restando 5 que
passaram para a etapa seguinte. Cada um deles foi chamado para fazer
uma apresentação ao comitê de investimentos, que resultou na escolha
final dos novos administradores. Além da SSB Citi e da ING Asset
Management, a Unibanco AIG ainda deve escolher, em 30 dias, um
terceiro gestor externo que receberá recursos novos captados.
O volume de recursos administrado por cada gestor poderá variar de
acordo com sua performance, que será avaliada a cada seis meses
(informalmente a avaliação será mensal). Para cada ponto percentual que
um gestor ficar, abaixo da média dos outros no mesmo benchmark, será
subtraído da sua carteira o equivalente em termos de recursos. Ou seja,
se ele ficar 5% abaixo da média num benchmark, ele perderá 5% da sua
carteira em favor dos outros gestores. Em caso de faltas graves, o gestor
poderá ser excluído.
Os benchmarks ainda estão sendo definidos. Eles serão formatados de
acordo com os passivos correspondentes a cada carteira, que variam de
acordo com o perfil dos clientes, dos indexadores usados, e das suas
finalidades (previdência ou seguros). Assim, um atuário vai projetar as
necessidades de 12, 24 e 36 meses de cada carteira e, com base nisso,
será definido o benchmark para ela. Os recursos de cada carteira serão
distribuídos entre os vários administradores, para permitir as comparações.
Custódia – Os recursos sob gestão terão custódia global, que será do
próprio Unibanco, permitindo o acompanhamento das estratégias de cada
gestor. A projeção é que os recursos terceirizados sejam entregues ao SSB
Citi e ING Asset na primeira quinzena de junho.
Além dos recursos financeiros, o grupo possui cerca de R$ 240 milhões em
imóveis, que estão sendo reavaliados quanto à sua rentabilidade. De
acordo com Mangioni, a Unibanco AIG está selecionando aqueles imóveis
com rentabilidade superior a 1,1% mensal sobre seu valor para conservar
em carteira, desfazendo-se daqueles que tenham rentabilidade inferior e
não apresentem possibilidades tangentes de valorização expressiva.
Como potenciais compradores para esses imóveis de rentabilidade abaixo
da linha mínima estabelecida, estão investidores interessados em ter um
bem locado para um inquilino estável, uma vez que grande parte deles
são agências do próprio Unibanco. Os que não puderem ser vendidos
diretamente dessa forma, deverão ser oferecidos em leilão. “Ainda não
estão definidos os imóveis dos quais nos desfaremos, mas é certo que
uma parte deles será vendida”, afirma Mangioni.
O funcionamento das empresas da Unibanco AIG tem nova estrutura
organizacional. Algumas áreas, como a financeira, a controladoria, o
planejamento, a área de recursos humanos e o departamento jurídico são
comuns às várias empresas do grupo. Mas as áreas de venda e
distribuição dos produtos são independentes, o que equivale a dizer que
cada empresa tem sua própria estratégia de distribuição. Além disso, cada
empresa tem o seu próprio presidente. O presidente da Unibanco AIG
Previdência é Carlos Ximenes; da Unibanco Seguros é José Roberto
Haymn; e quem cuida das empresas da AIG é Peter Hammer. O
presidente geral do grupo, que emprega cerca de 1 mil pessoas, é José
Rudge.
Unibanco AIG faz PGBL para seus funcionários
A Unibanco AIG está administrando, desde abril passado, um PGBL (Plano
Gerador de Benefício Livre) para os funcionários do próprio grupo
Unibanco. É o primeiro plano desse tipo administrado pela empresa, que a
partir de agora entra definitivamente no mercado de PGBLs do tipo
empresarial.
O novo PGBL do Unibanco foi aberto para todos os 20 mil empregados do
Unibanco, e a expectativa de adesões gira em torno de 7 mil pessoas,
que pertencem ao grupo de maior renda dentro da empresa. A instituição
já oferecia, anteriormente, um plano aberto de previdência a um grupo
restrito de funcionários. Este plano adotava um formato tradicional, com
garantia mínima de retorno de TR mais 6% ao ano e repasse de 80% da
rentabilidade excedente. “O PGBL é mais transparente e permite o acesso
de um grupo maior de funcionários em comparação com o plano antigo”,
explica Miguel Leôncio Pereira, diretor comercial da área corporate da
Unibanco AIG.
As reservas constituídas no plano tradicional estão sendo transferidas para
o novo PGBL, seguindo o princípio da portabilidade. Já foram transferidos
R$ 34 milhões em recursos do plano antigo para o novo. Uma das
diferenças do PGBL em relação ao plano aberto tradicional é que o
empregado passa a contribuir para constituir as reservas, o que não
ocorria antes. Por outro lado, o participante do PGBL terá algumas
vantagens que não possuía anteriormente. “A principal vantagem é que
todos os funcionários podem aderir, contribuindo com um valor flexível e
ainda escolhendo o perfil dos investimentos”, afirma Marcelo Zalcberg,
diretor do Unibanco Pessoas.
O PGBL dos funcionários do Unibanco tem algumas características que o
diferenciam dos demais oferecidos pelo mercado. Uma delas é a taxa de
administração, mais baixa por se tratar de um plano corporativo com
grande volume de participantes e que, além disso, é administrado pela
empresa de previdência do próprio grupo. Outra característica incomum é
que a contribuição da empresa varia de 50% a 200% do aporte do
empregado. De acordo ao retorno sobre o patrimônio líquido alcançado
pela instituição financeira, a contribuição da empresa pode aumentar ou
diminuir.
Nos primeiros seis meses de funcionamento, o novo plano estará sendo
oferecido apenas no perfil conservador. Depois deste período serão
criados outros dois perfis de fundos de investimento, que ainda não estão
definidos.