Fundo da Nissan tem déficit de US$ 3,3 bilhões

Edição 55

Venda da montadora japonesa para a Renault francesa põe a descoberto
o elevado déficit atuarial do seu fundo de pensão

O fundo de pensão da montadora de carros japonesa Nissan acusou um
déficit de US$ 3,3 bilhões. O déficit foi descoberto devido à compra da
Nissan pela francesa Renault, que criou a quarta maior montadora do
mundo. O negócio fez com que a Nissan tivesse que revelar as
fragilidades do plano, pela primeira vez em sua história, conta reportagem
da Pensions & Investments.
O fundo da Nissan tem ativos totais de US$ 1,6 bilhão e um passivo de
US$ 4,9 bilhões.
O déficit do plano da Nissan cresceu recentemente (era de US$ 1,8 bilhão)
porque os executivos da Nissan conseguiram elevar os seus benefícios aos
níveis praticados na Europa e nos EUA. Na última hora, a Nissan assumiu
um compromisso adicional de US$ 1,5 bilhão, referente a provisões do
plano e devolução de impostos.
Nas semanas anteriores ao acordo, os analistas chegaram a especular que
o déficit poderia ser maior, algo em torno de US$ 8,5 bilhões.
O relatório anual da Nissan, para o ano terminado em março último,
mostravam um patrimônio previdenciário de US$ 1,6 bilhão, o que incluia
os ativos da Nissan North America, sua subsidiária para região dos Estados
Unidos e Canadá. O relatório não discrimina quanto desse patrimônio
pertence a cada subsidiária.
Mas a principal questão para o mercado é se o negócio vai dar certo ou
não. Os analistas vêem um grande obstáculo de integração por causa das
diferenças de idioma e de cultura, bem marcantes nesse caso. “A Nissan
está realmente em má forma”, diz Michel Raud, diretor de operações da
Philippe Investment Management Inc., de Paris, referindo-se à perda de
participação no mercado que a companhia passou entre 1995 e 1998, no
Japão, Canadá e Estados Unidos.
A Renault está prometendo cortar custos. O vice-presidente executivo da
empresa, Carlos Ghosn, conhecido como “O Matador de Custos”, na
imprensa francesa (“Le Cost Killer”), foi nomeado chefe de operações da
Nissan.
O mesmo deve aplicar-se ao fundo de pensão da empresa. Pelo menos o
fundo de pensão da Renault tem um passivo superenxuto, de US$ 700
milhões, totalmente integralizado.