Edição 55
Novo fundo da instituição é baseado no Timing, um FIF agressivo que
também opera alavancado em futuros de Ibovespa
O Credibanco está lançando um novo fundo de investimento carteira livre,
o Allocation, baseado no desenho de um outro fundo seu que roda há
pouco mais de um ano e meio, o Timing. No acumulado de setembro de
97, quando foi lançado, até o final de março deste ano o Timing já
valorizou 64,37%.
O Timing é um FIF agressivo, lastreado em títulos públicos mas operando
no mercado futuro de índices Ibovespa. Esse fundo pode variar de 50%
vendido a 150% comprado em Ibovespa futuro, conforme o momento das
bolsas. O Allocation terá a mesma conformação, só que ao invés de ser
lastreado totalmente em títulos públicos terá 66% do seu patrimônio em
ações que replicam o Ibovespa, e também operará entre 50% vendido e
150% comprado em Ibovespa futuro.
A vantagem é que, por ser um carteira livre pagará menos Imposto de
Renda que o Timing, 10% ao invés de 20%. Além disso, o novo fundo
terá liquidez D+4 (resgate quatro dias após o pedido), enquanto o Timing
tem vencimento de 60 dias. “Nossa expectativa é vender o novo fundo
entre clientes institucionais e pessoas físicas que operam no longo prazo”,
explica o diretor de Asset Management do Credibanco, Fábio Colombo.
O Allocation é o 15º fundo da instituição. Dos catorze anteriores, nove
possuem mais de 3 anos de vida, três possuem entre 2 anos e meio e 3
anos e apenas dois têm menos de 2 anos de vida. A idade média da
família de fundos do Credibanco é de 3,2 anos, ao contrário do que
afirmamos em reportagem da edição passada (Fundações querem
conhecer track record), onde dissemos que a idade média dos fundos do
Credibanco era de 1 ano e meio a 2 anos. Assim, os fundos da instituição
enquadram-se totalmente na tendência das fundações, de querer
conhecer o histórico de pelo menos 3 anos dos fundos antes de investir
nele.
“Achamos que o Allocation terá o mesmo sucesso que o Timing”, diz
Colombo. Um dia após o lançamento, em 20 de abril, o Allocation já
contava com captação de R$ 1,5 milhão. O Timing, na mesma data,
contava com R$ 5,5 milhões. O conjunto de fundos do Credibanco somava
um patrimônio líquido de R$ 550 milhões.
Segundo Colombo, tanto o Allocation quanto o Timing operavam abaixo
de sua média de 50% comprado em futuro de Ibovespa, em 20 de abril.
Os dois fundos operavam conservadoramente com apenas 22%
comprado, acreditando que os papéis já subiram muito e estavam um
pouco caro. A estratégia dos dois fundos, que possuem gatilhos que
disparam entre 2,5% e 3% de oscilação do mercado, é comprar índices na
baixa e vender na alta. “O princípio desses fundos é ganhar no timing,
entrando e saindo do mercado na hora certa”, explica Colombo.
Além de achar que a bolsa subiu muito, Colombo vê com preocupação a
tendência do Congresso de voltar toda sua atenção para as 2 CPIs em
andamento, a dos bancos e do judiciário. Na sua opinião, o Congresso
está deixando um pouco de lado a necessidade de prosseguir nas
reformas, um pouco por causa das novidades diárias das 2 CPIs e um
pouco pela relativa tranquilidade que trouxeram a queda da inflação e do
dólar. Vive-se a sensação de que o pior da crise pode já ter passado.
Para ele, achar que a crise já passou é um erro. “Na nossa visão, ainda
poderá vir alguma turbulência pela frente, porisso seria fundamental que
o Congresso prosseguisse nas reformas”, diz. “Precisamos preparar o
ambiente para aguentar os trancos”.
Outra frente de preocupações para Colombo está em Wall Street, cujo
mercado acionário sobe há uma década. Em algum momento os
investidores daquele mercado vão querer realizar lucros, derrubando os
mercados. Na verdade, está faltando um pretexto a eles, e a guerra nos
Bálcãs (dependendo dos seus desdobramentos) pode ser esse pretexto.