SPC aprova fundo de pensão da Philip Morris

Edição 52

Plano da multinacional norte-americana, fabricante do cigarro Marlboro,
começou a funcionar em 99

A PM Prev é um dos 14 novos fundos de pensão que obtiveram
autorização da Secretaria de Previdência Complementar para entrar em
funcionamento em 99. A Philip Morris Brasil, fabricante de cigarros e
alimentos industrializados, recebeu em outubro passado o sinal verde da
SPC e, desde janeiro deste ano, está oferecendo a mais de 8 mil
funcionários um plano de benefícios. A administração dos ativos fica por
conta de dois gestores estrangeiros: o Citibank e o Chase. A William M.
Mercer (antiga Mercer MW) cuidará da administração do passivo da
entidade.
Mais conhecida como a produtora dos cigarros Marlboro, dos chocolates
Lacta e dos refrescos Tang, a filial brasileira da Philip Morris é a última
grande unidade da multinacional a criar um plano complementar de
benefícios para seu quadro de profissionais. “Todas as grandes filiais da
Philip Morris, no mundo todo, já possuíam planos de previdência; só
faltava aqui no Brasil”, diz Ana Maria Drummond, gerente de projetos e
planejamento de benefícios e responsável pela implementação da PM
Prev. Ela explica que a iniciativa contribui para aumentar a competitividade
da empresa na busca dos melhores profissionais do mercado.
O projeto de criação do plano de benefícios começou a ser preparado há
cerca de três anos, mas foi apenas em maio de 98 que veio a aprovação
da matriz. A empresa optou pela constituição de um fundo de pensão
próprio devido, principalmente, ao elevado número de funcionários em
condições de contribuir ao plano. Cerca de 2 mil empregados do grupo,
que recebem mais de R$ 1000, estão aptos a destinar uma parte dos
rendimentos para o plano. O restante dos funcionários têm direito a um
benefício mínimo, de até três salários no momento da aposentadoria,
mesmo sem contribuir para o plano. O plano é do tipo CD e a relação
entre a contribuição do participante e da patrocinadora é de 1 para 1.
Para empresas de grande porte como a Philip Morris, o custo de
manutenção de um fundo próprio é mais vantajoso em comparação a uma
entidade multipatrocinada ou aberta. A administração do passivo para o
fundo de pensão possui um custo fixo e a gestão dos recursos é coberto
pela própria rentabilidade dos investimentos.
As entidades abertas ou multipatrocinadas cobram, geralmente, uma taxa
de administração que corresponde a um percentual das contribuições. Ou
seja, quanto maior o número de participantes, maior será o custo total do
plano. “Para o porte da Philip Morris, verificamos que seria mais vantajoso
a constituição de um fundo de pensão”, afirma Eduardo Correia, consultor
de previdência da William M. Mercer. A consultoria orienta a criação de
fundos próprios para planos que tenham contribuições anuais acima de R$
500 mil.

Adesão tímida – A princípio, a Philip Morris tinha a expectativa de atingir
até 70% de adesão no primeiro ano de funcionamento do plano, mas esta
meta logo foi reajustada para baixo. Este nível de adesão representaria
uma arrecadação anual de cerca de R$ 5 milhões para o fundo de pensão.
Mas depois do primeiro mês de funcionamento, no qual apenas 10% dos
empregados aderiram, a patrocinadora revisou os planos e reduziu as
expectativas para 30% de adesão até o final deste ano. Este percentual
de adesões projeta um volume de contribuições de mais de R$ 2 milhões
para o segundo ano de funcionamento da PM Prev. A primeira arrecadação
para o plano, recolhida no início de fevereiro último, foi de
aproximadamente R$ 100 mil.
Alguns fatores contribuiram para prejudicar a adesão inicial dos
funcionários ao plano. “Tivemos que iniciar nosso plano em um momento
complicado da conjuntura econômica do país, o que provocou maior
incerteza para os funcionários”, afirma Ana Maria Drummond. A alta
rotatividade no mercado de trabalho brasileiro é um fator que tem
dificultado a entrada dos funcionários no plano.
Outro elemento que dificulta a expansão do número de participantes é a
baixa média de idade do quadro de funcionários da Philip Morris Brasil.
Como em outras empresas, a adesão dos funcionários mais jovens da
Philip Morris ao plano de aposentadoria foi mais baixa, se comparada a
dos empregados com idade mais avançada.
Mesmo com todos estes fatores jogando contra, a empresa pretende
ampliar o número de participantes da PM Prev no decorrer do ano. Será
iniciada a divulgação do plano para um grupo de 600 pessoas da área de
vendas do grupo. “O ritmo de adesões da PM Prev está dentro do normal
e acredito que, na medida em que os funcionários comecem a ver os
primeiros resultados de rentabilidade das cotas, muitos entrarão no
plano”, prevê Eduardo Correia.

Estrutura enxuta – A Philip Morris não pretende montar uma estrutura
específica para cuidar de seu fundo de pensão. A opção adotada para
administração do plano foi a terceirização, tanto do passivo como do ativo.
O processo de seleção dos gestores foi realizado entre 8 concorrentes, a
maioria formada por instituições estrangeiras. Os vencedores foram o
Chase e o Citibank, cabendo a cada um a administração de metade dos
recursos da fundação. Na decisão final da escolha dos gestores, pesou a
opinião da matriz norte-americana da Philip Morris. A empresa utiliza o
conceito de “pooling company”, que busca melhores condições de
negociação com fornecedores globais. A William M. Mercer também
trabalha com a multinacional nos Estados Unidos e já presta serviços para
a filial brasileira há vários anos.
A carteira de investimentos da fundação será 100% concentrada em renda
fixa no primeiro ano. “Decidimos adotar um perfil completamente
conservador no início do plano para evitar surpresas”, explica a
responsável pela PM Prev.
O analista senior de operações de tesouraria da Philip Morris, Marcelo
Henriques Ruiz, não pensou duas vezes na hora de aderir ao plano da PM
Prev. “Já estava pensando em contratar um plano aberto de mercado
quando foi realizada a divulgação do plano da empresa”, diz. Para o nível
salarial do analista, o teto da previdência social não consegue cobrir nem
a metade da aposentadoria futura. Por isso, o Ruiz já estava com o
projeto pessoal de destinar uma parte dos rendimentos para contribuir
para um plano complementar. “Cheguei a pesquisar com algumas
empresas do mercado e uma das principais vantagens que encontrei foi o
fato de poder deduzir as contribuições do Imposto de Renda, o que
também é possível de se fazer na PM Prev”, afirma Ruiz.
Na última empresa em que trabalhou, a Dixie Toga, o analista possuía um
plano de previdência com a Itauprev. Quando mudou de emprego,
Marcelo Ruiz teve direito a resgatar tanto as contribuições próprias como
as da empresa. No caso do plano da PM Prev, assim como na maioria dos
outros fundos de pensão, o resgate da parte da patrocinadora é mais
limitado. O participante só pode retirar as contribuições da empresa
depois de acumular uma pontuação referente a soma da idade com o
tempo de serviço. “Apesar da restrição do resgate em caso de
desligamento, acho que vale a pena aderir ao plano devido à
rentabilidade dos investimentos do fundo”, explica Ruiz.