Expectativa positiva para a renda fixa em 99

Edição 49

Apesar de toda a turbulência do ano passado, com a crise das bolsas e a
ofensiva da Receita Federal sobre a imunidade tributária dos fundos de
pensão, alguns gestores de recursos conseguiram captações expressivas
desses investidores, basicamente em suas carteiras de renda fixa

Apesar de toda a turbulência do ano passado, com a crise das bolsas e a
ofensiva da Receita Federal sobre a imunidade tributária dos fundos de
pensão, alguns gestores de recursos conseguiram captações expressivas
desses investidores, basicamente em suas carteiras de renda fixa. “O ano
de 98 foi o ano da renda fixa, que deve continuar com força em 99”, diz o
diretor de institucionais da Unibanco Asset Management (UAM), Ailton
Garcia.
A UAM conquistou R$ 600 milhões em recursos de investidores
institucionais, que vieram de 20 novos negócios. Desse total, apenas 2
envolveram novos clientes. O restante foram aportes de entidades que já
investiam com a empresa, a 2º maior administradora privada de recursos
de fundos de pensão, segundo o último ranking de Investidor Institucional.
As conquistas de 98 também tiveram um sabor especial para os gestores,
porque representaram a entrada de dinheiro virgem no mercado de
administração de recursos. Segundo Garcia, “houve pouca substituição de
administradores”.
A origem desses recursos foi, em boa parte, as fundações do setor
público. “Outras entidades, como as de multinacionais, já tinham
delegado boa parte dos seus recursos. Existia uma demanda reprimida
das entidades locais ligadas ao setor público”, explica.
Mas é à uma fundação do setor privado que a UAM deve o maior negócio
do ano, cujo nome e as cifras não foram citados. O mandato foi recebido
no primeiro semestre do ano passado, que no geral foi um período difícil
para o mercado de institucionais, por causa da briga dos fundos de
pensão com a Receita Federal para garantir sua imunidade tributária. “Não
podemos nos queixar do primeiro semestre, porque, apesar das
dificuldades, fechamos um grande negócio”, comemora o diretor de
institucionais da empresa.
Ele ressalta que 98 foi marcado por uma mudança importante no comando
da empresa, com a entrada de Jorge Rosas na presidência, substituindo
Ulisses Vasconcellos Diniz Jr. Por outro lado, a UAM perdeu um dos seus
executivos da área de institucionais para o Bradesco Templeton.
Outro gestor que conseguiu bons resultados em 98 nessa área foi o
Opportunity. De acordo com o sócio e responsável pela área de
institucionais e corporate do Opportunity, Maurício Gentil, o banco ganhou
cerca de R$ 500 milhões em novos recursos desses investidores,
acrescentando 29 novos nomes à sua carteira de clientes.
Os negócios do Opportunity também se concentraram na renda fixa, “nas
suas diversas modalidades”, acrescenta. Mas as aplicações em private
equity também foram bem sucedidas, com captação de R$ 160
milhões . “O private equity deve crescer bastante”, opina.
Parte do crescimento do banco em 98 pode ser creditada a uma investida
junto aos investidores institucionais de São Paulo, que é a região que
responde pelo maior número de fundos de pensão no país. “Abrimos uma
base comercial em São Paulo no começo do ano para estarmos mais
próximos dos institucionais da região. Foi o nosso foco em 98 e deve
continuar sendo em 99”, acrescenta Gentil. O escritório paulista está a
cargo de Rodrigo Vasconcelos.
Por outro lado, o volume total de recursos de investidores institucionais
administrado pelo banco, se manteve estável no segundo semestre de
98, em termos nominais, por causa da crise das bolsas, estima. “Tivemos
uma desvalorização de cerca de 30% na renda variável no ano”. O
Opportunity fechou o primeiro semestre de 98 com R$ 1,38 bilhão em
recursos de institucionais sob sua administração, segundo o ranking Top
Asset.
Já o Bozano, Simonsen fechou o ano com um pequeno crescimento no
patrimônio administrado de institucionais, que ficou em cerca de R$ 920
milhões, contra R$ 880 milhões do final de 97.
De acordo com o gerente de desenvolvimento de produtos, Flávio Arruda,
a captação em 98 também foi pequena, prejudicada pelos
acontecimentos do segundo semestre. “A crise russa, as incertezas quanto
ao CPMF, eleições fizeram com que o investidor ficasse onde estava”,
explica.
Em 98, o banco também reforçou a sua equipe de atendimento a
investidores institucionais com contratação de Wilson Barcellos, que
trabalhava na área de investimentos da fundação Real Grandeza (Furnas).