Edição 46
A Bradesco Templeton está lançando neste mês de novembro um fundo
para investimento em ações de segunda e terceira linha, destinado
basicamente a investidores institucionais
A Bradesco Templeton está lançando neste mês de novembro um fundo
para investimento em ações de segunda e terceira linha, destinado
basicamente a investidores institucionais. O fundo, que será fechado e
com duração prevista de 7,5 anos, pretende captar R$ 350 milhões num
prazo de 1 ano, informa o presidente da empresa, Robert van Dijk.
Segundo ele, os investimentos poderão ser integralizadas com ações
pertencentes às carteiras dos próprios cotistas. O primeiro cotista será o
BNDES, que é na verdade o mentor desse programa, destinado a valorizar
e dar liquidez às ações das pequenas e médias empresas. Ainda não está
definido qual o montante do investimento do BNDES, que entrará com
ações de segunda e terceira linha da sua carteira.
Durante o período de duração do fundo, os aplicadores não poderão sacar
os recursos aplicados. O objetivo é que esses recursos possam ser
aplicados em empresas com perspectiva de valorização a longo prazo.
Segundo van Dijk, há muitas empresas com valor de mercado muito
abaixo de seu valor intrínseco, o qual é baseado nos seus ativos reais e
no seu potencial de crescimento. O fundo da Bradesco Templeton destina-
se a comprar participações nessas empresas, para valorizá-las.
Uma das missões da administradora do fundo, como resultado das
participações expressivas que reunirá de cada companhia, será tomar
parte na definição de suas metas e políticas estratégicas. Ela atuará
nessas companhias como representante dos minoritários, que compraram
cotas do fundo. “Teremos um papel pró-ativo nessas companhias, afinal
nosso objetivo é fazer que elas ganhem dinheiro para valorizar o
investimento do cotista”, explica van Dijk.
A Bradesco Templeton contará com a assessoria estratégica da Franklin
Mutual Advisers, uma empresa que já faz isso há anos nos Estados
Unidos, como representante dos cotistas dos fundos mútuos do grupo
Franklin Templeton nas empresas nas quais esses fundos investem. A
Bradesco Templeton é uma sociedade entre o grupo Franklin Templeton e
o Banco Bradesco, formada ao final do ano passado.
“Atuamos junto aos administradores das empresas, para fazê-los
conhecer as nossas posições e para que possamos conhecer as deles
também”, explica o presidente da Franklin Mutual Advisers, Peter
Langerman, que proferiu palestra no Congresso da Abrapp sobre
investimentos de longo prazo. “Normalmente, os próprios administradores
e controladores têm interesse em nossa atuação, em nossa visão do
mercado, “.
Langerman explica que o papel da sua empresa é representar o interesse
do acionista minoritário, buscando que a companhia dê os melhores
resultados, inclusive em termos de dividendos. “Nosso objetivo é ajudá-los
a enxergar os aspectos estratégicos da companhia, e que às vezes
encontram-se escondido, e valorizar esses aspectos em busca de
rentabilidade. Às vezes essas questões se colocam de forma amistosa,
mas às vezes de forma mais dura”, conta.
As questões estratégicas passam, algumas vezes, por associações e
mesmo fusões com outras empresas, e a representação dos minoritários
deve detectar isso e avaliar o potencial de valorização que isso traz para a
empresa. Deve buscar influenciar as decisões da empresa nesse sentido.
Um dos grandes empreendimentos nos quais a atuação da Franklin
Mutual Advisers foi fundamental, foi na fusão dos bancos Chase
Manhattan e Chemical, nos Estados Unidos, em 1995.
“No Brasil, há muitas empresas com valor de mercado muito abaixo do
seu verdadeiro valor”, diz Langerman. O papel da sua empresa será
ajudar a Bradesco Templeton a detectar essas empresas e, uma vez feito
o investimento nelas, ajudar a valorizá-las. “É preciso ter uma atitude pró-
ativa em relação a elas”, conclui.