Edição 46
A disputa pela presidência da Abrapp entrou em sua reta final
A disputa pela presidência da Abrapp entrou em sua reta final. Dois
candidatos, Francisco Parra e Carlos Caldas, atuais vice-presidente e
diretor da associação, vão concorrer no pleito que será realizado no dia 10
de dezembro, na sede da entidade. O primeiro é presidente da BB
Previdência, um fundo de pensão multipatrocinado, e o segundo da
fundação Francisco Martins Bastos, da Ipiranga.
Mizael Matos Vaz, atual presidente do Instituto Cultural de Seguridade
Social (ICSS) e que também era candidato, abriu mão de sua candidatura
e passa a integrar a chapa encabeçada por Carlos Caldas. Pelos termos
do acordo firmado entre Caldas e Mizael, o último continuará como
presidente do ICSS caso a chapa de Caldas vença.
As negociações que levaram à união dos dois candidatos foram feitas
durante o 19º Congresso brasileiro dos fundos de pensão, que aconteceu
entre 26 e 29 de outubro, em Florianópolis. O acordo foi fechado na noite
de terça-feira, 27 de outubro, numa reunião no hotel no qual estavam
hospedados. Na manhã de quarta-feira, um comunicado assinado por
Mizael circulava entre alguns congressistas.
Nessa carta, ele afirma que o motivo da união foi evitar a fragmentação
da entidade. “Dadas as circunstâncias vividas no momento pelo País,
entendemos, fiéis ao espírito da nossa chapa, que a Abrapp não poderia
fragmentar-se em seu processo eleitoral”, escreveu Mizael.
A decisão mudou o quadro de votação em muitas fundações. As
fundações mineiras, por exemplo, que haviam se reunido na terça-feira,
27 de outubro, declarando-se a favor de Carlos Caldas, decidiram rever
sua posição. Em reunião realizada no dia 6 de novembro, elas mudaram o
voto, passando a apoiar Parra. “Não temos nada pessoal contra nenhum
dos candidatos, todos merecem o nosso respeito pelo trabalho que estão
desenvolvendo, mas decidimos apoiar o Parra”, informa Teodoro
Lamounier, diretor-superintendente da Desban (Banco de
Desenvolvimento de Minas Gerais).
Segundo ele, a decisão da reunião não é mandatória para as entidades
mineiras, uma vez que cada uma tem autonomia de votar no candidato
que achar melhor. Mas, “representa uma tendência de voto das entidades
do nosso estado”. Além das fundações mineiras, estariam apoiando Parra
também as fundações do Nordeste, Centro-Norte, e parte da região
Sudeste, incluindo Rio e Espírito Santo.
A decisão das fundações mineiras foi tomada após a análise de três
aspectos das chapas: a proposta sobre a unificação das três entidades do
sistema (Abrapp, Sindapp e ICSS); a proposta sobre a valorização das
instâncias regionais; e, por último, o vínculo efetivo dos dirigentes com os
fundos de pensão. Segundo Lamounier, a chapa de Parra é a que mais
atende as expectativas das entidades mineiras, nesses aspectos.
No Congresso de Florianópolis, uma das críticas comuns dos congressistas
dizia respeito à existência de dirigentes da Abrapp e do ICSS sem ligação
efetiva com os fundos de pensão. “Os dirigentes da Abrapp precisam
estar, efetivamente, à frente dos fundos de pensão”, diz o
superintendente da Desban. “Precisam ter vínculos com sua fundação”.
Para Caldas, a mudança de posição das fundações mineiras não é
decisiva. “O voto das fundações é secreto”, diz ele. “Os processos
eleitorais se manifestam de maneira muito dinâmica, e prefiro esperar”.
Caldas conta com o apoio de Geraldo Garcia, presidente da Apep, a
entidade que reúne as fundações das empresas privadas. Na eleição
passada, Garcia foi candidato de oposição, contra Nélson Rogieri.
Segundo Caldas, o acordo com Mizael Matos Vaz não mudou em nada os
princípios defendidos por sua chapa. “Havia dentro da Abrapp um
sentimento de que três candidaturas criava uma situação complicada, por
que o eleito poderia ter pouco mais de um terço dos votos, com pouca
legitimidade. Agora, esse risco não existe mais”, diz Caldas.
Regionalmente, o apoio a Caldas estaria mais concentrado na região Sul e
parte da Sudeste, incluindo São Paulo, onde estão grande parte das
fundações de patrocinadoras privadas. Ele, entretanto, não comenta o
assunto.
Parra garante que já conta com o apoio da maioria das 250 fundações
com direito a voto na entidade. “Temos a adesão das fundações da região
Nordeste, Centro-Norte, parte da Sudeste, que inclui Rio e Espírito Santo.
Além disso, temos penetração em São Paulo e estamos conversando com
alguns fundos do Sul”, diz.
Composição – A chapa de Parra, denominada Nova Abrapp, tem como vice-
presidente Adelmo da Costa Teves Jr., presidente da fundação Cesp. Tem
como diretores: Antônio Jorge Vasconcelos da Cruz, da Previma; Fernando
Pimentel, da Sistel; José Altino Bezerra, da Fachesf; André Gondim, da
Faelba; João Batista Padilha Fernandes, da Fundiágua; e Benni Faerman,
da Eletros. Os dois últimos fazem parte da atual diretoria.
A chapa liderada por Caldas, que passou a se chamar Mobilização
Participativa para a Unidade Nacional, tem como vice Luís Carlos Thomás
Loureiro, presidente da fundação Celpos e diretor da Abrapp. Caldas
preferiu não revelar os nomes dos outros integrantes. Mizael, que
segundo Caldas não fará parte da chapa da Abrapp, deverá ocupar uma
das vagas do conselho da entidade, além da presidência do ICSS.