Fundos aumentam as vendas de ações

Edição 45

As fundações estão mais vendedoras do que compradoras no mercado de
ações

As fundações estão mais vendedoras do que compradoras no mercado de
ações. Segundo dados da Bovespa, no acumulado de outubro (até o dia 9
do mês) as vendas de papéis à vista dos investidores institucionais
respondiam por 7,5% do total, para compras à vista de 6,9%. O volume
financeiro à vista, no período, foi de R$ 4,388 bilhões.
Essa tendência começou a se perfilar em setembro, quando os
institucionais representaram 7,2% das vendas à vista e 7% das compras à
vista, de um volume total de R$ 20,5 bilhões à vista. De acordo com o
consultor Carlos Manoel de Souza, da Lopes Filho, as fundações estariam
vendendo as ações que adquiriram no mês de agosto, quando os preços
dos papéis estavam baixos. Naquele mês, os investidores fizeram
compras de papéis equivalentes a 9% do movimento à vista, que foi de
R$ 22,71 bilhões, contra vendas de 6,5% dessa soma.
“Esses investidores têm como filosofia não realizar prejuízos. Olhando os
números de agosto, quando os preços tinham caído muito, vemos que as
fundações acharam que a crise não era muito forte, e compraram mais do
que venderam. A partir de setembro, como a situação se complicou, elas
se tornaram vendedoras e, com certeza, ganharam dinheiro”, analisa.
As aquisições de papéis nos meses de setembro e outubro, segundo ele,
poderiam representar operações de giro, que são compras e vendas
rápidas de ações. Com a instabilidade das bolsas, o giro é uma
possibilidade de obter ganhos, ainda que pequenos, que ajudam a
minimizar os impactos negativos da crise.

Única coisa – O giro rápido, porém, não é a maneira habitual de operar
das fundações. “Mas, como não há expectativa de alta expressiva da
bolsa, a única coisa que dá para fazer é giro. Não dá só para ficar sem
fazer nada, esperando o dia em que a bolsa se recupere”, afirma Ana
Cristina Lamounier de Sá, analista de investimentos da Aços, fundação da
Açominas.
Operações rápidas, em geral, envolvem somas pequenas se comparadas
ao patrimônio das fundações. No caso da Aços, os giros rápidos iniciados
na segunda semana de setembro envolveram entre R$ 10 milhões a R$
15 milhões, cerca de 3,5% a 5% do seu patrimônio.
De acordo com Ana Cristina, a entidade gira basicamente Cemig,
Petrobrás, Vale do Rio Doce e Telesp, obtendo lucro de até 5% e
6%, “dependendo do dia e do papel”. A Cemig, por exemplo, chegou a
oferecer ganhos de 2,8% numa operação, garante ela.
Já a Previminas, com 9 patrocinadoras ligadas ao setor público de Minas
Gerais, girou uma carteira compostas por 5 a 6 ações bastante líquidas do
Ibovespa, conta o gerente financeiro e de investimentos da fundação,
Darlan Alves de Paula. “O mercado está no giro e não em
posicionamentos. O cenário ainda traz muita incerteza”, diz Paula.
Segundo ele, a meta da Previminas é conseguir um ganho de 5% sobre o
volume movimentado em cada operação. Porém, “não dá para
estabelecer uma média, porque depende muito das condições de
mercado”, acrescenta.

Primeira linha – Outro movimento que está se dando entre as fundações é
o de troca de alguns papéis de poucas perspectivas de valorização por
outros de melhores perspectivas. A Sistel, patrocinada pelas 12 empresas
oriundas da cisão da Telebrás, é uma delas. De acordo com o gerente de
renda variável, Ivan Mendes do Carmo, a fundação está substituindo
alguns papéis de segunda linha pela primeira linha. “Estamos fazendo um
rebalanceamento do portfólio. Os papéis de primeira linha devem ter
recuperação mais rápida”, diz.