Edição 45
Apesar do início do período de conversão dos recibos da Telebrás (RCTB)
no final de setembro último, os fundos de pensão estão preferindo
retardar a transformação do papel nas ações das 13 empresas que
surgiram com a privatização
Apesar do início do período de conversão dos recibos da Telebrás (RCTB)
no final de setembro último, os fundos de pensão estão preferindo
retardar a transformação do papel nas ações das 13 empresas que
surgiram com a privatização. “A maioria das fundações está seguindo a
orientação de manter o recibo na carteira a espera de uma recuperação do
mercado acionário e do começo da negociação das ADRs das novas
companhias na Bolsa de Nova York”, diz Carlos Manoel de Souza,
consultor de investimentos do escritório Lopes Filho.
De acordo com ele, outro motivo que estaria levando as entidades a
manter o papel em carteira é que, nesse momento de crise, “é mais fácil
negociar um papel do que 12”.
A Sistel, fundação dos funcionários da extinta Telebrás, aguarda a
definição do comportamento das ações das novas empresas de
telecomunicações, antes de converter seus recibos. “Estamos seguindo a
grande maioria dos investidores, que mantém a concentração em
Telebrás, mas não deixamos de aproveitar as oportunidades de conversão
para fazer um giro rápido do papel”, diz Ivan Mendes do Carmo, gerente
de análise de renda variável da Sistel.
Ele explica que, devido à volatilidade do mercado, a fundação consegue
obter margens de ganho pela diferença entre o preço do recibo e a soma
das 13 novas ações. Ou seja, quando o recibo está mais barato, ele é
convertido nas ações, que são vendidas em seguida. E vice-
versa. “Através de operações casadas de conversão dos recibos e compra
e venda de ações conseguimos ganhos de 2% a 3% por operação”,
informa.
Outra fundação que não está realizando a conversão dos recibos é a
Telos, dos empregados da Embratel. “Devemos esperar pela redução da
turbulência das bolsas para iniciar um processo efetivo de conversão para
as ações das empresas privatizadas”, diz Marcos Pereira, analista de
renda variável da Telos. Para ele, o mercado ainda está na fase inicial de
formação dos preços das ações, mas a partir do início do ano que vem o
recibo deve começar a perder liquidez. Hoje, o recibo da Telebrás ainda
continua concentrando quase metade da liquidez do mercado acionário.
Já para Ivan Mendes do Carmo, da Sistel, “o nível de conversão deve
aumentar com o início das negociações das novas empresas na bolsa
norte-americana”.
Segundo Carlos Manoel de Souza, da Lopes Filho, algumas fundações de
grande porte poderiam estar começando a converter os recibos em ações.
O motivo seria reduzir a concentração em Telebrás.As ações mais cotadas
para ocupar o espaço que será deixado pela Telebrás são a Telesp
Participações e a Embratel, prevê.