Programa da Faelce busca reduzir custos

Edição 45

A Faelce, fundação da Companhia Energética do Ceará (Coelce), está
envolvida em um intenso programa de redução de custos

A Faelce, fundação da Companhia Energética do Ceará (Coelce), está
envolvida em um intenso programa de redução de custos. Entre outras
coisas, a fundação está revendo seus contratos com fornecedores, como
empresas de contabilidade e de serviços de informação, cortando pessoal
administrativo e cogitando de mudar de sede para uma menor.
As medidas fazem parte de um programa de redução de custos iniciado
logo após a privatização da patrocinadora, em abril passado. “Os novos
controladores querem uma fundação mais enxuta”, informa o diretor
financeiro da entidade, Carlos Padilha.
Segundo ele, os atuais controladores querem implantar um novo critério
para calcular os limites das despesas administrativas, que não poderiam
ultrapassar 0,2% do patrimônio ao ano, ao invés dos 15% da arrecadação
de contribuições. Embora possa mudar o critério, não deve mudar a
origem dos recursos, que continuarão a ser bancadas pela patrocinadora,
como antes.
Desde maio que a Faelce vem tentando se enquadrar no novo limite de
0,2% do patrimônio anual, que é mais baixo que o anterior. Um plano de
demissão incentivada, criado pela patrocinadora especialmente para os
funcionários que cedia à fundação, enxugou 8 dos seus 30 funcionários,
restando 22 funcionários.
Esses, que estavam na folha da Coelce, passaram para a folha de
pagamentos da própria fundação, que agora tem um quadro próprio. Com
menos gente e mais despesas, a Faelce está analisando a possibilidade
de mudar de prédio, para um menor e mais barato, reduzindo seus custos.
A Faelce também decidiu terceirizar sua carteira de renda variável, que
desde o final de julho está sendo administrada pelo banco Fator,
permitindo a dispensa de mais um funcionário da área de renda variável.
O portfólio de renda variável da fundação representa hoje 6% do seu
patrimônio total, no valor de R$ 190 milhões (dados do final de agosto).
As mudanças na patrocinadora também tornou a fundação mais
conservadora em seus investimentos. A carteira de ações, que chegou a
representar 32% do patrimônio no início do ano, foi reduzida para 20%
em julho. “Fizemos uma realização forte, no final de julho, principalmente
porque achamos que o mercado estava inseguro em suas perspectivas a
médio prazo”, explica Padilha.
Com a desvalorização das bolsas, as ações passaram a representar cerca
de 13% do patrimônio da fundação. Além dos 6% terceirizados, a Faelce
tem, também, ações de controle da Cosern e da própria Coelce,
compradas nos leilões de privatização junto com outras fundações do
Nordeste.
Devido à essa forte saída do mercado acionário em julho, o impacto da
crise de agosto sobre o equilíbrio atuarial foi pequeno. O déficit da
entidade é de apenas R$ 3 milhões e, segundo o diretor financeiro, a
expectativa é de que seja saneado até o final do ano.

Balanço azul – Um dos fatores que devem contribuir para a volta do azul
ao balanço da Faelce é a taxa de juros que está sendo paga pela renda
fixa. A fundação tem hoje 53% de sua carteira em aplicações pós-fixadas
de renda fixa, e por isso acompanhou a alta nos juros entre agosto e
setembro.
Outro impulso para sair do déficit virá de um plano de demissão
incentivada aberto pela Coelce no início de outubro. Quando os
empregados saem de um plano de benefícios definidos, como é o caso da
Faelce, levam apenas o que contribuíram. O que a patrocinadora colocou
para eles fica na entidade. “Ainda é cedo para saber, mas essa saída
deve beneficiar a fundação”, estima Padilha.
A fundação também deve abrir, em novembro, a possibilidade de os
participantes migrarem para um plano do tipo contribuição definida, para
diminuir as chances de apresentar déficits no futuro.

PERFIL DA FUNDAÇÃO
A Fundação
Patrocinadora: Coelce
Patrim. (31/08): R$ 190 milhões

Participantes
Ativos: 2.682
Assistidos: 1.318
Auto-patrocinados: 112

Investimentos
Renda fixa: 53%
Renda Variável: 13%
Imóveis: 11%
Emprést. ao participante: 1,5%
Operaç. com patrocinadora: 21%