Edição 43
Não é só a sua cadeira na sala oval da Casa Branca que está ameaçada
Não é só a sua cadeira na sala oval da Casa Branca que está ameaçada.
O presidente americano Bill Clinton poderá perder também uma pensão
anual de US$ 151,8 mil anuais se sofrer impeachment na Câmara e no
Senado, conta uma reportagem da publicação norte-americana Pension &
Investments.
Se ele terminar de cumprir o seu mandato ou renunciar, continuará tendo
direito à bolada anual, que é um benefício pago pelo cargo de presidente,
mas se receber o impeachment ele perderá esse direito. Nesse caso, ao
completar 65 anos ele passará a receber uma pequena aposentadoria
paga pelo Arkansas Public Employee’s Retirement System, o fundo dos
funcionários públicos aposentados do estado de Arkansas, baseado no
salário que tinha como governador do Arkansas.
Segundo o porta-voz do National Taxpayers Union, Peter Sepp, a pensão
estadual que Clinton receberia como ex-governador do Arkansas seria
entre US$ 3.370 e US$ 5.328 anualmente. Essa pensão está assegurada
mesmo que ele seja incriminado judicialmente, em consequência do caso
Monica Lewinsky, explica Sepp.
As coisas, no entanto, podem ser ainda piores. Se, em virtude dos
rumorosos casos do presidente, Hillary Rodham Clinton pedir o divórcio, a
aposentadoria a que Clinton terá direito (como ex-presidente ou como ex-
governador do Arkansas) cairá. Dependendo do Estado em que o divórcio
seja assinado, a aposentadoria poderá ser considerada como propriedade
comunitária, explica Michael McCurley, presidente da Academia Americana
de Advogados Matrimoniais. Segundo ele, muitos processos de divórcio
levam em consideração os ganhos e mesmo o potencial de ganhos de
cada uma das partes, os quais entram na divisão de bens.
Porém, se Hillary Rodham Clinton perdoar o marido, eles poderão ter uma
velhice bastante confortável juntos, gozando da aposentadoria do
presidente e dos rendimentos de aplicações que possuem. De acordo com
os dados provenientes da quebra de sigilo financeiro, feita pelas
autoridades americanas no mês de maio, o casal tem entre US$ 50 mil e
US$ 100 mil em conjunto sob administração discricionária.
Apenas em seu nome, a primeira dama tem cerca de US$ 1 milhão sob
administração discricionária. Tem, ainda, contas-poupança só dela,
avaliadas entre US$ 15 mil e US$ 50 mil no Mercantile Bank of Central
Arkansas, e uma conta corrente no Riggs National Bank, em Washington,
de US$ 1 mil a US$ 15 mil.
O presidente Bill Clinton tem apenas uma apólice de seguro de vida,
avaliada entre US$ 15 mil e US$ 50 mil, da Northwestern Mutual Life
Insurance. Junto com a esposa, possui contas conjuntas no NationsBank,
avaliadas entre US$ 15 mil e US$ 100 mil. A filha do casal, Chelsea, tem
uma poupança de entre US$ 50 mil e US$ 100 mil.
A atual administradora dos recursos discricionários do casal Clinton é a Pell
Rudman Trust Co., de Boston, que faz parte do grupo United Asset
Management Corp. A empresa ganhou o mandato em abril passado,
quando a antiga administradora, Essex Investment Management Co.,
renunciou. Edward Rudman, presidente da Pell Rudman, não quis
comentar o assunto.
Porém, com base nos retornos obtidos pela Essex Investment
Management, apresentados no seu relatório de Avaliação de
Performance, pode-se supor que o patrimônio do casal está crescendo.
Para o ano terminado em 31 de março, a maioria dos fundos da Essex
superou os benchmarks. Na renda variável, os fundos de mid-caps e small-
caps apresentaram rentabilidades anualizadas de 28,2% e 25,7% num
período de três anos, respectivamente, enquanto seus benchmarks (os
índices da Russell) conseguiram 24,9% e 20,4%, respectivamente. As
aplicações em renda fixa também ficaram acima dos índices Salomon
Broad Bond.
O processo na Justiça, entretanto, pode afetar o patrimônio dos Clinton.
As despesas com o processo, estimadas em mais de US$ 5 milhões,
provavelmente vão exceder os ativos do casal. Não está claro ainda, se a
Clinton Legal Expense Trust, uma conta criada para levantar recursos para
custear as despesas legais do presidente, conseguirá arrecadar o
suficiente para cobrir os custos judiciais e de eventuais acordos. Por
enquanto, essa conta já levantou cerca de US$ 2 milhões. O dinheiro que
for arrecadado a mais será devolvido, embora legalmente Clinton seja o
beneficiário dessa conta.
Emprego – O último problema diz respeito às atividades de Bill Clinton ao
deixar a Casa Branca, quer isso aconteça agora (renúncia ou
impeachement) ou ao final do mandato. Com o atual escândalo, Clinton
reduziu as possibilidades de encontrar um lucrativo emprego nas
empresas que costumam contratar ex-presidentes. O ex-presidente
Reagan, por exemplo, passou pela diretoria de mais de duas dúzias de
companhias, após se aposentar.
Para Frederick Wackerle, headhunter de Chicago, enquanto o presidente
não estiver “no mesmo nível de Michael Jordan” (que ganha cerca de US$
40 milhões ao ano), ele poderia reforçar o time de companhias sujeitas a
pesadas pressões legais e regulatórias, como por exemplo as que lidam
com questões ambientais e de telecomunicações. A remuneração paga por
essas empresas fica acima dos US$ 50 mil ao ano, fora os programas de
participação acionária.
Se nenhuma empresa quiser contratar Clinton, ele poderá, no mínimo,
cobrar gordos honorários como consultor, como faz Henri Kissinger,
acrescenta Wackerle.