O aspecto da liquidez não é o mais importante

Edição 42

Na opinião do secretário de Previdência Complementar, Paulo Kliass, não há motivo para “catastrofismo” em relação à queda nas bolsas

Na opinião do secretário de Previdência Complementar, Paulo Kliass, não há motivo para “catastrofismo” em relação à queda nas bolsas. “A crise terá algum reflexo a curto prazo, mas as carteiras das fundações vão se recuperar a longo prazo. Num sistema que trabalha com prazos de 30, 35, 40 anos, o aspecto da liquidez não é o mais importante”, afirma.
O Conselho de Gestão poderá discutir os efeitos da crise em sua próxima reunião ordinária mensal, no dia 15 de setembro, se houver interesse dos participantes, afirma Kliass. Mas isso não está decidido, o assunto teria que ser colocado na pauta. “O Conselho ficou sete meses sem ter uma reunião ordinária, e há muito trabalho acumulado”, diz. A primeira reunião, após esse período, aconteceu no início de agosto.
Segundo ele, o único impacto da crise no que diz respeito à SPC, é que reforça a necessidade de mudança nos critérios de avaliação da carteira de investimentos das fundações, “que hoje reflete apenas uma realidade contábil e burocrática”.
“Uma fundação pode cumprir formalmente os limites de imóveis, renda variável e renda fixa, mas na hora de avaliar a carteira de renda fixa, por exemplo, pode haver desde títulos públicos federais a títulos de empresas com alto nível de risco. O mesmo acontece nas carteiras de renda variável.
Uma pode ter 100% em ‘blue chips’ e outra em ações de 4º e 5º linha”, exemplifica.

Novo modelo – Desde meados do ano passado, a SPC trabalha na criação de um modelo de acompanhamento dos investimentos das fundações, que se baseia na relação risco/retorno dos ativos que compõem cada carteira. Por exemplo, na renda variável, seria calculado o risco/retorno das ações de primeira linha, de segunda linha, dos fundos, em separado (ver Investidor Institucional nº 22). O sistema de informática que possibilitará esse tipo de acompanhamento começará a ser implantado até o final do ano.
A mudança na forma de monitorar a carteira das fundações poderia levar a uma alteração nos limites de investimento, embora não seja esse o objetivo desse trabalho. “Ao se mudar o conjunto do sistema de avaliação, levando em consideração os níveis de risco, os limites poderão até mudar, mas isso não é o principal. A curto prazo, não haverá mudanças”, conclui o secretário.