Redução do patrimônio baixa limite para imóveis

Edição 42

A queda nas bolsas impactou também os negócios imobiliários das
fundações

A queda nas bolsas impactou também os negócios imobiliários das
fundações. Com a redução no patrimônio total, o percentual que as
entidades tinham investido em imóveis aumentou, chegando mais perto
dos limites máximos estabelecidos pela lei. Segundo uma norma da SPC,
as fundações têm que chegar ao final desse ano com no máximo 19% de
seu patrimônio aplicado em imóveis, e ir reduzindo 1% ao ano até chegar
a 15%, em 2003.
De acordo com Marcos Romiti, da Intermart Austin Associados, empresa
de desenvolvimento e administração de shopping centers, muitas
fundações que estudavam investir em imóveis chegaram perto do limite
com a desvalorização das bolsas, e suspenderam qualquer projeto de
novo investimento no setor, por ora. “Com o problema da bolsa, ninguém
quer se arriscar a exceder os limites, já que ninguém sabe até quando a
crise vai durar”, acrescenta.
Segundo ele, um grande fundo de pensão que estava prestes a comprar
uma participação em um shopping center viu seu limite subir de 15% para
18%, e parou os estudos sobre esse investimento. “O mercado para
imóveis já estava meio arisco desde o início do ano, e agora a situação se
agravou”, complementa.
O cenário também ficou mais complicado para as entidades que já
estavam acima do limite e procuravam enquadrar-se. A Fusesc (Besc), por
exemplo, estava com 22% de seu patrimônio aplicado em imóveis até
julho, e agora deve estar com cerca de 24%, estima o presidente da
entidade, Vânio Boeing.
Ele conta que a fundação está com duas vendas de imóveis em
andamento, com as quais se enquadraria nos 19% exigidos para o final
do ano. “Por enquanto, as negociações estão caminhando normalmente, e
esperamos concluir uma até o final de setembro, e outra em novembro”,
pondera.
Entretanto, Boeing acredita que as bolsas podem sair da crise depois das
eleições. “O mercado acha que o presidente Fernando Henrique Cardoso,
uma vez reeleito, vai anunciar um pacote fiscal, para resgatar a confiança
dos investidores no país”, analisa.
Para Paulo Ferreira, presidente da Escelsos (Escelsa), a crise deve trazer
boas oportunidades de investimento em imóveis, algumas das quais a
fundação pretende aproveitar. “Estávamos estudando alguns projetos, e
com a queda das bolsas, achamos que poderá haver redução dos preços”,
diz. A Escelsos tem, hoje, menos de 3% em investimentos imobiliários.
Até julho, o patrimônio da fundação estava em cerca de R$ 100 milhões.