Crescimento de 27% na captação do primeiro semestre do ano

Edição 41

Mesmo com a diminuição do debate em torno da Reforma da Previdência,
que ocupou grande espaço nas manchetes da imprensa no ano passado,
o setor de entidades abertas não parou de crescer neste primeiro
semestre de 98

Mesmo com a diminuição do debate em torno da Reforma da Previdência,
que ocupou grande espaço nas manchetes da imprensa no ano passado,
o setor de entidades abertas não parou de crescer neste primeiro
semestre de 98. A previdência privada aberta continua se expandindo a
passos largos no Brasil tanto em termos de aumento de receita como de
patrimônio.
Os dados do faturamento do primeiro semestre deste ano representam
um acréscimo de 27% em relação ao mesmo período de 97. Nos últimos
seis meses a carteira de investimentos das entidades saltaram de R$ 6,1
bilhões para quase R$ 7 bilhões. “Mesmo com as atenções voltadas para
a Copa do Mundo e agora com a chegada do período de eleições, a
procura por planos complementares de aposentadoria continuam em alta”,
ilustra Fuad Jorge Noman, vice-presidente da Associação Nacional de
Previdência Privada e diretor presidente da Brasilprev.
O dirigente acredita que o ritmo de crescimento do setor deve continuar
em patamares elevados porque existe um contingente de
aproximadamente oito milhões de assalariados – citando dados da
consultoria McKinsey – que têm condições e necessidade de adquirir um
plano de previdência. São empregados que ganham mais de dez salários
mínimos e que não poderão contar com a cobertura do nível salarial se
dependerem apenas da Previdência Social.
Outro fator que contribui para manter o nível percentual elevado de
crescimento das carteiras das entidades abertas é que os cálculos, por
enquanto, estão sendo feitos sobre uma base patrimonial ainda pequena,
de R$ 7 bilhões. Em termos comparativos, a previdência aberta apresenta
um nível de expansão da carteira de investimentos bastante superior ao
dos fundos fechados de pensão, por exemplo, porque estes já acumulam
um patrimônio muito maior, que se encontra hoje na casa dos R$ 90
bilhões.
A expansão das entidades abertas é um fenômeno bastante recente, que
começou a se acentuar um pouco antes do início do Plano Real em 1994
(ver quadro na página seguinte). Até então, a instabilidade da economia
brasileira e a falta de cultura previdenciária da população ainda travavam
o desenvolvimento do setor. Aliado a esses fatores, as altas taxas de
administração e a pequena diversidade de produtos oferecidos pelas
entidades não encorajavam a entrada de novos participantes.
As três entidades abertas que mais cresceram nesta primeira metade do
ano foram a Itauprev, a Realprev e a Brasilprev (Banco do Brasil), nesta
ordem. Nenhuma das três ainda ameaça a primeira posição disparada do
ranking, que é da Bradesco Previdência há vários anos, com uma carteira
de investimentos de R$ 3,7 bilhões, equivalente a mais da metade do
patrimônio de todo o setor. Em segundo lugar vem a Prever, com uma
carteira de R$ 727 milhões e forte concentração em planos empresariais.
A Prever prepara-se para tentar fortalecer sua participação no mercado
com a entrada no início do mês de agosto dos novos controladores, a
American International Group (AIG) e a Unibanco Seguros.

Segunda posição – Logo em seguida, e brigando pela segunda posição,
encontra-se a Brasilprev, com ativos de R$ 558 milhões e um crescimento
de 25% no primeiro semestre de 98. A Realprev também vem crescendo
sob um forte ritmo de captação de recursos. Desde dezembro passado até
o fechamento dos dados do final de junho, a entidade aumentou a
carteira em 28%, passando de R$ 80 milhões para R$ 103 milhões.
A expansão mais significativa, entretanto, ficou mesmo por conta da
Itauprev, cujo volume de recursos administrados saltou de R$ 191 milhões
para R$ 258 milhões durante o semestre, o que representou um
acréscimo de 35%. O faturamento da entidade do grupo Itaú cresceu cerca
de 100% na primeira metade desse ano em comparação ao mesmo
período de 97.
Os três maiores destaques de crescimento alcançaram resultados
satisfatórios graças a uma forte atuação nas vendas de varejo. Neste
sentido, as grandes redes de distribuição de produtos ligadas a essas
entidades representam uma ferramenta essencial para o aumento do
número de planos negociados. “A Brasilprev teve um significativo aumento
do número de participantes dos planos individuais nos últimos 12 meses o
que permitiu uma expansão de nosso patrimônio em mais de 50%”,
informa Fuad Noman, da Brasilprev.

PGBL – A maior novidade do setor de previdência aberta, que foi
amplamente debatida entre as empresas nos últimos meses, é a entrada
no mercado do Plano Gerador de Benefício Livre – PGBL. Algumas
entidades partiram na frente para lançar o novo produto, mas a maioria
ainda espera para avaliar a recepção entre os clientes potenciais de
planos de previdência.
A Itauprev, a Realprev e o AGF Vida e Previdência foram as três primeiras
empresas a lançar o PGBL no mercado, contudo ainda sem um grande
esforço de divulgação. O produto possui um nível maior de complexidade
em relação aos planos tradicionais de previdência que trabalham com uma
garantia mínima de rentabilidade e repasse parcial do excedente. O PGBL
não oferece garantia mínima, mas em compensação, repassa 100% dos
rendimentos ao fundo de investimentos ao qual está vinculado.
Neste tipo de plano, o participante pode escolher entre três ou quatro
perfis de risco de investimento que variam de acordo à concentração da
renda fixa e variável do fundo, ao contrário dos planos abertos
tradicionais, que não dão essa opção. “Muitas empresas devem optar pelo
PGBL para implementar o plano de benefícios”, diz Osvaldo do
Nascimento, diretor da Itauprev.

Novos planos – A AGF Vida e Previdência no mês de agosto quatro tipos de
planos previdenciários voltados para empresas, sendo um deles de renda
fixa e os outros três compostos, classificados de acordo à concentração de
renda variável. “Estamos negociando com um grupo de 10 empresas que
estão interessadas em saber as vantagens do PGBL”, revela Geraldo
Magela, diretor da área de previdência da AGF.