Clientes cada vez mais caros

Edição 4

As empresas de gerenciamento financeiro terão de gastar mais e procurar
em mais lugares por novos ativos e clientes

As empresas de gerenciamento financeiro terão de gastar mais e procurar
em mais lugares por novos ativos e clientes, de acordo com um relatório
sobre o setor, feito pela empresa de consultoria financeira Investment
Counseling Inc., de West Conbohocken, na Pensilvânia. O estudo traça
um cenário de boas e más novas para o segmento.
As boas novas: a rentabilidade ainda está boa, a compensação gerencial
está em alta e os títulos de propriedade estão sendo distribuídos para
mais funcionários do que antes. As más novas?
Compensações maiores e um aumento do investimento em infraestrutura
elevarão a pressão sobre as margens das empresas e exigirão maior
produtividade e crescimento para competir em um mercado cada vez mais
complexo.
A maré alta dos mercados financeiros carregou vários barcos – inclusive
alguns que encalharão mais tarde, de acordo com o sexto relatório anual
Business, Financial and Compensation Analysis, da Investment
Counseling. Algumas empresas estão indo de carona graças ao
crescimento dos ativos, que pode somente ser explicado em parte pela
entrada de novos negócios, de acordo com o relatório que analisou uma
amostra de empresas com uma média de US$ 16,8 bilhões em ativos e
uma base média de ativos de US$ 4,6 bilhões.
O estudo cobriu 71 empresas, desde pequenas a grandes companhias
como a J.P. Morgan Investment Management, PNC Asset Management Co.
e Zurich Kemper Investment Management Co. Essas empresas eram, na
maioria, orien-tadas para atender instituições, mas mostraram uma
tendência surpreendente e crescente para o varejo, observou Chas
Burkhart, presidente da Investment Counseling.
As empresas pesquisadas aumentaram seus ativos em uma média de
31% entre 1994 e 1995, com uma taxa composta média anualizada de
25% para o período de 1992 a 1995. A média anualizada de crescimento
do Índice 500 da Standard & Poor foi de 15,3% para o mesmo período, ao
passo que o Lehman Brothers Government/Corporate Bond Index cresceu
8% e as letras do Tesouro Americano subiram 4,1%.
A receita cresceu 21% em média de 1994 a 1995, e as despesas médias
evoluíram 15%, o que resultou em uma margem de lucro de 31%
em1995, e uma média de aumento do lucro de 25% em relação a 1994.
Mas o setor de gerenciamento financeiro parece ter absorvido as boas
novas deste ano e concluído que os bons tempos não vão durar para
sempre.As empresas estudadas projetaram um crescimento de 11% tanto
em ativos quanto em receita para 1996 e crescimento de 10,5% dos
ativos e 12% das receitas em 1997, enquanto esperam um crescimento
de 5% do pessoal em ambos os anos.
O crescimento vai ser essencial para muitas empresas, quando elas
começarem lutar mais por uma fatia em um mercado em maturação,
observa o estudo. O tamanho dos ativos não é apenas o que faz o
sucesso – o crescimento contínuo é, de acordo com a análise do
Investment Counseling. Para acompanhar os mercados financeiros, as
empresas precisarão crescer a uma taxa anual composta de 10% a 15%
para cada período de 3 anos e continuar com tal impulso. Aqueles que
apresentarem um crescimento fixo ou negativo estarão em perigo.
O tamanho por si só é “geralmente uma determinante sem valor do
sucesso”, a menos que seja considerado no contexto dos ativos da
empresa e da orientação do mercado, disse o sr. Burkhart. “Há medidas
diferentes de crescimento e de perspectivas para empresas em todos os
níveis de negócios”, disse. “Não acreditamos nesse paradigma de um
nicho abaixo de US$5 bilhões, os líderes mundiais de US$ 150 bilhões e
todo mundo no meio disso sofre por causa do tamanho. O setor tem sido
muito limitado e rígido ao determinar as medidas de sucesso”, afirmou.
A consolidação do setor pode estar exagerada, mas a importância cada
vez maior de segmentos mais populares exigem escala, e os
administradores precisam desenvolver “reconhecimento de marca” para
competir em tais mercados, de acordo com o estudo. Mencionando uma
recente matéria de capa da revista Time, sobre a Fidelity Investment, o
relatório afirmou que a importância da identidade de marca tende a
aumentar.
O relatório observa que mesmo entre os maiorais e os aspirantes nos
mercados tradicionais de instituições e clientes privados, a marca vai se
tornar um fator importante. “A revista Time trata a Fidelity como trataria
qualquer outra marca, tal como IBM ou Coca-Cola. Imagem e marca estão
se tornando essenciais em todos os segmentos do setor de administração
de recursos”, declarou o relatório.
Ao passo que as distinções entre os segmentos institucional e de varejo
continuam a se mesclar – cortesia do crescimento do mercado de
contribuição definida – e os novos canais intermediários, tais como
planejadores financeiros, continuam a se desenvolver, as empresas estão
embarcando em estratégias para atrair ativos de múltiplos canais de
distribuição. O estudo descobriu que 63% das empresas recolhem ativos
de mais de um canal, sendo que a maioria dos outros concentram-se no
mercado institucional.
As companhias vão precisar se concentrar em ativos e receita crescentes,
enquanto mantém produtividade, desenvolvem capacidade de
gerenciamento e mantém a lucratividade geral, observa o relatório. O
sucesso será determinado por uma combinação entre performance de
investimento, capacidade de mar-keting e distribuição, produtos, o meio-
ambiente do mercado, capacidade para construir uma identificação de
marca, estruturas de salários e infraestrutura.
“Achamos uma falácia que seja necessário aspirar a um megamodelo
global ou uma empresa muito pequena. É mais apropriado pensar em
como se vai competir englobando todas essas determinantes”, disse
Burkhart. Os três principais ingredientes da lucratividade futura serão a
construção da marca, salários competitivos e infraestrutura, avalia o
relatório. Até recentemente, os custos com marca e infraestrutura eram
mínimos, mas esta tendência não vai continuar, segundo conclusões do
estudo.
Os custos crescentes, associados ao marketing e distribuição,
principalmente em novos segmentos de mercado dirigidos por investidores
individuais, mudarão o perfil do lucro nas empresas. Entre as descobertas
do estudo estão: a competição por talentos está elevando os salários do
pessoal de investimento, o que, por sua vez, fará pressão nas margens
quando o mercado parar de crescer. Com a procura e contratação de
funcionários por outras empresas aumentando, as empresas estão sendo
forçadas a distribuir lucros e aumentar os salários para os melhores
jogadores.
Os salários ainda são o maior gasto, sendo responsáveis por 63% das
despesas, apesar de que os gastos gerais e administrativos – incluindo
custos de distribuição – estão subindo um pouco.A média anual total dos
salários em dinheiro varia de US$1,43 milhão para executivos e US$ 719
mil para diretores de investimento a US$220 mil para profissionais de
marketing e vendas e US$ 279 mil para gerentes de marketing e vendas.
A maioria das empresas ainda estão baseando os salários na média do
setor, sem levar em consideração o planejamento econômico e de longo
prazo, conclui o relatório. Apesar de o cenário estar mudando aos poucos,
o estudo observa que muitas empresas definiram os salários no que
chamou de um método “revólver na cabeça”, onde o lado com o controle
faz todas as exigências, o que resulta em um alto nível de rotatividade de
pessoal. “Estamos surpresos com o número de empresas de reputação
que operam com uma base subjetiva”, disse o sr. Burkhardt.
Em muitas empresas, o funcionário talentoso não sabe como os
administradores decidem o nível salarial, o que cria situações antagônicas
que fazem com que as pessoas saiam, procurando por compensações
maiores. O estudo também descobriu que as empresas estão realocando
incentivos em dinheiro e lucros que oferecem para segurar os funcionários,
sob pressão da nova geração de gerentes que está exigindo sociedade e
maio-res pagamentos por resultados. As empresas precisam oferecer
sociedade a um grupo crescente de profissionais-chave.
As empresas estão colocando cada vez mais ênfase nas atividades de
marketing e distribuição, apesar de que a contagem de funcionários nesta
área, ao que parece, ter diminuido. A procentagem média de funcionários
de marketing e vendas, como porção do total da empresa, caiu para
14,4%, de 18,2% de dois anos atrás, de acordo com o relatório. No
entanto, parece que eles estão colocando mais pessoal em áreas
relacionadas, tais como serviços de acionistas de fundos mútuos, apoio de
mar-keting e atendimento ao cliente. Ao mesmo tempo estão
aumentando os investimentos em atividades para construção de marca,
como propaganda.
Segundo o relatório, as empresas estão sendo bem remuneradas pelo
dinheiro empregado. O estudo descobriu que as empresas que têm as
maiores margens de lucro também têm o melhor índice de produção de
novos ativos por vendedor. Empresas com margens de lucros superiores a
40% tiveram uma média de US$142 milhões em novas contas geradas
por cada profissional de marketing em 1995, enquanto empresas com
margens inferiores a 10% tiveram um índice médio de US$22 milhões por
funcionário de marketing.
A tecnologia está tendo impacto, não apenas nas operações internas e de
distribuição, mas também na identificação de marca. De acordo com o
estudo, 70% das empresas disseram que planejam gastar mais em
tecnologia nos próximos três anos, com 84% destas despesas voltadas
para o lançamento de sites na Internet. Segundo o estudo, 35% das
empresas já têm sites na Web.