Edição 39
O envelhecimento da população dos Estados Unidos, consequência do
número cada vez menor de nascimentos, deve causar problemas para
investidores, fundos de pensão e para a seguridade social daquele país
O envelhecimento da população dos Estados Unidos, consequência do
número cada vez menor de nascimentos, deve causar problemas para
investidores, fundos de pensão e para a seguridade social daquele país. A
análise é do economista-chefe da empresa Donaldson, Lufkin & Jenrette
Securities, Richard F. Hokenson.
Segundo ele, a inflação e as taxas de juros internacionais vão cair a níveis
nunca vistos desde os anos 50, mas essa é uma das poucas boas
notícias. Do outro lado, o mercado financeiro começará a viver num
ambiente de baixos retornos, principalmente por causa da redução do
consumo de bens domésticos e de outras produtos de consumo.
Como consequência, os ganhos das bolsas serão menores do que os
investidores gostariam, e as baixas taxas de juros vão complicar a vida
dos fundos de pensão, inclusive porque haverá menos jovens para
sustentar a seguridade social se o atual esquema for mantido. “A
Seguridade Social não pode sobreviver nesse cenário”, diz.
Japão – Hokenson cita o exemplo do Japão, para ilustrar o que deve
começar a acontecer nos próximos anos. Lá, o processo de
envelhecimento populacional está 30 anos à frente dos EUA, explicou ele
em reportagem publicada na Pension & Investment. A demanda por bens
de consumo, nos quais os japoneses se especializaram, é baixa, assim
como as taxas de juros e o retorno das bolsas. Os EUA poderão ir para o
mesmo caminho, com o número de pessoas com idade entre 20 e 29
anos caindo rapidamente.
Entretanto, os americanos mais velhos vão impulsionar um forte ciclo de
poupança. Por isso, o economista espera expansão na área de serviços
financeiros. Com inflação e retornos baixos, a tecnologia financeira será
cada vez mais demandada. “Esse continuará sendo o nosso negócio”,
acrescenta Hokenson.
Mas no Japão, que não tem uma cultura financeira, a situação é outra. Os
bancos japoneses estão descapitalizados, as empresas não emprestam e
não gastam, e as pessoas não fazem empréstimos para consumir. “O
conceito de risco não existe no Japão”, analisa Marvin Zonis, consultor
internacional da Zonis + Associates, e professor da Universidade de
Chicago, referindo-se à concessão de crédito naquele país.
No Japão, a venda de cofres para residências está em plena expansão lá,
porque as pessoas se sentem mais seguras guardando seu dinheiro em
casa do que colocando em bancos ou no mercado de capitais, observa o
economista. Segundo Zonis, o Japão precisa de uma ação forte para
resolver o problema, mas essa não virá dos governantes que estão agora
no poder. “O risco político no Japão continua alto”.
O economista também analisou a situação da Rússia. De acordo com ele,
o futuro do país depende da saúde do presidente Boris Yeltsin, já que na
Rússia “não existem outras estruturas além do próprio presidente”.
Mas o comportamento recente de Yeltsin, e a reforma que fez em seu
gabinete, não estão apontando para um caminho positivo, como alguns
têm interpretado, opina Zonis. “O presidente Yeltsin perdeu a cabeça”.