Edição 36
A retomada dos investimentos das fundações em FIFs deve ser lenta,
apesar da mudança nas regras de tributação, anunciadas pelo secretário
da Receita Federal, Everardo Maciel, no final de maio
A retomada dos investimentos das fundações em FIFs deve ser lenta,
apesar da mudança nas regras de tributação, anunciadas pelo secretário
da Receita Federal, Everardo Maciel, no final de maio. Pelas novas regras,
que devem ser publicadas em 12 de junho, o IR volta a incidir sobre o
cotista e não mais sobre o fundo, o que garante a imunidade das
fundações.
Mesmo assim, o dinheiro deve demorar um pouco para voltar aos FIF.
Primeiro, porque uma parte do que foi sacado desses fundos para evitar a
cobrança do imposto, está investida em papéis de renda fixa com prazos
de vencimento de 180 a 360 dias. “O mercado ainda não tem idéia do
percentual de recursos que saíram da indústria e migrou para aplicações
de longo prazo”, comenta Júlio César Arman, diretor de institucionais do
Fonte-Cindam.
Em segundo lugar, porque os altos juros pagos por esses papéis ainda
são mais atraentes do que a rentabilidade oferecida pelos fundos, na
opinião dos especialistas de muitas entidades.
Para José Domingos, diretor financeiro da Forluz, da Cemig, os fundos
começarão a ser interessantes quando as taxas de juros ficarem abaixo
dos 25%. Até lá, a fundação deve continuar comprando CDBs por conta
própria.
A Forluz sacou mais de R$ 400 milhões dos seus FIFs. “Praticamente,
zeramos nossas posições em fundos”, complementa. A maior parte do
dinheiro foi para a compra de CDBs longos, com prazos entre seis meses
e um ano, que começam vencer a partir de outubro.
A estratégia da fundação Real Grandeza, de Furnas, deverá ser a mesma
da Forluz. “Se as taxas de juros estiverem acima de um determinado
patamar, vamos investir em papéis. Se não, poderemos investir em
fundos. Será uma decisão do dia a dia”, diz Benito Siciliano, gerente de
análise. Desde a crise da Ásia, a fundação estava reduzindo sua
participação em FIFs. Eles chegaram a representar quase 100% da carteira
de renda fixa, e hoje representam 40% de uma carteira de renda fixa de
cerca de R$ 840 milhões. O resto está investido em títulos pré-fixados.
Outro empecilho para a retomada dos investimentos em fundos de renda
fixa é que as fundações ainda têm dúvidas sobre o teor das mudanças na
cobrança do IR. Para elas, não está claro que o IR voltará a incidir apenas
sobre o cotista, o que as deixa imunes ao imposto. “Não está nada claro,
por enquanto,” opina Silvio de Assis, gerente de investimentos da Fapes.
Benito Siciliano compartilha da opinião. “Vamos esperar a publicação das
novas regras para ver como ficará a tributação”, complementa.
Bancos – Os bancos já sentiram essa desconfiança. Para o diretor geral do
ING Investment Management, Ricardo Leonardos, “os investimentos ainda
não voltaram, as fundações estão esperando a publicação das novas
regras antes de tomar qualquer decisão”. O diretor da BCN Alliance, José
Roberto Pitta, concorda. “Os fundos querem primeiro conhecer as novas
regras antes de trazerem de volta os recursos aos FIFs.
As mudanças foram anunciadas pelo Secretário da Receita Federal,
Everardo Maciel, em entrevista coletiva à imprensa, no final de maio, mas
só devem ser publicadas no dia 12 de junho.