Eletros cria divisão para fazer gestão de risco

Edição 32

Seguindo uma tendência do mercado em 97, de prestar mais atenção aos
riscos das aplicações financeiras, a fundação Eletros, da Eletrobrás, criou
um departamento voltado só para esse objetivo

Seguindo uma tendência do mercado em 97, de prestar mais atenção aos
riscos das aplicações financeiras, a fundação Eletros, da Eletrobrás, criou
um departamento voltado só para esse objetivo. O trabalho que está
sendo desenvolvido na fundação desde janeiro, é uma adaptação de
técnicas modernas de gestão de risco às necessidades da fundação.
Essas técnicas permitem quantificar qual é o máximo de perdas que o
investidor pode ter em sua carteira. No caso da Eletros, essa medida é a
possibilidade da fundação apresentar déficit, explica Jair Ribeiro, que é o
responsável pelo novo departamento.
De acordo com ele, o trabalho dos três profissionais que compõem a área
consiste em acompanhar, diariamente, a volatilidade dos ativos da
fundação e traçar cenários de como o mercado deve se comportar, mês a
mês. “Acompanhamos o risco do mercado e fazemos uma simulação para
o mês seguinte”, acrescenta.
No início de fevereiro, por exemplo, a possibilidade da Eletros vir a ter
déficit no final do mês era de 33%. Na prática, isso significa que, naquele
mês, a fundação tinha 33% de possibilidade de perder o superávit
acumulado de R$ 6 milhões e “entrar em posição de déficit”.
Entretanto, isso não significa que a fundação estivesse muito exposta ao
risco. Desde janeiro, não houve mudanças na composição da carteira, que
tem 24% do patrimônio em renda variável, contra 47% em renda fixa. “A
volatilidade da bolsa estava muito alta, e os preços em baixa”, explica
Ribeiro. Mas as bolsas começaram a se recuperar e a fundação chegou, ao
final de fevereiro, com superávit de R$ 9 milhões.
Com esse cenário era mais otimista, devido à perspectiva de recuperação
das bolsas e da redução da volatilidade, e também dos números da
fundação, a possibilidade de déficit calculada no início de março, para o
final do mês, era apenas de 4%.
O trabalho do departamento de risco da Eletros, entretanto, ainda não
gerou nenhuma mudança na estratégia de investimento da Eletros. Mas a
futuro, segundo Ribeiro, o objetivo é que ele se torne uma ferramenta
para a tomada de decisão de investimentos.
Outra consequência desse acompanhamento está sendo o estudo de
quais os melhores mecanismos de proteção da carteira. Até o ano
passado, a Eletros, assim como outras fundações, fazia hedge com
opções de compra da Telebrás. Para realizar essa operação, a fundação
tinha que vender as ações à vista e, então comprar as opções.
Mas, segundo o estudo, uma alternativa mais interessante seria o hedge
com opções de venda. “Com as opções de venda, não é necessário
vender as ações. Se o mercado sobe, ficamos com as ações, se cai, temos
a opção”, explica.
A possibilidade de usar derivativos para proteção de carteira também está
sendo analisada no estudo. Mas, segundo Ribeiro, “o nosso mercado
ainda é muito restrito, não oferece derivativos para fundo de pensão”.