Edição 31
Baseado em uma estratégia fundamentalista, o banco Itaú tem
conseguido ótimas performances para seus clientes
Baseado em uma estratégia fundamentalista, o banco Itaú tem
conseguido ótimas performances para seus clientes. De acordo com um
levantamento feito pelo banco, que analisou 43 carteiras nas quais divide
a administração com outros gestores, seu desempenho médio foi de
79,25% nos últimos dois anos, contra 68,01% dos outros gestores. “Em
80% dos casos analisados, nossa performance foi superior à dos outros
gestores”, afirma Alfredo Egydio Setubal, vice-presidente do banco.
O Itaú, assim como os fundos de pensão, estão cada vez mais atentos à
rentabilidade das carteiras. “Nós comparamos mês a mês o desempenho
dos nossos gestores, e o Itaú não apresentou grandes oscilações em 97.
Foi o melhor gestor em sua categoria, cuja meta era perseguir o IBA, em
comparação com outros dois gestores”, diz Marcelo Mancini, gerente de
investimentos da fundação IBM.
Das 60 carteiras que administra junto com outros gestores, o Itaú analisou
apenas as 43 que contam com mais de dois anos. “A consistência da
gestão de recursos só pode ser medida a longo prazo, por isso não
comparamos as carteiras com menos de dois anos”, explica Setubal.
Entre as 17 carteiras que não foram analisadas, 14 têm menos de dois
anos, duas têm benchmarks diferentes e uma tem o Itaú como único
administrador, não permitindo comparações.
Para o vice-presidente do Itaú, o banco adotou a estratégia
fundamentalista na escolha das ações que compõem suas carteiras. No
início de 96, avaliando que o cenário das privatizações e a estabilidade
econômica dariam um forte impulso às bolsas, o banco decidiu apostar
em ações de empresas do setor elétrico e de telecomunicações, não só as
privatizáveis mas também as prestadoras de serviço.
“Apostamos muito no crescimento das bolsas. Mesmo quando outros
administradores diziam que o mercado estava caro, nós comprávamos,
porque não víamos só o preço, e sim se as ações tinham fundamento”,
conta Oscar Audino, superintendente de institucionais do banco.
O resultado dessa aposta foi a superação do Ibovespa, tanto em 96 como
em 97. “Embora não fosse esse o nosso objetivo principal, batemos o
Ibovespa nos dois anos”, diz Audino.
Mas, após os primeiros sinais da crise asiática, em julho do ano passado,
o banco reverteu a posição, direcionando novos recursos para aplicações
em renda fixa. Em alguns casos, chegou mesmo a vender posições em
ações e mudar para a renda fixa. “Em algumas carteiras, de clientes que
estavam muito concentrados em ações, vendemos posições porque o
cenário era instável”, explica Alfredo Setubal.
Quando a crise ficou mais braba, no final de outubro, boa parte dos
recursos das carteiras já estava aplicado em renda fixa, com hedge em
CDI. As ações de empresas do setor de telecomunicações, que chegaram
a representar até 70% dos investimentos em renda variável, desceram
para 45%.
Hoje, a leitura do mercado acionário, feita pelo Itaú, é outra. “A calmaria
na Ásia não é consistente. Por que correr o risco da bolsa com a renda fixa
nos níveis em que está?” pergunta Setubal. Segundo ele, desde fevereiro
último que o Itaú está vendendo ações das carteiras, investindo em renda
fixa.
O banco também não tem utilizado derivativos para elevar a rentabilidade
das carteiras, somente para hedge, garante Setubal. Segundo ele, no
começo de 97 foram feitas algumas experiências com derivativos, mas
não deram o resultado esperado, e foram interrompidas. “Não tínhamos a
estrutura de controle de risco que temos hoje”.
No ano passado, o Itaú criou uma área de compliance e controle de risco,
na qual trabalham as 5 pessoas encarrregadas de fazer a sintonia fina
dos 40 profissionais da área de administração de ativos com a clássica
estratégia fundamentalista, que o Itaú faz questão de seguir à risca.
Segundo Setubal, isso não faz do Itaú um banco conservador. “Essa
palavra ganhou um sentido pejorativo no Brasil. Somos um banco técnico,
fundamentalista, e isso faz sentido no longo prazo”, afirma.
O Itaú é o terceiro maior administrador de ativos do País, segundo o
ranking de Investidor Institucional, com R$ 15 bilhões no final do ano
passado.