IBM substitui carteiras ativas por indexadas

Edição 30

A fundação IBM deve redirecionar sua estratégia de investimentos neste
ano, transformando parte de suas carteiras administradas de renda
variável em carteiras indexadas ao Ibovespa

A fundação IBM deve redirecionar sua estratégia de investimentos neste
ano, transformando parte de suas carteiras administradas de renda
variável em carteiras indexadas ao Ibovespa. A fundação, que possui
atualmente cerca de US$ 200 milhões em carteiras administradas, ainda
não definiu quanto desse total será transformado em carteiras indexadas.
Um estudo que a fundação encomendou, em meados do ano passado,
para a Barra (empresa de modelagem de investimentos), mostrou que
suas carteiras de administração ativa acabaram apresentando, ao longo
do tempo, a mesma rentabilidade das carteiras indexadas. “Percebemos
que, muitas vezes, uma carteira ativa não agrega valor. A longo prazo,
verificamos que faz mais sentido ter carteiras que busquem acompanhar
determinados índices ao invés de ficar girando e chegar ao mesmo
resultado”, diz o superintendente da Fundação IBM, Geraldo Garcia.
A fundação IBM tem cinco administradores de recursos. Dois deles, o
banco Bozano Simonsen e o Chase, tinham como objetivo superar o
Ibovespa. Os outros três, Unibanco, Itaú e CCF, deveriam ultrapassar o
IBA.
O estudo feito pela Barra analisou os resultados dessas carteiras num
período compreendido entre junho de 94 e outubro de 97. Sua conclusão
foi que, para metade desses recursos, a rentabilidade obtida foi igual aos
índices do mercado no mesmo período. “Metade das carteiras não
agregou valor em relação ao benchmark”, diz Marcelo Mancini, analista de
investimentos da fundação.

Excesso de risco – Segundo ele, para conseguirem ultrapassar, em
determinados momentos, os seus benchmark, as carteiras tiveram que
ficar expostas a um risco excessivo em relação ao retorno. As estratégias
preferidas pelos administradores, nesses momentos, têm sido de
concentrar recursos em ações que compõem seus benchmark, mas em
percentuais acima deles.
“Por exemplo, se o índice tem 30% de uma ação, os administradores
colocam 40%”, explica Mancini. Como as ações do setor de eletricidade e
telecomunicações eram as vedetes do ano passado, a IBM acabou com
uma concentração muito forte desses papéis em carteira. Mas como eles
subiram bastante, a empresa ganhou. Mas poderia ter perdido. “Quando a
alta é forte, a queda também é”, afirma Mancini.
Com a transformação de parte de suas carteiras ativas em carteiras
indexadas, as taxas que a fundação IBM paga aos seus gestores deve
cair, já que eles têm menos trabalho para administrá-las. Segundo
Mancini, nos Estados Unidos, a taxa cobrada por uma carteira indexada é
a metade da taxa da carteira ativa. “Nós vamos negociar com os
administradores para pagar a metade”, complementa. A fundação,
atualmente, só paga taxas fixas, sem performance.
O estudo da Barra recomenda que sejam transformadas em indexadas as
carteiras que têm como meta ultrapassar o Ibovespa. “Bater o IBA é mais
fácil do que o Ibovespa. Por isso, a idéia seria manter o benchmark de
superar o IBA e perseguir o Ibovespa com uma carteira passiva”. Outra
sugestão da consultoria é de, no futuro, substituir o IBA pelo IBX, que
considera melhor.

Seleções – A análise da Barra baseou-se em dois critérios que medem a
capacidade técnica dos administradores. Através da evolução da carteira,
avaliou se o administrador conseguiu selecionar os melhores ativos (índice
alfa da carteira), e se comprou e vendeu os ativos no momento certo.
Essa capacidade foi quantificada em dois índices: “information ratio”
e “benchmarket timing”. “O information ratio é uma versão mais apurada
do índice de sharpe ao medir a relação risco/retorno”, explica Mancini.
O estudo da Barra também comparou o desempenho da carteira da IBM
com o índice Morgan Stanley CI – Brasil. “Como é uma fundação de uma
multinacional, fizemos essa comparação para melhorar nosso relatório à
matriz. Lá fora, é difícil comparar através do Ibovespa e do IBA”, conclui.