Edição 25
A Eletros está utilizando uma metodologia conhecida como modelo
dinâmico de solvência para avaliar os seus investimentos
A Eletros está utilizando uma metodologia conhecida como modelo
dinâmico de solvência para avaliar os seus investimentos, que permite
casá-los com os seus compromissos de longo prazo. Implantando há
cerca de um ano, o modelo antecipa a necessidade de recursos que a
fundação terá durante os próximos 52 anos, data estimada para o
pagamento do último benefício de pensão por morte, segundo o atuário
da fundação, Sérgio Tinoco.
O modelo apontou, por exemplo, que a fundação precisa vender os seus
imóveis entre os anos 2.004 e 2.014. “Vamos ter muitas pessoas se
aposentando a partir desse período”, garante ele. Segundo Tinoco, como
a idade média dos participantes é de 45 anos e contratações da
patrocinadora estão suspensas desde 91, daqui a 10 anos a fundação terá
basicamente saídas de caixa e quase nada de entradas.
A partir dessa visão das necessidades de longo prazo, a equipe de
investimento pode alocar os recursos da forma mais rentável possível para
garantir os compromissos do futuro, já que o plano é de benefício
definido.Uma das medidas tomadas, por exemplo, foi a redução do
percentual da fundação em bolsa a partir de julho último, de cerca de 33%
para 27,65%, quando começaram os primeiros sinais de volatilidade.
“Hoje, o Eletros já é uma fundação madura, cujo pagamento de benefícios
supera as novas contribuições. Chegamos a conclusão de que não
precisávamos correr tanto risco”, conta Luís Guilherme, chefe da área de
investimentos do fundo. Para este ano, a expectativa era de um ganho
real de 25% com a renda variável, e até agora a carteira acumula 31%.
Doze mil cenários – Para poder tomar esse tipo de decisão são utilizados
parâmetros de comportamento dos ativos, obtidos através das simulações
que o modelo permite fazer. “Traçamos 400 cenários pra cada composição
possível da carteira, e chegamos a 12 mil cenários no total”, conta Luís
Guilherme.
Esses cenários levaram em consideração 30 possibilidades diferentes
entre a renda fixa e a variável, tomando como base a posição atual da
carteira, que tem hoje 41,63% em renda fixa e 27,65% em ações.
Segundo ele, “fomos diminuindo 1% de renda variável, e acrescentando
na renda fixa, e então chegamos a 30 possibilidades diferentes”.
No cenário extremo, que alocou apenas 0,65% em renda variável e 68,63
em renda fixa, a Eletros teria ainda em caixa, em seu último dia de vida,
R$ 279 milhões, com um desvio de R$ 155 milhões e mais ou a
mesmo. “Nós pegamos todos os cenários e estressamos até chegar a um
desvio e um valor médio”, explica Luís Guilherme.
Para alcançar esse valor, as simulações para renda fixa e variável foram
feitas com base nos próximos 4 anos, e para o período posterior, até
alcançar os 52 anos de vida da fundação, foi aplicada a correção atuarial,
de 6% ao ano mais um indexador. “A cada ano nós atualizamos os
cálculos para os próximos quatro anos, e assim sucessivamente”.
Esse índice também é utilizado para calcular a rentabilidade dos outros
ativos, como imóveis, empréstimo aos participantes e operações com a
patrocinadora, que sofrem menos variações. “O empréstimo ao
participante e as operações com a patrocinadora tem contratos que
garantem o mínimo atuarial”, conta Sérgio Tinoco”.
O modelo da Eletros é um adaptação às condições brasileiras do que é
utilizado pelo departamento de atuaria do Reino Unido, que exige sua
aplicação pelas entidades previdenciárias e seguradoras. “Lá, a aplicação
desse modelo é obrigatória, para que o departamento saiba qual pe o
nível de solvência dessas entidades”, complementa o atuário.
Sem patrocinadora – “Desde a implantação do modelo, aumentamos
nosso grau de solvência de 59%, no final do ano passado, quando
estávamos deficitários, para 76%, depois da queda das bolsas, e agora,
com a atualização dos dados para os próximos quatro anos, estamos com
96%, explica”.
Essa metodologia permitiria, ainda, calcular como a fundação sobreviveria
no caso de retirada do patrocínio da Eletrobrás, sem aumentar a
contribuição dos participantes. Isso representaria R$ 10 milhões a menos
por ano, ou 2% do patrimônio. “Mas não consideramos essa possibilidade,
já que pela leia a retirada de patrocínio significaria o fim da fundação”,
conclui Tinoco.