Aumenta a demanda e os salários estão em alta

Edição 24

A área de administração de ativos está quente como nunca

A área de administração de ativos está quente como nunca. Para os
executivos do setor essa é uma ótima notícia, pois o mercado está
disputando acirradamente o passe de cada um deles, cujos salários e
prêmios tem subido na proporção da disputa.
Com a chegada das empresas estrangeiras de administração de ativos,
ligadas ou não a bancos de investimento, o mercado começou a se
aquecer. As empresas brasileiras, que detinham a parte do leão do
mercado, viram-se ameaçadas e começaram a reagir, buscando
profissionais cada vez mais qualificados.
“O que a gente percebe é o surgimento de estruturas enxutas, que
empregam poucas pessoas de alta qualificação”, diz Marco Antônio
Garcez, da Garcez & Consultores Associados, empresa de head-hunter.
“No meu escritório, o volume de seleção de executivos cresceu na ordem
de 20% a 25% em relação ao ano passado. Se no ano passado a
colocação de um profissional demorava de 5 a 8 meses, neste ano está
demorando só a metade”
Para o executivo João Luis Máscolo, que há um mês assumiu o cargo de
chefe de administração de portfólio do ABN Amro Asset Management, “as
oportunidades de colocação estão crescendo”. Mascolo chegou ao novo
emprego após 8 anos de Opportunity e uma passagem rápida de seis
meses pelo Banco Rendimento. “Na época do convite do ABN, eu tinha
sobre a mesa outras duas propostas de trabalho”, recorda.
Outro que trocou de equipe há pouco tempo é o executivo Roberto Pitta,
que saiu do Fonte Cindam, onde ajudou a montar a área de administração
de ativos, para assumir a diretoria de institucionais do BCN Alliance. “Tive
mais três propostas, antes de aceitar a do BCN Alliance”, conta ele.
A procura por bons nomes está inflacionando os salários na área. Muitos
executivos do setor, embora prefiram não dizer quanto ganham, revelam
que as recompensas estão cada vez mais altas, tanto na parte fixa
quanto variável, por conta do crescimento da setor.
Um exemplo é Luís Carlos Conrado, que saiu há oito meses do Lloyds
Asset Management, onde comandava a área de estratégia de
investimentos e recebia aproximadamente R$ 10 mil mensais. Agora
ganha em torno de R$ 12 mil mensais como diretor de investimentos do
Citibank, além de bonificação por performance. Além do salário mensal,
recebe entre 2 e 5 salários extras por ano, de acordo com os resultados
do banco.
De acordo com outra fonte do setor, a média de salários está entre 8 e 10
mil reais, fixos, com uma parte variável correspondente aos resultados
atingidos. Empresas de menor porte pagariam fixos um pouco menores,
entre 5 e 7 mil, mas ofereceriam variáveis maiores, podendo duplicar
esses valores.

Pós e inglês – Mas, se a demanda e os salários estão crescendo, a procura
também ficou mais sofisticada, garantem os especialistas na seleção de
pessoal. Cursos de pós-graduação, de preferência no exterior, e fluência
em outras línguas, são qualificações praticamente obrigatórias aos
profissionais dessas áreas. Segundo Gunter Keseberg, consultor da Roland
Berger Recursos Humanos, “as exigências são muito mais altas hoje do
que há dois, três anos, porque a competitividade traz isso”.
Além disso, o profissional da área tem que ter a capacidade de se manter
constantemente atualizado. “Quem está acomodado, sem atentar para a
nova realidade, para as novas técnicas, terá cada vez maiores dificuldades
na área”, diz Conrado. Formado em engenharia, com pós-graduação em
administração e especialização em finanças, o diretor do Citibank acha
que “os que estão se atualizando, quanto às novas ferramentas e à
globalização, vão dar as cartas no mercado”.
Na opinião de Elinton Bobrik, que desde abril comanda a área de personal
banking do Pactual, há uma mudança no perfil do executivo financeiro. “O
profissional agora passa a ter uma visão mais generalista e a ser mais
voltado para resultados”, explica. Formado em economia e marketing e
com pós-graduação na FGV, Bobrik chegou ao Pactual vindo do Unibanco,
onde era diretor de novos negócios.
Para ele, a busca pelos melhores profissionais é uma questão de
sobrevivência para as empresas. “As empresas estão buscando expertise
de outras instituições”, diz Bobrik. De acordo com ele, essa varredura está
sendo feita nos mais diferentes segmentos, desde corretoras, financeiras,
cartões de crédito e bancos de varejo.

Mescla – Mesclar profissionais da própria instituição com outros nomes do
mercado é uma estratégia utilizada por vários bancos de investimentos e
administradoras de ativos. O Deutsche Bank, por exemplo, adota essa
prática. De acordo com Reinaldo Zakalski, diretor do Deutsche Bank Asset
Management, como se trata de gerir recursos de terceiros, isto é, de
várias instituições diferentes, “é importante mantermos profissionais com
diferentes culturas, além da filosofia de trabalho adotada pelo banco”.
Zakalski está no Deutsche há mais de dez anos, já tendo passado por
várias sucursais e pela matriz do Banco, na Alemanha. Ele convive com
profissionais de diferentes procedências, como José Eduardo Abreu Filho,
que veio do Banco Europeu em janeiro de 96 e hoje é chefe de porfólio-
manager do banco alemão. “Cheguei antes desse processo de
aquecimento do mercado, que começou este ano”, afirma Abreu Filho.
Formado em economia com pós-graduação em Lausanne (Suíça), ele
também sente a disputa por nomes entre as empresas nesse mercado
aquecido. “Tenho recebido uma série de consultas, até porque estamos
falando de um número de profissionais restrito.” São poucos, segundo
ele, os profissionais qualificados, com uma vivência na área.
Compartilhando dessa mesma tese de mesclar culturas, o HSBC
Bamerindus está reestruturando sua área de administração de ativos com
executivos contratados de outras instituições. Para comandar a área, o
banco trouxe Luis Eduardo Assis, do Citibank, que garante que aproveitará
a equipe que já existia no ex-Bamerindus.
Na dança das cadeiras dos cargos executivos, outras instituições acabam
de contratar mais reforços. No ING Barings Asset Management, Paulo
Bilezekjian chega para assumir como chefe de portfólio-manager. Vem da
área de bolsa do ING Bank, tendo atuado antes no J.P. Morgan por 8 anos.
E Luis Felipe Sá Moreira, conquistado ao Banco Geral do Comércio, chega
ao ING Barings Asset Management para ocupar o posto de diretor
comercial.
No Fonte Cindam, Edmilton Cardoso saiu da área de gestão de carteiras e
passou a ser diretor da área de fundos do próprio banco.