Centrais sindicais disputam espaço de clube de investimento

Edição 22

O movimento sindical está tentando ampliar o seu leque de atuação

O movimento sindical está tentando ampliar o seu leque de atuação. De
fundos setoriais a clubes de investimentos, sindicalistas e parlamentares
ligados ao movimento sindical buscam colocar à disposição dos
trabalhadores novas opções de poupança e investimento. A última
novidade é a criação da Nossa Caixa/Nosso Clube, um clube de
investimentos ligado ao Sindicato dos Bancários e Financiários de São
Paulo, Osasco e Região.
Formado em setembro último pelos funcionários e aposentados do Nossa
Caixa Nosso Banco, o objetivo do clube é criar uma cultura de poupança
de longo prazo junto aos trabalhadores, além de usar os recursos
captados para investir num eventual processo de privatização da Caixa. A
aplicação mínima no clube é de R$ 10 e as captações são investidas no
mercado de ações, através da Corretora Banespa, informa a representante
dos funcionários do Nossa Caixa Nosso Banco no sindicato, Maria
Aparecida Antero Correa.
Segundo o presidente do sindicato, Ricardo Berzoini, a compra de ações
da Caixa, caso o governo opte por privatizar a empresa, permitiria aos
funcionários influenciar na sua gestão através do Conselho de
Administração. Ele também considera que, ao incentivar a poupança de
longo prazo, o clube cria uma cultura previdenciária entre os
trabalhadores. “Por enquanto, o clube ainda não possui um perfil
previdenciário, mas estamos formando os trabalhadores para o processo
seguinte, da poupança previdenciária”, afirma.

Fundos de pensão setoriais – Junto com o deputado federal Luis Gushiken
(PT-SP) , Berzoini lançou há seis meses um movimento nacional a favor
da criação de fundos de pensão setoriais, ou seja, que abranjam toda
uma categoria profissional. Essa proposta, segundo o presidente do
sindicato, não conflita com a dos fundos de pensão patrocinados por
empresas, cuja constituição também é incentivada pelo movimento.
O projeto de lei dos fundos setoriais está praticamente pronto, segundo o
deputado Gushiken. Mas ainda não foi entregue à mesa da Câmara,
porque pretende conquistar mais adesões além das atuais, as quais serão
decisivas para sua aprovação. Na área empresarial, o projeto já obteve
apoio de entidades como a Bovespa, BM&F, Secovi, Abrapp, Fierj, Abamec,
entre outras.
Além de parlamentares, entidades representativas de setores
empresariais e de trabalhadores, o deputado tem buscado apoio ao
projeto também entre as lideranças governistas. Ele já recebeu a
promessa de apoio do presidente do BNDES, José Roberto Mendonça de
Barros.
Segundo cálculos feitos por Berzoini, se 20% dos 5 milhões de
trabalhadores ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), através
dos seus sindicatos, contribuíssem com R$ 60,00 mensais cada, em um
ano o aporte chegaria a R$ 720 milhões, sem contar a capitalização. Em
cinco, sem a capitalização, somaria R$ 3,6 bilhões e com ela subiria para
R$ 5,7 bilhões.
Um dos pontos cruciais do projeto de Gushiken diz respeito à fiscalização
dos ativos e passivos do fundo e também da função dos atuários. Sua
proposta incorpora a idéia de criação de agências nacionais de
fiscalização, com participação dos associados.
No outro lado do espectro político, na Força Sindical, a idéia dos clubes de
investimento também ganha força. A Força Sindical contratou a RC
Consultores, do economista Paulo Rabello de Castro, para montar fundos
de investimento para captar poupança de trabalhadores, não
necessariamente ligados à corrente. A meta inicial é captar R$ 50 milhões
num primeiro momento, para esses fundos chamados de Clubes de
Investimentos dos Trabalhadores (CIT).
Para Paulo Pereira da Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de
São Paulo, o maior sindicato filiado à Força Sindical, os CIT são uma
poupança de longo prazo e podem garantir a participação de funcionários
nas disputas das privatizações. Para ele, os fundos de investimento
caracterizam-se como instrumento de um capitalismo social. “E os
trabalhadores estão vendo essa iniciativa com grande interesse”, garante.