Mercado começa a apostar nos fundos de private equity

Edição 22

Os fundos de private equity são a estrela da recém-criada indústria de
fundos de longo prazo

Os fundos de private equity são a estrela da recém-criada indústria de
fundos de longo prazo. Alavancados no programa de privatizações, eles
têm recebido aportes elevados das grandes fundações e participação
discreta das menores, devendo viabilizar a participação dessas últimas
nos leilões de venda das estatais.
Até o início do ano, só existia um fundo desse tipo, administrado pelo
Banco Garantia. Mas em junho, o Banco Opportunity surpreendeu o
mercado com o lançamento de um mega-fundo de private equity no valor
total de R$ 1,15 bilhões, dividido em duas tranches – uma de R$ 400
milhões, para captação no Brasil e outra de R$ 750 milhões para captação
nos EUA.
O objetivo do fundo, que já cumpriu a meta nacional e está fechando a
dos EUA, é investir em empresas privatizáveis de infra-estrutura e nos
seus fornecedores de bens e serviços. As cotas do tranche nacional foram
arrematadas pelas fundações Previ, Funcef, Valia, Sistel, Forluz, Fachesf,
Copel e Elos, no valor de R$ 50 milhões cada. Os bancos Fonte-Cindam e
Icatu também preparam-se para disputar espaço nesse mercado.
Para impulsionar esses fundos de private equity, o BNDESPar já investiu
R$ 240 milhões em seu programa de compra de cotas de fundos
administrados por terceiros. Segundo Durval Soledad, superintendente de
novos projetos do banco, vários outros bancos analisam o lançamento de
private equity. “Os institucionais têm demonstrado muito interesse nesse
tipo de aplicação”, afirma. Ainda de acordo com ele, “o tempo médio de
maturação desse investimento é de 3 a 4 anos.”

Privatização – Por terem como alvo empresas de grande porte, os private
equity movimentam somas elevadas e devem crescer alavancados no
programa de privatização e nos setores afinados com as empresas
privatizadas, que deverão apresentar altos percentuais de expansão.
Dessa forma, eles poderão ser o elemento que viabilizará a ampliação e
diversificação do mercado acionário, espera Soledad. “Sua função
macroeconômica é colocar novas ações no mercado de capitais”.
Já os fundos de empresas emergentes estão recebendo aportes das
fundações a passo de tartaruga. A Previ vai colocar R$ 8 milhões no fundo
que o Banco do Brasil acaba de lançar para as pequenas e médias
empresas do Estado de São Paulo, com patrimônio total de R$ 40
milhões. A entidade também participou, junto com a Valia e a Previrb, no
fundo de R$ 35 milhões para o Rio de Janeiro, que esperou sete meses
pela resposta desses investidores institucionais antes de ser lançado, em
junho desse ano.
Além desses dois, também os estados do Rio Grande do Sul, Santa
Catarina, Minas Gerais e um conjunto de estados do Nordeste lançaram
fundos de empresas emergentes. De acordo com o presidente do Banco
Bandeirantes e ex-presidente da CVM, Thomas Tosta de Sá, é um número
insatisfatório. Mas, segundo ele, já era previsível que o mercado
demoraria a assimilar esses fundos, que são fechados e têm prazo de 10
anos, com possibilidade de prorrogação de mais 5 anos. “A atitude do
investidor brasileiro ainda não é a de longo prazo”, afirma.
Nos Estados Unidos, esse tipo de fundo colocou a Microsoft na liderança do
mercado mundial de softwares. Mas, no Brasil, a falta de liquidez das
empresas no mercado secundário é um grande entrave. Outro problema
levantado por Tosta de Sá é a dificuldade de identificação de boas
empresas em segmentos econômicos com potencial de crescimento rápido.
Os fundos de empresas emergentes, criados em 1994, tornaram-se um
marco na indústria de fundos, por serem os primeiros destinados às
empresas de capital fechado com faturamento anual até R$ 60 milhões.
Até o fim do ano, a CVM deverá colocar em audiência pública a proposta
do “fundo de desenvolvimento”, para empresas fechadas de maior porte,
informa Tosta de Sá.
Outra novidade do ano para institucionais é o fundo de ações de segunda
e terceira linha que o BNDESPar acaba de lançar, cujas cotas podem ser
integralizadas com ações. “É uma maneira de trabalhar as ações que as
fundações deixavam lá paradas”, explica Durval Soledad.