Cuidando dos bens da próxima geração

Edição 2

Para as administradoras de recursos e suas concorrentes, lidar com a
geração do “baby boom” que envelhece pode ser uma questão de
oferecer serviços fiduciários

Para as administradoras de recursos e suas concorrentes, lidar com a
geração do “baby boom” que envelhece pode ser uma questão de
oferecer serviços fiduciários. Para capturar as economias dessa geração –
um segmento que potencialmente vale mais de US$ 10 trilhões – elas
estão criando sociedades fiduciárias, que oferecem uma variedade de
serviços além do gerenciamento de investimentos para essas pessoas,
preocupadas com a tributação e com seus herdeiros. À medida que essa
geração for envelhecendo, se aposentando e morrendo, deve haver uma
maciça transferência de bens e os administradores de recursos estão se
posicionando para captar esses ativos.
Diversos peritos em prognósticos afirmam que entre US$ 5 trilhões e US$
10 trilhões serão repassados à geração seguinte nas próximas duas
décadas, afetando tanto o tamanho do mercado quanto suas
características. “Se essas projeções estiverem certas, então a transferência
de bens a indivíduos é um mercado de US$ 10 trilhões em que todos
querem entrar”, afirmou C. Paul Tyborowski ao jornal Pension &
Investment. Tyborowski é presidente da Columbus Circle Trust Co., a
sociedade fiduciária criada neste ano pela Columbus Circle Advisors, de
Stamford, Connecticut, EUA.
Enquanto os bancos – tradicionais fornecedores de serviços fiduciários –
estão transformando departamentos fiduciários em subsidiárias de
gerenciamento de recursos para explorar negócios institucionais, as
administradoras de recursos e companhias de seguro seguem o sentido
oposto e criam empresas fiduciárias. “Vai ser um campo de batalha”,
disse Kenneth Hoffman, presidente da consultoria Optima Group Inc., de
Fairfield, Connecticut. Todos os tipos de empresas financeiras estão
participando da disputa, incluindo seguradoras, corretoras e
administradoras de recursos, todas procurando abocanhar ativos, afirmou.
A transferência de bens está criando uma necessidade de serviços
fiduciários que vai além das funções do tradicional gerente de
investimentos, afirmam os peritos. As sociedades fiduciárias estão criando
relacionamentos que envolvem planejamento tributário, de espólio,
contabilidade e outras especialidades que normalmente não pertencem ao
gerenciamento de recursos.

Relacionamento – Oferecer funções fiduciárias é uma maneira de as
gerenciadoras assegurar que seus clientes ricos mantenham seu
relacionamento com as firmas, mesmo quando estão colocando seus
ativos em “trustes intervivos” e outras estruturas para evitar inventário,
disse o advogado fiduciário e de espólio Bruce Wexler, sócio da Loeb &
Loeb LLP, de Nova York.
Além das companhias de seguro e gerentes de recursos, empresas
financeiras diversificadas como a Fidelity Investments, de Malvern,
Pensilvânia, e Charles Schwab, de Nova York, estabeleceram sociedades
fiduciárias nos anos recentes, bem como corretoras que incluem a Merrill
Lynch & Co. e a Paine Webber Inc., ambas de Nova York. “À medida em
que a linha divisória fica nebulosa entre bancos, corretoras e
gerenciadoras de recursos, essa é realmente uma maneira de oferecer
todos os serviços que todos estão oferecendo”, observou Wexler.
A sociedade fiduciária foi um resultado natural das atividades da
companhia de seguros, afirmou Michael Bobryk, vice-presidente sênior da
Phoenix Charter Oak. A Phoenix está tentando cada vez mais oferecer
serviços amplos de tributação, espólio, planejamento e produtos
financeiros aos clientes, revelou o executivo. Por exemplo, quando uma
corretora de seguros vende uma apólice de seguro de vida a um cliente,
ela pode sugerir que a apólice seja colocada em um truste de seguro de
vida para fins tributários. A sociedade fiduciária fornece uma estrutura
para implementar esses serviços relacionados a espólio que a corretora
estava recomendando no seu papel de planejadora financeira, disse
Bobryk.

Eficiência – “O cliente também obtém uma utilização mais eficiente da
apólice – fornecida convenientemente pela corretora – e a companhia de
seguros se beneficia porque tem mais probabilidades de ser persistente e
rentável para a empresa”, declarou. Além disso a Phoenix Charter Oak
tem a vantagem de ter como empresa associada a Phoenix Duff & Phelps
Corp., a administradora de recursos criada no ano passado por sua
controladora Duff & Phelps Corp., que cuida do gerenciamento das contas
fiduciárias da Phoenix Charter Oaks.
“Estamos tentando fazer uso mais eficiente da organização que a Phoenix
tem nessa altura”, afirmou Bobryk. Segundo ele, a companhia de seguros
tem sido ativa no mercado de planos qualificados (com diferimento
tributário) para pequenas empresas, com 25 funcionários ou menos, que
pode não ser suficientemente grande para interessar a uma organização
como a Phoenix Duff & Phelps, mas que a sociedade fiduciária poderia
atender.
Neste ano, a Columbus Circle Advisors inaugurou a Columbus Circle Trust
Co., sua própria empresa fiduciária. Ela permite ao gerente de recursos
estender-se dos tradicionais mercados de pensão para pensões
individuais, menores, e planos qualificados de clientes correntes, com o
fornecimento de serviços fiduciários com desempenho de qualidade
institucional, explicou Tyborowski.

Fusões – Os departamentos fiduciários vinculados a bancos estão sendo
afetados pela onda de fusões bancárias e sua concentração nas atividades
de banco de varejo e banco de investimento, acrescentou. Ficou difícil
dizer se seus departamentos de clientes particulares são levados a cuidar
de financiamento ou investimento, disse ele. Mas as sociedades
fiduciárias das administradoras de recursos estão interessadas apenas em
gerenciar investimentos. “Não somos uma organização de coleta de
depósitos. Estamos procurando preservação e valorização de bens, e é
só”, afirmou.