Black River troca de mãos

Edição 188

Braço de investimentos do grupo Cargill no Brasil é vendido para a carioca
Fidúcia. No longo prazo, objetivo dos sócios é transformar a asset em um
banco de investimentos

A Black River Asset Management Brasil bem que tentou dar seu grito de
independência para transformar o antigo braço de gestão de
investimentos do grupo Cargill em uma partnership. As negociações, no
entanto, não evoluíram e a asset acabou sendo adquirida pela carioca
Fidúcia, onde, agora, podem atuar nesse modelo. “Era difícil manter a
empresa sem uma estrutura de participação societária. O mercado
brasileiro de assets já não comporta mais esse formato”, afirma Gilberto
Faiwichow, ex-comandante da Black River e, atualmente, um dos sócios
seniores do novo negócio (que manterá o nome Fidúcia), ao lado de
Marcelo Serfaty e Henry Lowenthal. O renomado economista Paulo Guedes
sai da Fidúcia para tocar projetos próprios.
Num mercado já bastante movimentado por fusões e aquisições, a Black
River despontava como forte candidata. Seu único fundo multimercado já
vinha chamando a atenção da indústria há algum tempo. Para se ter
idéia, o Black River Yield Multimercado havia iniciado 2007 com R$ 170
milhões de patrimônio e, hoje, já conta com R$ 1,5 bilhão sob
gestão. “Apresentávamos uma das melhores performances da indústria no
país”, diz Faiwichow, sem falsa modéstia. O fundo ostentou, no ano
passado, uma rentabilidade de 22,12%. Com a venda da Black River, o
produto será incorporado ao carro-chefe da Fidúcia, o Fidúcia Diamond,
com patrimônio de R$ 88,64 milhões. O novo fundo será batizado de
Fidúcia Black Diamond.
Os planos para a nova asset – que terá, no total, R$ 2,1 bilhões sob
gestão – são ambiciosos. Além de uma expansão da atividade de gestão
de recursos para o segmento de private equity, a idéia é que, no longo
prazo, a Fidúcia se transforme em um banco de investimentos. “Estamos
bastante animados”, conta Faiwichow, porém sem oferecer mais detalhes
sobre a futura empreitada. No curto prazo, a única mudança em vista será
mesmo a de endereço. A equipe da Fidúcia vai deixar o local para o qual
se transferiu há cerca de um ano no Leblon, Rio de Janeiro, e migrar para
São Paulo. Provisoriamente, a asset funcionará no escritório que a Fidúcia
mantém, hoje, na Avenida Faria Lima, um dos centros financeiros da
capital paulista. A idéia, porém, é procurar um novo espaço, mais amplo,
para abrigar o time de 35 pessoas.

Inserção global – O namoro entre a Fidúcia e a Black River começou em
outubro de 2007 e se arrastou por quatro meses. Ficaram de fora do
negócio os fundos offshore Brazil Opportunity Fund e Latan, geridos pela
ex-Black River daqui. Segundo Henry Lowenthal, a aquisição da Black River
vem acrescentar às operações locais uma maior inserção global. Isso
porque a transação incluiu um acordo de colaboração com as Black Rivers
internacionais que prevê, entre outras coisas, o compartilhamento de
relatórios de risco e de análises macroeconômicas. “Trocamos informações
diariamente por meio da intranet da Black River”, complementa
Faiwichow. “Nosso compromisso é com a qualidade e a nossa meta,
continuar sendo um dos melhores gestores do mercado.” Sem falsa
modéstia, claro.