Sangue novo na Stratus Investimentos

Edição 184

Carlos Kokron chega para comandar o segmento de venture capital e tem
a missão de captar US$ 300 milhões até 2010

A Stratus Investimentos traçou uma meta arrojada para os próximos três
anos: expandir seus negócios, nesse período, de cinco a dez vezes. A
tradicional gestora de fundos de private equity e venture capital conta,
atualmente, com cerca de R$ 500 milhões sob administração. Para atingir
o objetivo proposto, a Stratus lança mão de um reforço de peso. Convidou
o executivo Carlos Kokron, que até recentemente ocupava a direção da
Intel Capital no sudoeste americano, para ser o novo sócio da casa.
Kokron chega para comandar a área de venture capital, gerenciando
fundos voltados para os setores de tecnologia da informação (TI),
biotecnologia, energias renováveis e sustentabilidade. Tem a missão de
captar US$ 300 milhões até 2010. “Kokron é referência não só em venture
capital como também no mercado de TI”, dá seu aval Álvaro Gonçalves,
sócio fundador da gestora.
Os trabalhos já começaram. Kokron acaba de fazer o primeiro aporte do
fundo Stratus VC 3 na empresa Ecosorb, fabricante de produtos e
prestadora de serviços na área de gestão ambiental, com atuação focada
na diminuição do impacto de grandes projetos de infra-estrutura. O fundo,
cuja captação foi fechada em novembro de 2006, tem patrimônio de R$
70 milhões e vai apostar no segmento de energias renováveis (como
eólica e solar), tecnologias limpas e alimentos orgânicos. “São empresas
que faturam até R$ 10 milhões e apresentam alto potencial de
crescimento, mas precisam de nossa ajuda porque têm um custo de
capital caro nesse estágio de desenvolvimento”, explica Kokron. Até o fim
de 2007, ele acredita que sejam feitos aportes em outras duas empresas.
A perspectiva é que sete companhias façam parte do portfólio do fundo
até o início de 2009.
Ao mesmo tempo em que procura boas oportunidades de aplicação para o
Stratus VC3, Kokron também vai à caça de investidores para o fundo
Stratus VC2, em fase de captação. A estimativa é que, até o fim deste
ano, o fundo tenha alcançado um valor superior a R$ 100 milhões. O
Stratus VC2 será uma espécie de continuação do primeiro fundo da casa,
o Stratus VC. O alvo são as empresas do setor de tecnologia (mídia,
telecomunicações, eletroeletrônicos, aeroespacial, máquinas e
equipamentos e especialidades químicas). Se depender dos resultados do
primeiro fundo de venture capital da gestora, atualmente em fase de
desinvestimento, as expectativas para a nova cartada são promissoras.
Em julho deste ano, por exemplo, foi costurada a fusão entre as
empresas de datacenter .comDominio, uma das integrantes do fundo, e a
Alog. Juntas, elas vão partir para novas aquisições e, num futuro próximo,
para a abertura de capital em bolsa. O modelo de crescimento não vai
penalizar a margem Ebitda apresentada até o momento, de 35% ao ano.
A Senior Solution, outra empresa que compõe a carteira do Stratus VC,
deve fazer uma oferta de ações em breve no Bovespa Mais.
Além dos fundos de venture capital, a Stratus está captando junto a
investidores estrangeiros um novo fundo de private equity, de US$ 150
milhões. As iniciativas capitaneadas pela Stratus Investimentos ocorrem
no momento em que o segmento de capital de risco apresenta seu maior
vigor em dez anos de existência no país. A expectativa da Associação
Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCap) é de que sejam
captados US$ 2 bilhões em 2007, o dobro do ano passado. “Acabou a
festa de retorno de dois dígitos e sem risco”, sentencia Kokron, numa
referência clara às aplicações em títulos do governo. O executivo acredita
que o mercado brasileiro está em uma fase semelhante ao estágio de
transição pelo qual passou a indústria americana entre as décadas de
1980 e 1990, quando o patrimônio saltou de US$ 4 bilhões para US$ 31
bilhões. “A despeito de eventuais volatilidades, a tendência é que o Brasil
atraia cada vez mais capital estrangeiro, que queira participar do
crescimento do país”, acrescenta.