Mais dinheiro no caixa da Mills

Edição 182

Empresa ligada à contrução civil pesada recebe investimento de empresas
de participação e se prepara para lançar ações

A Bovespa não é mais uma simples porta de saída para os investidores de
private equity. Com o sucesso colecionado pelas empresas que abriram
capital recentemente, a bolsa paulista transformou-se numa verdadeira
porteira. Não à toa, o capital de risco está sedento por novas aplicações –
e claro, bons retornos. As empresas, por sua vez, enxergam nos sócios
estratégicos a possibilidade de financiamento a preços acessíveis para
expandir seus negócios de forma mais agressiva. Muitas vezes, esses
investimentos representam a oportunidade que faltava para uma
companhia tornar-se líder de setor. Nesse quadro, encaixa-se com
perfeição a mais nova dobradinha do mercado brasileiro, formada pela
Mills – empresa com 55 anos de atuação nos setores de construção civil
pesada, manutenção e montagem industrial –, de um lado, e pelas
empresas de participação The Axxon Group e Península (da gestora de
recursos Investidor Profissional), de outro.
“Vamos investir R$ 43 milhões este ano para aumentar nossos estoques
de equipamento”, conta Ronald Miles, diretor presidente da Mills. Desse
montante que será utilizado na expansão dos negócios, já faz parte o
dinheiro injetado pelos novos sócios, que entraram por meio de um
aumento de capital e terão 20% de participação. O valor do aporte, não
revelado, poderá ser elevado, ao longo do tempo, para que a Mills possa
atuar como uma consolidadora de seu mercado – um setor bastante
pulverizado. Em outras palavras, se surgirem boas oportunidades de
aquisições, os sócios estarão prontos para tirar a mão do bolso
novamente – o que aumentaria a participação de ambos no
negócio. “Temos total interesse em crescer e aproveitar as chances que
surgirem”, afirma Miles.
A Investidor Profissional e a Axxon terão, cada uma, um assento no
conselho. Mas como em todo investimento típico de private equity, casa-
se pensando na separação. Os planos da Mills, da Axxon e da Investidor
Profissional não fogem à regra. E a saída mais cogitada, como não
poderia deixar de ser, é por meio de uma oferta pública de ações e
bolsa. “Dentro de um ano e meio ou dois, acredito que estaremos
prontos”, revela Miles. Um facilitador é a gestão profissionalizada e a
estrutura de governança da companhia, bastante evoluída para uma
empresa de capital fechado.
O investimento na Mills chega num momento em que o crescimento da
economia brasileira, especialmente na área de infra-estrutura, aponta
para várias oportunidades com alto potencial lucrativo e boas perspectivas
de longo prazo. Desde outubro de 2006 que a companhia vem contatando
investidores do mercado e fazendo apresentações. A partir dos novos
investimentos, a Mills projeta um aumento de 40% do estoque de
equipamentos para uso nas obras. A entrada dos sócios vai facilitar
também o acesso da empresa a outros tipos de financiamento. “Os
bancos ficam mais confiantes e podem conceder para nós empréstimos
mais longos, de até cinco anos”, anima-se Miles.
A Mills possui três atividades principais: a divisão de construção civil
fornece equipamentos, serviços de engenharia e assistência técnica para
grandes obras; a de manutenção e montagem industrial oferece serviços
de acesso, pintura industrial, isolamento térmico, entre outros; e o mais
novo braço, de eventos, monta infra-estruturas temporárias para eventos
esportivos, artísticos e corporativos. Para cada um de seus negócios, a
estratégia da companhia é definir claramente os tipos de clientes e as
áreas geográficas de atuação. O objetivo é também aumentar o leque de
serviços prestados e de clientes, combinando esforço orgânico e
aquisições. Nos últimos quatro anos, a empresa praticamente dobrou de
tamanho. A expectativa é que o faturamento alcance, em 2007, R$ 200
milhões.

Raio X
Os números da Mills
Faturamento: R$ 200 milhões*
Investimentos: R$ 43 milhões
Funcionários: 2.500
*projeção para 2007. Fonte: Mills