Índice da Anbid permite comparar desempenhos

Edição 18

A Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) está lançando
o primeiro índice de performance de fundos mútuos

A Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) está lançando
o primeiro índice de performance de fundos mútuos. A partir do dia 18 de
agosto, quando será oficialmente apresentado pela entidade, os
investidores brasileiros poderão consultá-lo semanalmente para comparar
a performance de cada fundo de investimento do mercado.
O formato do novo índice foi apresentado no último dia 23 de julho, em
São Paulo, a uma platéia de cerca de 170 pessoas, composta por
representantes de bancos de investimento e de empresas de
administração de recursos de terceiros. Segundo o consultor da Anbid para
a formatação do índice, Ney Brito, os presentes eram “as pessoas chaves
da área, os principais traders do mercado”.
O índice Anbid abrangerá todos os fundos com pelo menos seis meses de
funcionamento, uma vez que a análise de desempenho dependerá de um
histórico de funcionamento de pelo menos 24 semanas. Os fundos com
um período de funcionamento inferior ficarão na “geladeira”, aguardando
o cumprimento do prazo, após o qual poderão ser analisados desde que
atendam as condições exigidas pela Anbib.
Durante esse período de quarentena, os novos fundos serão classificados
como “novatos”, dando à Anbid e ao mercado a possibilidade de conhecer
suas reais características. Ao final do período, eles serão submetidos à
uma série de “filtros” desenvolvidos pela entidade, para avaliar o
enquadramento das definições apresentadas pelo gestor. Se o
enquadramento do gestor bater com o da Anbid, o fundo passa a ser
analisado normalmente como um fundo consolidado, do contrário volta à
categoria de “novato” para uma nova quarentena de seis meses.
Os filtros da Anbid serão de três tipos, visando checar os fundos quanto à
rentabilidade, variabilidade e correlação com relação a seus benthmarks.
Isso permitirá que a Anbid continue dividindo a indústria de fundos em
cerca de 40 grupos, como já faz hoje, dotando cada um deles de um nível
padrão de risco. Só que, diferente de hoje, os enquadramentos dos
gestores não serão aceitos passivamente pela Anbid, mas serão checados
através dos filtros.

Grupos – Os fundos, dentro dos seus grupos, serão comparáveis entre si.
O que quer dizer que serão comparados apenas fundos com características
semelhantes, evitando confrontar fundos de renda fixa com fundos de
renda variável, por exemplo. Nesse exemplo, a possibilidade do último ter
uma rentabilidade maior que o primeiro é enorme, mas o risco que cada
um deles correu é também muito diferente. “O desempenho de cada
fundo, no nosso índice, será resultado de uma relação entre risco e
retorno”, explica Brito.
Além da divisão da indústria entre 40 grupos, também haverá uma
classificação por tamanho de fundo, os quais serão classificados como
maiores, médios e menores. O objetivo é tornar a comparação entre os
fundos ainda mais equitativa. Um fundo com enquadramento “X” e
tamanho “Y”, deve ser comparado a outro fundo de enquadramento “X” e
tamanho “Y”, ou seja, com um fundo com as mesmas características. No
grupo, o nível padrão de risco será o mesmo para os três tamanhos de
fundos.
Junto com o índice Anbid, a entidade apresentará também o índice
Sharpe, de alta aceitação no mercado internacional. Através dele, será
possível ao investidor fazer a comparação entre todos os fundos,
independente das suas características, uma vez que o índice Sharpe
relativiza o retorno do investimento pelo risco incorrido. Os índices Anbid e
Sharpe serão divulgados conjuntamente, toda 6ª feira. No final de julho,
quando Brito falou à Investidor Institucional, ainda não estava definida a
estratégia para a divulgação dos índices.

Dois anos – Os índices divulgados abrangerão o período das últimas 24
semanas do fundo. Com o passar do tempo, e o amadurecimento dos
fundos, as análises deverão abranger um período de 24 meses, ao invés
de 24 semanas. Esse período não foi adotado num primeiro momento
porque senão limitaria a aplicação do índice a uns poucos fundos, apenas
aqueles que têm mais de dois anos de funcionamento.
Existem hoje 2.200 fundos de investimento em funcionamento, incluindo
aqueles com menos de seis meses, representando recursos de R$ 130
bilhões. Brito não sabia indicar, dos 2.200, quantos tinham menos de seis
meses. “Qualquer número que eu desse, seria um chute”, afirma.
O consultor da Anbid foi aluno do criador do índice de Sharpe, o professor
Willian F. Sharpe, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.