Previ e Funcef aportam r$ 235 milhões à empresa

Edição 18

A Previ e a Funcef vão deter, conjuntamente, 45% do capital total da
Ferronorte

A Previ e a Funcef vão deter, conjuntamente, 45% do capital total da
Ferronorte, a ferrovia iniciada pelo empresário Olacyr de Moraes e que
estava paralisada por problemas financeiros. A Previ está colocando R$
131 milhões e a Funcef R$ 104 milhões no projeto, cujas obras devem ser
aceleradas a partir da segunda semana de agosto.
Além da Previ e da Funcef, o Banco Chase e o grupo Brazil Rail Partners
(BRP) colocarão R$ 25 milhões, o Bradesco mais R$ 20 milhões e outros
R$ 93 milhões virão através de acionistas de menores, conversão de
dívidas e conversão de debêntures. “Com a entrada dos novos recursos,
as obras da primeira etapa da ferrovia estarão terminadas em 18 meses”,
avalia o presidente do grupo Itamarati, Antonio Maciel Neto.
Maciel assumiu a direção do Itamarati há cerca de quatro meses,
enfrentando rumores que davam como próxima a sua concordata. Pouco
antes da sua chegada, Olacyr tinha vendido o Banco Itamarati ao BCN e
tentava negociar com credores uma dívida de R$ 1,1 bilhão, com pouco
sucesso e grande alarde na imprensa.
A volta por cima começou há cerca de dois meses, quando Maciel anunciou
a renegociação de R$ 350 milhões da dívida do grupo Itamarati e
prossegue agora com o fechamento do acordo com investidores para a
conclusão das obras da primeira etapa da ferrovia, de 400
quilômetros. “Com o fechamento do acordo, já começam a aparecer
grupos interessados em investir nas etapas seguintes da Ferronorte,
inclusive investidores internacionais”, explica Maciel.
Com o aporte dos novos recursos na Ferronorte, o controle da empresa
ficará dividido da seguinte forma: Itamarati terá 28,6%; Previ 25%; Funcef
20%; Banco Chase e grupo BRP 4,8%; Bradesco 3,8% e outros com
17,8%. O novo presidente da empresa, ainda a ser escolhido, será
indicado pela Previ e o presidente do Conselho de Administração pela
Funcef. A operação da malha ferroviária ficará à cargo da BRP, pertencente
ao grupo norte-americano Noel.

Ponte – A primeira etapa do projeto ligará a cidade de Alto do Taquari
(MT) à Aparecida do Taboado (MS), sendo que nesse ponto haverá uma
conexão com a rede da Fepasa para chegar ao porto de Santos (SP). Essa
conexão depende da construção de uma ponte sobre o rio Paraná, ligando
Aparecida do Taboado à Santa Fé do Sul (SP), a qual foi prometida a
Olacyr há oito anos mas nunca foi construída.
Esse era, na verdade, o ponto vulnerável do projeto, que acabou
afastando os investidores em várias ocasiões. Sem poder se ligar à rede
da Fepasa, através da ponte, o trecho da Ferronorte ficaria às moscas,
sem poder transportar a soja do cerrado até Santos. Projeções do grupo
Itamarati apontam que o preço do frete da soja cairá R$ 20 por tonelada
com a ferrovia interligada à Fepasa. O potencial é de transportar 10
milhões de toneladas por ano.
A promessa da ponte, na verdade uma ponte rodoferroviária (rodovia na
parte de cima e ferrovia na de baixo), foi feita à Olacyr de Moraes pelo
então presidente José Sarney e pelo então governador de São Paulo,
Oréstes Quércia. “De lá para cá, nesses oito anos, oito vezes a ponte
começou a ser construída e oito vezes foi paralizada”, lembra Maciel. “Mas
o governo Fernando Henrique (Cardoso) colocou a construção da ponte
entre os seus 42 projetos prioritários, e hoje ela está quase pronta”.
Das quatro treliças de aço, com 700 metros de comprimento cada, que
terá a ponte, três já estão instaladas. A quarta começará a ser instalada
ainda na primeira quinzena de agosto. Está prevista a ida do presidente
Fernando Henrique Cardoso à região, no dia 9 de agosto, para assistir o
lançamento das obras da quarta treliça. Em dezembro próximo a ponte
deve estar concluída.
Do ponto de vista da viabilidade econômica, estudo conduzido pela
empresa MC Associados e apresentado a vários investidores em potencial
indica que a rentabilidade do projeto será de 18% ao ano, em 20 anos. A
expectativa para o retorno do capital investido, ainda segundo o estudo
da MC, é de oito anos.

Financiamentos – Além dos R$ 280 milhões aportados pelos novos
acionistas, a ferrovia receberá R$ 160 milhões em financiamentos do
BNDES, R$ 120 milhões em financiamentos de empresas fornecedoras de
equipamentos ou do Finame e R$ 100 milhões em debêntures
conversíveis do BNDESPar. No total, os recursos destinados à conclusão
dessa etapa da Ferronorte representam R$ 650 milhões, destinados às
obras da rede e à compra de 62 locomotivas, de 4 mil HP cada, e 6 mil
vagões. Esses recursos se somam aos R$ 400 milhões já gastos, dos
quais R$ 170 milhões do próprio grupo Itamarati e R$ 230 em
financiamentos do BNDES.
Além dos 400 quilômetros da primeira etapa, a Ferronorte possui a
concessão para mais 5 mil quilômetros de malha. Estão previstos um
segundo trecho de Alto Taquari à Cuiabá (600 quilômetros) e dai três
novos ramais, o primeiro para Santarém (PA), o segundo para Porto Velho
(RO) e o terceiro para Uberlândia (MG). “Já temos interessados para
essas novas etapas, mas ainda nem começamos a negociar prá valer”,
afirma o presidente do Itamarati.