Edição 17
Os participantes dos fundos de pensão começam a ganhar o direito de
escolher a melhor forma de aplicação dos seus recursos
Os participantes dos fundos de pensão começam a ganhar o direito de
escolher a melhor forma de aplicação dos seus recursos. Depois da
fundação da Philips, a PSS, que mudou seu plano de benefício definido
para contribuição definida e, como parte dessa mudança, permitiu ao
participante escolher o perfil do investimento, agora é a vez do fundo
multipatrocinado do CCF iniciar a transição.
O Conselho de Administração do CCF Fundo de Pensão definirá, em
reunião no final deste mês, como implantar a nova modalidade de
gestão. Serão apresentadas as patrocinadoras que aceitaram dar aos
participantes o direito de escolher o perfil do seu investimento (o novo
modelo não será obrigatório), entre conservador, moderado e agressivo,
cada um com uma participação diferenciada na renda variável. Além disso,
essas patrocinadoras vão definir como e com que frequência os
participantes poderão mudar de opção.
O CCF Fundo tem 130 patrocinadoras e cerca de 65 mil participantes. Em
março, suas reservas eram de R$ 472 milhões. De acordo com o diretor
do Banco CCF, Marcelo Giufrida, os recursos do fundo estariam hoje “por
volta de R$ 600 milhões”.
“A decisão de permitir ao participante escolher o perfil do seu investimento
será de cada empresa e não do CCF”, explica Giufrida. “Afinal, cada
patrocinadora conhece melhor que ninguém os seus participantes”. Os
fundos das patrocinadoras que não quiserem dar a opção, serão
administrados de forma moderada, como já é feito hoje.
Segundo o diretor do banco, o CCF já administra duas carteiras de
fundações com perfis individualizados de investimento. Mas, nos dois
casos, trata-se de planos suplementares, oferecidos apenas àqueles que
escolhem ter uma renda superior à proporcionada pelo plano básico. As
duas patrocinadoras, cujos nomes Giufrida diz não ter autorização de
revelar, são multinacionais. “Acredito que a tendência será de outras
fundações iniciarem planos com essa opção”, afirma.
Três perfis – A primeira a fazer isso no Brasil foi a PSS. Desde janeiro
último, os participantes da fundação podem optar entre os três perfis
clássicos de investimento (conservador, moderado e agressivo), aplicando
suas reservas segundo o que consideram mais adequado ao retorno que
esperam e ao risco que aceitam correr. Além disso, também podem optar
entre um dos cinco bancos selecionados pela fundação para fazer a
gestão dos seus recursos. Ou seja, o participante escolhe o banco e o
perfil do investimento que deseja ter.
O desenho do plano da PSS começou a ser delineado há dois anos, em
meados de 95, quando a matriz do grupo holandês sugeriu às suas
subsidiárias espalhadas pelo globo que transformassem seus planos de
benefício definido (BD) em contribuição definida (CD). A Philips Brasil foi a
primeira a iniciar a mudança, e incluiu nela a participação do funcionário
na definição da estratégia de investimento.
“Adotamos na prática o que sempre vínhamos pregando, a participação
efetiva das pessoas na gestão do seu dinheiro”, explica o presidente da
PSS, Nélson Rogieri, que é também presidente da Abrapp. De acordo com
ele, “temos recebido muitas visitas de pessoas interessadas em conhecer
o funcionamento do nosso plano, não só de fundações brasileiras mas até
de estrangeiras”.
Dos 13 mil participantes da PSS, nada menos de 9 mil aderiram ao plano
CD. Os demais, por estarem próximos à aposentadoria na maioria dos
casos, resolveram ficar no BD. A opção de escolher a estratégia de
investimentos e o banco gestor é dada apenas aos que aderiram ao CD,
pois nesse plano as reservas são individualizadas. Em BD, as reservas são
de fundo comum a todos. Os ativos da PSS, em março passado,
somavam R$ 512 milhões.
O participante da PSS pode trocar, uma vez por ano, sempre no mês de
novembro, sua estratégia de investimento e o banco gestor. Atualmente,
20% estão na estratégia conservadora (que tem 20% dos recursos
aplicados em renda variável), 55% na moderada (com 35% em renda
variável) e 25% na agressiva (com 50% em renda variável). Os cinco
bancos gestores são o ABN Anro, o Bradesco, o Citibank, o Itaú e o
Unibanco.
Banco único – O CCF Fundo, apesar de abrir ao participante a escolha da
estratégia, não dará a ele a opção de escolher o banco gestor. “A gestão
será do Banco CCF”, afirma Giufrida. Ele acredita que, na estratégia de
investimentos, a maioria dos participantes acabará pendendo para a
opção moderada, ganhando com os bons lucros que o mercado acionário
está proporcionando mas sem correr grandes riscos. Foi isso que ocorreu
na PSS.
De acordo com Rogieri, nos seis meses encerrados em junho último, a
média da rentabilidade dos investimentos da PSS foi de 20%, 30% e 40%
para as estratégias conservadora, moderada e agressiva,
respectivamente. A inflação no período foi de 4%.
Além de poder escolher o perfil do seu investimento e o banco gestor, o
participante da PSS pode determinar o valor do seu plano. Uma vez por
ano, também em novembro, ele pode mudar o valor das contribuições,
numa faixa que varia de 3% e 8% do salário. Nessa faixa, a patrocinadora
faz uma contribuição igual. Acima dela, ele pode fazer aportes
extraordinários mas sem a contrapartida da patrocinadora.