Edição 164
Estudo da consultoria Mercer aponta para crescimento de quase 50% no
uso da ALM neste ano e revela, ainda, uma maior preocupação dos fundos
de pensão com a política de investimentos
Cada vez mais fundos de pensão estão adotando programas de Asset
Liability Management (ALM) em seus planejamentos. É o que acaba de
constatar um estudo da Mercer Investment Consulting sobre a política de
investimento das Entidades Fechadas de Previdência Complementar
(EFPC).
O crescimento, segundo a Mercer, tem sido “significativo”: o ALM era
utilizado por 10,4% das fundações em 2001, quase triplicou no ano
seguinte, para 27,4%, chegou a 30,1% em 2003 e bateu em 31,3% no
ano passado. Em 2005, o porcentual está em 45%. Quer dizer,
atualmente quase metade dos fundos consultados já estão adotando
algum modelo de ALM.
Paralelamente a essa busca por mais planejamento, ocorreu expressiva
diminuição do uso de médias do mercado e indicação dos recursos de
gestores. “Esses resultados sinalizam a maior preocupação das entidades
com estratégias de gestão que levem em consideração as perspectivas de
evolução da relação ativo/passivo de seus planos ao longo dos anos”,
explica o líder da Mercer, Thyrso Pizzoferrato.
O ALM define, a partir da variação de cenários macroeconômicos e de risco
rodados em programas de computador, uma alocação “ótima” dos ativos
do plano de modo a atingir suas metas de longo prazo. De qualquer
forma, há espaço para mudar as variáveis financeiras e econômicas e as
premissas atuariais.
Para Everaldo Guedes, da PPS Consultoria, o ALM cabe não apenas para
os planos de Benefício Definido (BD), mas também para os de
Contribuição Definida (CD), mesmo que ele esteja livre de metas atuariais
e de déficits. “Neste caso, pode não trazer riscos para a patrocinadora,
mas o participante fica vulnerável por não alcançar o benefício prometido
e, por isso, o ALM se torna extremamente importante para onde
minimamente se quer chegar”, diz.
A PPS é responsável pelo ALM do Fibra, dos empregados da hidrelétrica de
Itaipu. A diretora superintendente da fundação, Margaret Groff, avalia que
a aplicação do ALM é fundamental para adequar os riscos aos objetivos de
rentabilidade de longo prazo, de forma a garantir o pagamento dos
benefícios. “Um dos objetivos é alcançar as metas da gestão dos
investimentos de um plano de benefícios, de modo a gerenciar
simultaneamente o risco do ativo e do passivo previdenciários”, explica.
A Fundação Cesp começou a adotar o ALM em 1999. “Um dos insumos
principais para a elaboração da nossa política de investimentos é o ALM”,
explica o diretor de gestão de risco da Fundação Cesp, Édner Bitencourt
Castilho. “A meta principal, que é a de superar o custo atuarial com baixo
risco de mercado, vem sendo atingida recorrentemente”.
O estudo de ALM da Fundação Cesp dá especial atenção para os ativos
ilíquidos, fluxos de pagamentos previdenciários ao longo da vida do plano
e cenário macroeconômico. Consideraram-se, ainda, estimativas de
investimentos e desinvestimentos de ativos, além de hipóteses de
rentabilidade para todos os ativos, elaboradas com base nos fatores de
risco.
Segundo Castilho, o modelo de ALM é um exercício teórico apoiado em
inúmeras hipóteses. Estas, apesar de exaustivamente definidas, podem
não se concretizar, fazendo com que os resultados efetivos sejam
diferentes dos previstos. “Por este motivo, as suas sugestões de alocação
tática e estratégica representam tão somente um parâmetro para a
tomada de decisão da alocação atual de ativos e avaliação de riscos
futuros”.