Fundos contratam mais administração externa

Edição 14

Assim como avança a onda da terceirização da administração dos ativos
das fundações, cresce também a da administração dos seus passivos

Assim como avança a onda da terceirização da administração dos ativos
das fundações, cresce também a da administração dos seus passivos.
Serviços internos como o de contabilidade, administração de benefícios,
acompanhamento das contas dos participantes e até atendimento ao
participante estão, cada vez mais, sendo deixados a cargo de empresas
especializadas.
A Mercer, uma das maiores do setor, conquistou recentemente a
administração dos passivos da CBS, a fundação da Companhia Siderúrgica
Nacional. São 10,5 mil participantes ativos e 17 mil inativos, num total de
27,5 mil, que passam a ter a administração das suas contas, benefícios e
empréstimos cuidados pela Mercer. Também a contabilidade da fundação
passa a ser terceirizada.
A concorrência da CBS movimentou o setor. Participaram dela quase todas
as grandes da área de terceirização. “Foi o maior contrato já assinados,
em termos de administração de passivos”, afirma o diretor que cuida
dessa área na Mercer, Francisco Durante. O contrato foi assinado em
fevereiro passado, e a previsão é que os serviços passem para a Mercer
em julho.
A Mercer está colocando uma parte do seu pessoal, no início da operação,
na sede da fundação, para que eles consigam familiarizar os funcionários
com a nova rotina. Assim que consiga isso, esse pessoal voltará à
empresa de origem. “Mandamos algumas pessoas para lá nessa fase de
implantação, mas uma vez implantado o projeto elas voltam”, garante.

Arquivos – Segundo ele, a contabilidade da fundação será feito no
escritório carioca da Mercer e todos os outros serviços serão operados a
partir do escritório paulista. A troca de informações entre a fundação e a
administradora será feita por computador, através de arquivos eletrônicos.
Cada participante receberá relatórios trimestrais referentes à sua conta
individual e a direção da fundação terá relatórios mensais.
Outro grande contrato na área foi assinado pela fundação da Perdigão,
em abril, com o CCF Fundos de Pensão. Pelo contrato, o CCF passa a
administrar os passivos dos 14 mil participantes da fundação. Serão
terceirizados os serviços de contabilidade, controle de contribuições,
pagamento de benefícios e acompanhamento de contas individuais. Ainda
em abril, o CCF também assinou contrato com a fundação da Monsanto,
de 800 participantes, para fazer a administração das contas dos seus
novos planos de contribuição definida (CD).
Esses planos são capitalizados exclusivamente com contribuições dos
participantes, e representam um segundo plano da fundação, direcionado
àqueles que querem criar uma poupança extra. A fundação possui um BD,
para todos os funcionários da empresa, ao qual aporta recursos
juntamente com o participante. Esse BD continuará a ser administrado
internamente.
No total, o CCF administra hoje 10 fundações, com 40 mil participantes,
que podem chegar a 100 mil se forem incluídos os pertencentes ao fundo
multipatrocinado do próprio CCF, afirma Paulo de Tharso Bittencourt,
presidente do CCF Fundo de Pensão. A Mercer administra 63 fundações,
com 180 mil participantes, entre ativos e inativos.
A Towers & Perrin, outra grande do setor, administra 34 fundações, com 75
mil participantes. Os serviços mais frequentes, segundo o consultor da
área de administração de benefícios da Towers, Névio Roberto Del Giudice,
são a contabilidade, a administração dos benefícios e das contas de CD.
As mais recentes conquistas na Towers são duas fundações ligadas a área
de comunicações. A primeira é o fundo da Rede Brasil Sul (RBS), ganho
em janeiro, e o segundo é o da Folha de S. Paulo, ganho em março. “Essa
área está em franco crescimento”, avalia Giudice, que também administra
o passivo da fundação da IBM, com 3.800 participantes.

Pequenos – Mas, nem todas as administradoras de passivos de terceiros
são grandes. Um grupo de ex-funcionários da fundação Attilio Fontana, da
Sadia, demitiu-se para criar uma empresas independente para administrar
os passivos do fundo. “Nós sabíamos que eles já tinham uma empresa
constituída à parte, chamamos o grupo e propusemos terceirizar nossos
serviços. Eles aceitaram, saíram da fundação, e hoje recebem por
contrato”, explica o diretor de benefícios da Attilio Fontana, José Fernando
Monteiro Alves.
De acordo com o diretor da Attilio Fontana, hoje quase tudo na fundação é
terceirizado. “A única coisa que mantemos em nossas mãos é o controle
dos benefícios e o acompanhamento do plano de saúde”. O plano de
saúde, assim como a assistência odontológica, também é terceirizado.
“As empresas estão se voltando para o seu negócio principal e
terceirizando a administração dos fundos”, diz Giudice, da Towers. Na
opinião de Durante, da Mercer, a infra-estrutura das empresas de
administração terceirizada aumenta a eficiência das fundações. “Temos,
na nossa equipe, estrutura de apoio atuarial, jurídico e de comunicação,
que colocamos à disposição dos nossos clientes”, explica Durante.
Além da eficiência, todos garantem que é mais barato fazer a
administração de forma terceirizada do que internamente. Isso porque, ao
administrar grandes volumes, o custo da operação se dilui. Na Mercer, por
exemplo, 39 pessoas cuidam de 180 mil participantes; na Towers, a
equipe que administra os 75 mil participantes das 34 fundações é
formada por 16 pessoas; no CCF, uma equipe de 34 pessoas atende aos
100 mil participantes (incluindo os do CCF Fundo de Pensão). Geralmente,
as empresas cobram do cliente em função do volume de trabalho.
Nenhuma revela seus preços.