Deutsche Bank tem unidade independente

Edição 13

Ainda este mês, o banco alemão Deutsche Bank espera iniciar as
operações da sua empresa de asset management

Ainda este mês, o banco alemão Deutsche Bank espera iniciar as
operações da sua empresa de asset management, a D.B. Capital
Investiment S/C Ltda. A autorização foi dada no final de abril pela
Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Em junho será a vez do banco
holandês ING Barings, que há meses vem se preparando para trilhar o
mesmo caminho, aguardando apenas a aprovação da matriz, em
Amsterdã.
As duas instituições estão de olho na promissora indústria de fundos
brasileira, que vem crescendo desde a estabilidade da moeda e diante da
perspectiva de privatização da previdência brasileira. Na disputa pelos
recursos de terceiros, além de profissionalismo, eficiência e transparência,
também a “separação formal entre a administração dos recursos dos
clientes e as atividades de tesouraria do banco passou a ser exigida
pelos próprios investidores”, assegura Reinaldo Zakalski, gerente de
produtos do Deutsche, instituição com forte atuação entre os grandes
investidores. Álvaro Armond, diretor de marketing e produtos da Lloyds
Asset Management, vai além. Para o executivo, a criação de uma
empresa independente elimina potenciais conflitos de interesse, que são
bem maiores quando as atividades não são segregadas
As empresas de asset management são uma tendência mundial. São
estruturas autônomas no grupo financeiro, com CGC próprio,
superintendente que se reporta ao conselho de administração.
Largamente difundida entre países da Europa e nos Estados Unidos, no
Brasil estão surgindo aos poucos, com o crescimento da área de
administração de recursos, fato que favorece a introdução de conceitos de
administração de investimentos. Os investidores estrangeiros, favorecidos
internamente pela legislação do Anexo IV, têm grande responsabilidade
na adoção desses métodos mais profissionais de gestão. Não é à toa que
muitas instituições que estão partindo para a segregação dos recursos são
multinacionais, seguindo a filosofia da matriz. “A própria LAM resultou de
um alinhamento à política de gestão do Lloyds praticada em vários
países”, ponderou Armond. Criada em novembro do ano passado, a LAM
administra um patrimônio de US$ 2,5 bilhões, entre fundos de
investimentos e fundos de aplicações em cotas.

Separação – José Berenger Neto, diretor do ING, ressalta que nos países
mais desenvolvidos a busca pela eficiência e transparência têm levado à
separação completa de atividades. Os grande clientes, em geral, fazem a
custódia de ativos num banco, a gestão de portfólio em outro e serviços
de administração e processamento numa terceira instituição. Berenger
acredita que essa tendência também será seguida pelo Brasil. O banco
holandês administra US$ 110 bilhões no mundo inteiro e pretende centrar
fogo nos grandes investidores brasileiros e estrangeiros.
Quem ainda não tem a sua “asset management” se estrutura com o
objetivo de mostrar maior transparência, formando equipes que se
dediquem tempo integral na gestão dos recursos dos clientes, evitando a
dispersão para outras áreas do banco. É o caso do Bank of Boston, que
desde 1994 tem uma equipe técnica própria, mas cujo responsável ainda
se reporta ao presidente do banco. “Nós seguimos a legislação americana
que é bastante rígida em exigir segregação de funções, inclusive sofremos
supervisão de órgãos reguladores daquele país”, justifica
Geraldo Carbone, vice-presidente da área fiduciária do Boston. O
executivo, porém, não descarta a possibilidade de ser adotada a
separação formal.
O Bradesco optou por um caminho diferente: fez uma parceria com o
banco Patrimônio, associado ao Salomon Brothers, que administra os
fundos que não sejam exclusivamente de renda fixa, pertencentes à
família Asset Manager, segundo classificação interna. Em operação desde
novembro do ano passado, os três fundos administrados conjuntamente
possuem patrimônio de cerca de R$ 400 milhões (ver quadro na página
ao lado). Sem grande experiência na área de renda variável, a parceria foi
a alternativa mais viável para o banco que tinha uma demanda crescente
de investidores interessados por produtos mais rentáveis, como bolsas
que estão obtendo boa valorização com o processo de privatização, ou
mercados de derivativos.
Segundo os administradores de fundos, esse é um outro fator que têm
levado à segregação das áreas: tornar a gestão dos recursos o negócio
principal da instituição, assegurando-lhe maior competitividade, quer seja
através de uma “asset management”, ou através de parceria, como fez o
Bradesco.

Os novos produtos do banco
A primeira fase da separação entre o Deutsche Bank e sua empresa de
asset management abrangerá os fundos abertos de investimentos
financeiro e de aplicações em cotas, que somam aproximadamente US$
600 milhões. Depois, será a vez das carteiras administradas de
investidores institucionais, empresas e pessoas físicas com
disponibilidades de grandes somas de recursos. O patrimônio das
carteiras soma outros US$ 600 milhões.
A criação da DB Capital Investiment está sendo acompanhada pelo
lançamentos de novos produtos, como os fundos de aplicação em cotas
(FAC) , em três modalidades: conservador, moderado e arrojado, além
de disponibilizar uma linha 0800 através da qual os clientes poderão fazer
aplicações. No segmento de carteiras administradas, que atinge os
investidores institucionais e as corporações, a instituição espera para
breve a aprovação da CVM de dois fundos de investimentos na
modalidade carteira livre: o Deutsche Privatização, que investirá em
empresas a serem privatizadas dos setores de telecomunicações e
energia, e o Small Cap. A meta, segundo Reinaldo Zakalski, é superar
US$ 1 bilhão até o final do ano dos fundos de investimentos.