Banco do Brasil estuda parcerias para fundos

Edição 13

Nos últimos três anos o Banco do Brasil viu o patrimônio e o número de
seus fundos de investimento crescer rapidamente

Nos últimos três anos o Banco do Brasil viu o patrimônio e o número de
seus fundos de investimento crescer rapidamente, chegando hoje a 50
fundos com um patrimônio total de R$ 19,3 bilhões. Mas essa não é
exatamente uma posição tranqüila. “Tememos que, se não fizermos algo,
nossa liderança pode sumir”, analisa o diretor do mercado de capitais do
BB, Carlos Gilberto Caetano.
Por algo entenda-se algum tipo de parceria com bancos mais agressivos,
que dominem tecnologias sofisticadas e possuam pessoal qualificado,
exatamente o que o BB precisa. “Nos fundos mais tradicionais vamos
bem, mesmo na renda variável conservadora estamos bem, mas o
mercado está mudando, com a queda das taxas de juros o mercado vai
se sofisticar e nós precisamos definir uma nova estratégia competitiva”,
explica Caetano. “Temos medo de começar a perder espaço para bancos
mais agressivos”.
O BB, apesar de ser o líder no mercado de fundos, sabe que começa a
enfrentar concorrência pesada. Um dos aspectos mais agressivos dessa
concorrência tem surgido na forma de contratação de pessoal da casa, por
salários quase dobrados. “No ano passado perdemos cinco pessoas muito
boas, de alto nível, e neste ano algumas também estão indo”, lamenta
Caetano. “Temos limitações de salários, somos um banco estatal”.
Há cerca de seis meses Caetano conversa com o presidente do banco,
Paulo Cesar Ximenes, sobre o assunto. Eles discutem sobre as
modalidades de uma parceria externa, para a área de fundos. Mas nada
ainda está definido. “São várias idéias que estamos examinando, não é
apenas uma”, explica Caetano. Elas incluem desde o tipo de acordo a ser
feito, até o perfil estratégico do parceiro e o tamanho do negócio. Ele
espera que, até o final deste ano ou início do próximo, a decisão possa
ser tomada.

Mais de uma dúzia”” – Segundo Caetano, depois que Ximenes tornou
pública a questão pela imprensa, começaram a chover telefonemas. “Só o
Ximenes, já recebeu mais de uma dúzia de telefonemas, eu recebi outra
dúzia”, conta Caetano. Para o superintendente do mercado de capitais do
BB, Evandro Lopes de Oliveira, entre as idéias em análise não está a de
terceirizar a gestão dos fundos, como alguns bancos chegaram a
cogitar. “Estamos no mercado fazendo perguntas, estamos decididos a
tornar o nosso banco mais ágil, para competir com os grandes players,
mas não vamos sair da área, que é altamente rentável”, explica.
Ele está apostando que a concorrência dos grandes administradores de
ativos deve aumentar em breve, uma vez que muitos estão chegando ao
país. “Nossa preocupação é não perder competitividade, vamos continuar
na área, vamos crescer, e por isso estamos buscando novos caminhos”,
diz.

Bradesco já atua com Patrimônio
A parceria Bradesco/Patrimônio é lembrada toda vez que se fala em
gestão compartilhada de ativos. Vários bancos, ouvidos por Investidor
Institucional, comentaram que essa poderia ser a alternativa buscada pelo
Banco do Brasil para fazer a gestão de uma parte de seus fundos de
investimento.
A parceria entre o Bradesco e o Banco Patrimônio – esse último tem como
sócio internacional o banco Salomon Brothers – começou em novembro do
ano passado. Os dois bancos administram conjuntamente, hoje, cerca de
R$ 400 milhões, representados por três fundos mútuos, o primeiro
agressivo, o segundo moderado e o terceiro conservador.
O agressivo coloca 30% dos recursos em ações, opções e índices futuros,
o moderado 20% e o conservador 10%. O primeiro representa 55% do
volume total de recursos captados, cerca de R$ 220 milhões. Segundo
Sérgio de Oliveira, diretor do departamento de administração de carteiras
do Bradesco, a parceria com o Patrimônio “está dando ótimos
resultados”. “A captação está bastante acima do que tínhamos projetado
inicialmente”.
A captação dos recursos é feita pelas duas instituições, assim como a
administração. Todas as 2ª feiras, um comitê paritário com 4
representantes de cada lado (incluindo pessoal de renda fixa e de renda
variável) faz uma reunião para discutir os cenários da semana. A partir
dos cenários discutidos, o comitê decide como atuar e onde entrar ou sair
de posição.
“As reuniões representam uma forma de transferência de expertise do
Salomon Brothers para o Bradesco”, explica o gerente do departamento
de administração de carteiras do Bradesco, Antônio Izidro Gil Graça.
Segundo ele, as discussões semanais são pautadas pelas análises
macroeconômicas e projeções de tendências de preços, tanto do mercado
nacional quanto internacional, fornecidas pelo Salomon Brothers.””