Edição 12
O grupo Vera Cruz está vendendo seus imóveis
O grupo Vera Cruz, que atua na áreas de previdência e seguros, está
vendendo seus imóveis e pretende dirigir os recursos para aplicações
financeiras e compra de ações de empresas privatizáveis. Segundo Egydio
Zeppelini Junior, diretor financeiro do grupo, a baixa rentabilidade do
mercado imobiliário deverá determinar a alteração desse tipo de
investimento este ano com a realocação dos recursos para outras
aplicações.
O grupo Vera Cruz, pertencente ao conglomerado espanhol Mapfre, possui
R$ 7 milhões aplicados em imóveis, incluindo três andares no Centro
Empresarial de São Paulo e imóveis de menor valor, entre eles uma casa
em Bauru (interior do Estado de São Paulo) e um escritório em São Paulo
(na alameda Santos). Esses imóveis estão alugados a preço de mercado,
mas mesmo assim propiciaram uma rentabilidade baixa, comparada aos
outros tipos de investimentos do grupo (ver matéria no quadro abaixo).
Segundo Zeppelini, dos R$ 7 bilhões que o grupo tem em imóveis, R$ 4,8
milhões pertencem à Vera Cruz Previdência, empresa classificada no 4º
lugar no ranking do setor no primeiro semestre do ano passado,
divulgado pela Federação Nacional das Seguradoras (Fenaseg).
Renda baixa – Os andares que o grupo possui no prédio do Centro
Empresarial, alugados para a LPC/Danone, American Express e Gessy
Lever, dão uma idéia das dificuldades de obter boas rentabilidades nesse
tipo de investimento. Um dos andares está alugado por R$ 32 mil (era
R$ 19 mil há dois anos), outro por R$ 42 mil e o terceiro por R$ 47 mil.
Segundo Zeppelini, o preço de mercado de andares naquele prédio é,
hoje, de R$ 52 mil.
Para Zeppelini, o processo gradual de venda dos imóveis não quer dizer
que o segmento não propicie boas oportunidades de investimento a longo
prazo, mas sim que “se pode obter lucros mais rápidos em outros
segmentos”. Embora disposto a vender os imóveis do grupo, ele não
descarta a hipótese de investir em fundos imobiliários que trabalhem com
seguro de construção da obra e participação nos lucros da venda.
Os recursos da venda dos imóveis devem ser aplicados na compra de
ações de empresas privatizáveis, basicamente da Vale do Rio Doce, da
Telesp e das estatais paulistas privatizáveis (como a Cesp), mas também
Telebrás, Eletrobrás, Cemig e Coelce, cujo processo de privatização está
mais atrasado.
Perfil do grupo – O grupo espanhol Mapfre é uma das maiores
seguradoras do mundo. No Brasil, o grupo já opera há 6 anos através de
participação na Vera Cruz, tendo assumido o controle acionário dessa
empresa no ano passado com a compra da parte que pertencia ao grupo
argentino Bunge.
Além de atuar na área de seguros e previdência, a Mapfre atua também
em resseguros e está se preparando para exercer essa atividade no Brasil
com a quebra do monopólio do Instituto de Resseguros do Brasil.
A direção da Mapfre está trabalhando com a perspectiva de crescimento da
concorrência nos próximos anos, esperando a entrada no país de outras
grandes seguradoras internacionais.
Apurar o lucro no ano
A Vera Cruz Previdência encerrou o balanço anual de 1996 com ativos
(bens e direitos) avaliados em R$ 90,17 milhões, dos quais 5,34%
estavam aplicados no mercado imobiliário.
A empresa obteve uma rentabilidade em suas aplicações de 17,25%
acima da Taxa Referencial, bem acima do rendimento mínimo para os
planos de previdência de 6% ao ano mais Taxa Referencial.
A rentabilidade média nominal (sem descontar a variação da TR) foi de
28,49%. A maior contribuição para a rentabilidade veio da aplicação em
ações, que registrou uma lucratividade de 40,22% e o pior retorno veio
dos aluguéis de imóveis, com rentabilidade de 21,36%.
A rentabilidade expressiva das aplicações da Vera Cruz deveu-se a uma
peculiar estratégia adotada nos investimentos do mercado acionário.
A carteira da previdência chega a ter 50% dos recursos aplicados em ações
durante o ano, mas é vendida no final do ano para apurar lucro. Em
dezembro de 96, a carteira acionária da Vera Cruz era de apenas 5%.
A idéia é fazer com que os lucros obtidos no mercado acionário realmente
se efetivem na contabilidade com a venda das ações no final do ano.