Fundações diversificam e compram derivativos

Edição 10

Interessadas em obter uma rentabilidade mais atrativa que a oferecida
pelos fundos de renda fixa, as fundações aos poucos se dispõem a correr
um pouco mais de risco e se voltam para os fundos de derivativos

Interessadas em obter uma rentabilidade mais atrativa que a oferecida
pelos fundos de renda fixa, cujas perspectivas são de declínio, as
fundações aos poucos se dispõem a correr um pouco mais de risco e se
voltam para os fundos de derivativos. Seu portfólio é composto por
aplicações nos mercados futuros de ações, ouro, dólar, juros e até mesmo
títulos da dívida externa e varia de acordo com o seu perfil, de maior ou
menor risco.
“A procura por esses fundos tem aumentado, mas muitas fundações ainda
estão fora por que ainda não conhecem bem o produto”, explica Ednardo
Figueiredo, sócio da Linear, empresa independente de administração de
recursos.
Pedro Felipe Borges, diretor financeiro da Regius (fundação do Banco de
Brasília) e presidente da Abrapp regional de Brasíla, concorda: “o mercado
de derivativos ainda é desconhecido para a maior parte dos dirigentes das
fundações”, diz.
A associação com a idéia de risco e de especulação afasta muitos
investidores potenciais. Segundo Figueiredo, dos R$ 120 bilhões
investidos na indústria de fundos, menos de R$ 10 bilhões estão em
carteiras de derivativos e, deste volume, muito pouco vem das fundações.
As aplicações dos fundos de pensão nas carteiras de derivativos da Linear
estão ao redor de R$ 50 milhões. A empresa administra R$ 400 milhões
no mercado interno e R$ 200 milhões em fundos off shore.
Ele observa que o mercado de derivativos possibilita trabalhar com vários
ambientes de risco e que sempre existe um patamar adequado para
qualquer perfil de investidor, do conservador ao altamente
agressivo. “Temos fundos com cinco níveis diferentes de risco”, diz.

Seminário – Borges conta que, por considerar que os derivativos podem
ser uma alternativa de investimento interessante para as fundações, a
Abrapp regional está organizando um seminário sobre o tema, previsto
para o final de março. Ele quer que a BM&F e mais algumas corretoras
atuantes no mercado de derivativos falem ao setor. “O primeiro passo é
tornar o mercado futuro mais conhecido pelos dirigentes das fundações”,
explica.
Um segundo passo seria o treinamento do corpo técnico para que as
entidades possam operar diretamente, sem necessidade de aplicar em
fundos administrados pelos bancos. “As grandes fundações têm
profissionais com experiência no mercado financeiro e podem também
passar a operar com derivativos”, afirma.
Figueiredo, da Linear, confirma essa tendência. “Os administradores de
várias fundações que aplicam em nossos fundos já disseram que
pretendem aprender mais sobre o mercado futuro para depois também
operar”, conta. De todo modo, ele não teme essa concorrência, uma vez
que a tendência é de que cada vez mais fundações descubram esse
mercado.
“É uma oportunidade de obter ganhos maiores que na renda fixa
tradicional”, afirma. Para Borges, da Regius, as fundações pequenas
tenderão a entrar neste segmento através dos fundos e as grandes,
mesmo que decidam operar diretamente, devem deixar uma parte com o
gestor externo, para ter uma base de comparação.

Limitações – Figueiredo observa ainda que as fundações têm algumas
limitações que não atingem os fundos de investimento – só podem atuar
no mercado futuro em posições de hedge, por exemplo. Por isso, ele
acredita que as operações de maior risco teriam de ser feitas via fundos.
O executivo observa que, como esses investidores podem ter fundos
exclusivos, o que permite a formatação de uma carteira própria mas
administrada por especialistas, muitos devem preferir essa opção para
escapar da CPMF.
Ele lembra que, caso a fundação opte por um fundo de derivativos
exclusivo, é possível desenhar a carteira totalmente voltada para as suas
necessidades. Aquelas dispostas a correr um pouco mais de risco poderão
montar um portfólio mais alavancado.
Embora existam carteiras mais ousadas no mercado, na maior parte dos
bancos o perfil que prevalece é aquele que prima pela moderação.
Reinaldo Zakalski, do Deutsche Bank, conta que o fundo mais demandado
da casa é um Fif de 60 dias que aplica 70% dos recursos em renda fixa e
30% no mercado de derivativos. É o maior de nossa família de fundos””,
diz. Segundo ele, cerca de 60% das aplicações deste fundo são feitas por
investidores institucionais.
Muitas vezes as próprias fundações solicitam a criação do produto. Foi o
que ocorreu no Deutsche Bank, de acordo com Zakalski. “”Este fundo era