Estados lançam fundos de empresas emergentes

Edição 1

Os Fundos de Investimento em Empresas Emergentes (FIEE), recentemente constituídos em Santa Catarina e no Rio de Janeiro, começam a se disseminar nos demais estados do País

Os Fundos de Investimento em Empresas Emergentes (FIEE), recentemente constituídos em Santa Catarina e no Rio de Janeiro, começam a se disseminar nos demais estados do País. São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Brasília já têm planos para a formatação de carteiras semelhantes. Além dos regionais, em breve deverá estar pronto para ser lançado o fundo da empresa de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESpar), com patrimônio de R$ 25 milhões. Os FIEE são carteiras fechadas, ou seja, os participantes compram cotas e não podem resgatá-las. Só podem se retirar por meio da revenda dessa cota a outro investidor. Outra característica é que o investimento é de longo prazo, em torno de dez anos, ao fim dos quais ocorre sua extinção. Em alguns casos, como no Fundo do Estado do Rio de Janeiro, está prevista a prorrogação por mais cinco anos. Pela seu perfil de longo prazo, o alvo principal dos FIEE são os investidores institucionais. De acordo com Evandro Lopes de Oliveira, superintendente executivo do mercado de capitais do Banco do Brasil, que irá administrar o fundo do Rio de Janeiro, BNDESpar, bolsa do Rio, que lidera um “pool” de corretoras cariocas, e a Caixa de Previdência dos Funcionários do BB (Previ) já fecharam a compra de um lote de cotas. Compatibilidade – O objetivo do fundo é somar recursos de longo prazo a serem aplicados na compra de ações ou debêntures de empresas emergentes. O retorno do investimento tem de ser compatível com o prazo, explica Oliveira. Ele toma como base a expectativa de rendimento constante nos estudos sobre a privatização de empresas estatais, entre 12% e 14% reais ao ano, e projeta algo em torno de 20% reais ao ano para os fundos de empresas emergentes. Segundo Oliveira, o fundo não é obrigado a fazer desembolsos periódicos a título de rendimento antes do vencimento. Os ganhos decorrentes dos lucros obtidos pelas empresas deverão ser reaplicados no próprio fundo. Nada impede, contudo, que o comitê de investidores, composto pelos maiores cotistas, decida pagar eventuais dividendos. Para ele, embora a intenção seja o longo prazo, há também a possibilidade de se lucrar com o giro das cotas, como ocorre com as ações. A expectativa é de que, com o surgimento de novos fundos nos demais estados, em cerca de seis meses já se consiga a massa crítica necessária para a existência de um mercado secundário bastante líquido, diz. No caso do FIEE do Rio, as cotas serão negociadas na bolsa local e a participação das corretoras cariocas na subscrição será um fator a mais para a formação de um mercado secundário forte, avalia. Segundo Oliveira, os critérios de escolha das empresas candidatas aos recursos dos fundos são a garantia de lucratividade do investimento. No caso do Rio de Janeiro, os nomes serão indicados pela Federação das Indústrias e pelas várias agências do Banco do Brasil espalhadas pelo estado e terão de cumprir três exigências básicas: 1 – possuir tecnologia competitiva; 2 – estar em um ramo promissor; e 3 – aceitar a profis- sionalização da gestão, caso o comando seja familiar. Três quesitos – Outro fator importante, diz, é que as empresas que cumprirem esses três quesitos também terão maior facilidade na obtenção de empréstimos do BB e do BNDES. Além disso terão também o suporte técnico da bolsa carioca em eventuais captações de recursos através da emissão de ações. Vale lembrar que, para se candidatar aos FIEE as empresas terão de ser ou se transformar em S.A., mesmo que de capital fechado, observa Oliveira. O comitê de investimentos, formado por oito membros, é quem decide onde aplicar os recursos, limitados a 10% ou 33% do capital da empresa (o que for menor). Apesar da mudança efetuada no final de agosto pela CVM, que elevou de R$ 30 milhões para R$ 60 milhões, o faturamento líquido anual máximo da candidata, Oliveira garante que o fundo por ele administrado vai se manter fiel ao limite anterior, de R$ 30 milhões, uma forma de privilegiar as empresas de fato pequenas.