17-03-2015 – 13:48:11
Muitas fundações brasileiras tem se concentrado neste início de 2015 no mercado de renda fixa, pelas oportunidades oriundas da elevação da Selic, e também devido à baixa perspectiva para a bolsa brasileira. No entanto, a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, em discurso nesta terça-feira (17/3) na sede do Banco Central da Índia, alertou que a forte volatilidade ocorrida nos mercados emergentes em maio e junho de 2013, em função do risco da normalização da política monetária americana, e que assustou e prejudicou muito os institucionais, pode se repetir nos próximos meses. “Tenho o receio de que aquele pode não ter sido um episodio único. Isso porque o timing do início da elevação dos juros pelo Fed, e o ritmo das elevações subsequentes, ainda podem surpreender o mercado”, disse Lagarde. “Os mercados emergentes precisam se preparar com antecedência para lidar com essa incerteza”.
As políticas monetárias não convencionais adotadas pelas economias desenvolvidas, avalia a diretora, impediram que o mundo voltasse a um estágio recessivo do mesmo nível observado durante a crise de 1930. Por outro lado, alerta Lagarde, por conta dessas políticas, de 2009 a 2012, os mercados emergentes receberam entradas líquidas de capital de aproximadamente US$ 4,5 trilhões, representado cerca de metade do fluxo global de capital. “Como consequência, os mercados de renda fixa e renda variável tiveram valorização nesses países, e as moedas se fortaleceram”. O perigo, destaca a diretora do FMI, é que certas exposições criadas em momentos nos quais as políticas monetárias foram muito flexíveis sejam agora rapidamente revertidas quando as políticas começarem a mudar, gerando forte volatilidade nos mercados. “Já tivemos um gosto disso durante maio e junho de 2013, quando a maioria dos emergentes sofreu forte saida de capital”, recorda Lagarde.
Uma comunicação mais clara e efetiva entre os bancos centrais, na visão da diretora, poderia fazer com que a volatilidade dos mercados não alcance os mesmos niveis de 2013. “Embora reconheça que é uma tarefa difícil, também entendo que há margem para uma maior cooperação política internacional que minimize os impactos negativos”.
Lagarde falou também que, caso a volatilidade nos mercados se materialize, os bancos centrais tem de estar preparados para agir. “Há alguns exemplos de respostas políticas rápidas que ajudaram os países a reduzir a volatilidade do mercado”. A diretora citou o Brasil como um dos exemplos, junto ao Uruguai e Indonésia, onde as medidas adotadas desencorajaram fluxos de capital de curto prazo.