22-03-2016 – 15:33:55
A agência de classificação de risco Fitch Ratings acredita que a tendência observada recentemente no mercado financeiro, de bancos globais reduzindo ou deixando de operar na América Latina, prossiga nos próximos anos. “As relativamente pequenas operações de banco de varejo do Citigroup no Brasil e na Argentina são as mais recentes colocadas à venda e evidenciam esta tendência”, lembra a agência de classificação, em relatório. Além do Citi, o HSBC também anunciou há pouco tempo a venda de sua unidade brasileira; outros casos que ilustram o movimento são do Société Generale, do Deutsche Bank e do Barclays.
Essa saída de grandes players do mercado latino-americano, na visão da Fitch, tem como razão um foco maior das instituições financeiras na melhoria dos retornos sobre seu capital, o que leva a alterações de estratégias e diminuição da exposição ao risco em alguns mercados emergentes. “Normas de capital mais rigorosas, resultados mais fracos, perdas de créditos e o aumento dos custos de compliance e de processos judiciais, além do foco em seus principais negócios, nos seus maiores mercados, indicam que os bancos globais continuarão revisando as estratégias para otimizar o uso de capital”, diz o relatório preparado pela agência de classificação, que destaca ainda que o risco apresentado pelas perspectivas econômicas e pelos ambientes operacionais de alguns países na América Latina também contribuem para a decisão dos bancos em deixar de operar na região.
A Fitch mantém perspectiva negativa para o setor em quase a metade dos países latinos sob sua cobertura. “Muitos reportam deterioração na qualidade de ativos, desempenho financeiro fraco e — em alguns casos — sinais de que o crédito se tornará mais escasso”. Na visão da agência, o ambiente operacional e econômico para os bancos na Argentina, no Brasil, na Costa Rica, no Equador e na Venezuela deve se deteriorar ainda mais nos próximos meses.
Bancos internacionais com maior probabilidade de permaneer na região são os que possuem fortes franquias locais, pondera a Fitch, ao citar Santander e BBVA. A agência ressalta que o recuo dos grandes bancos globais na América Latina tem sido aproveitado pelos bancos da região para aumentar seu ‘market share’ – as grandes instituições finananceiras da Colômbia realizaram aquisições na América Central, lembra a Fitch, que recorda também do Itaú, que comprou o Corpbanca, do Chile. “Bancos globais também deixaram de operar na América Latina em outros períodos de crise econômica. No entanto, desta vez o êxodo parecer ser mais definitivo e não movido unicamente pelo ciclo econômico”, aponta o relatório da agência.