Para S&P, Brasil não corre risco de perder grau de investime...

14-11-2014  –  17:40:28

 

Mesmo com a piora no ambiente fiscal, o Brasil não corre o risco de perder o grau de investimento no ano que vem. Segundo Regina Nunes, presidente do cone sul-América Latina da Standard & Poor’s, o rebaixamento no rating soberano no país pela agência, em março deste ano, já refletia o cenário atual da economia, de dificuldade de gerar superávit primário e de realizar ajuste fiscal em ano de eleições, Copa do Mundo e de baixo crescimento econômico. 

“As perspectivas do rating soberano brasileiro permanecem estáveis. O país é um BBB- confortável, grau de investimento não vulnerável”, afirmou Regina durante o 35º Congresso dos Fundos de Pensão, promovido pela Abrapp, em São Paulo. “A gente já sabia que 2014 seria um ano pior e o rebaixamento da nota, em março, refletia isso. Não faltou vontade ou inteligência do governo em promover ajustes, o que aconteceu é que o orçamento do ano já estava engessado por conta das eleições e da Copa”, complementou. 

Regina destacou ainda que o baixo crescimento da economia, já esperado pela agência desde o ano passado, impede que a arrecadação cresça, inviabilizando grandes cortes nos gastos públicos. Além disso, a destinação dos recursos arrecadados é praticamente imutável, com grande parcela fixada por legislação, agravando esse cenário. 

“Rebaixamos a nota do Brasil em março, mas a classificamos como ‘estável’. Ou seja, não apontamos para perspectiva de mais um rebaixamento, pois acreditamos que o Brasil vai fazer sim um novo esforço fiscal no segundo mandato”, salientou Regina. Segundo ela, a S&P trabalha com a expectativa de que a política monetária vai convergir para o centro da meta de inflação, que um pacote de corte de gastos seja implementado e que o Planalto se empenhe mais na tentativa de aproximação com a iniciativa privada para fomentar investimentos. 

“Quando olhamos para o futuro, sabemos que o Brasil vai buscar uma política fiscal mais austera e focar em diminuição de dívida, em melhora de prazos, na procura de investidores. Esse futuro reflete um país ‘grau de investimento’ não vulnerável, pois tem as ferramentas para melhorar”, complementou Regina.