04-02-2015 – 15:01:18
Os investidores brasileiros ainda não estão preparados para diversificar seus investimentos. Pesquisa da BlackRock realizada com 27,5 mil pessoas de 20 países, incluindo pela primeira vez a América Latina, concluiu que esses investidores ainda têm pouco conhecimento sobre diversificação, o que leva a 64% aplicarem em poupança ou CDB. Apesar do estudo não incluir investidores institucionais, ele mostra como as pessoas se preparam para a aposentadoria e como seu conhecimento sobre investimentos pode influenciar na hora de definir que tipo de perfil é o mais adequado ao entrar em fundo de pensão.
O baixo conhecimento dos participantes e até os entraves dentro dos conselhos dos fundos de pensão impõem dificuldades às fundações em relação aos investimentos no exterior, por exemplo. O estudo aponta que 85% dos brasileiros possuem investimentos apenas no mercado doméstico. “Isso indica que as pessoas ainda investem pensando no curto prazo”, explica Armando Senra, diretor da BlackRock responsável pela América Latina e Ibéria. “Temos que trabalhar com o governo e com fundos de pensão para mostrar as vantagens da diversificação. Alguns mercados são mais rápidos, como no Chile, onde hoje os fundos de pensão já podem investir 80% da carteira no exterior, e eles investem isso mesmo. Mas no Brasil, mesmo sendo apenas 10% o limite permitido, os fundos de pensão investem muito pouco, 1%”, diz Senra.
As taxas de juros altas deixam esse processo mais lento, segundo o executivo, deixando também os brasileiros mais focados no curto prazo. Ainda assim, a pesquisa aponta que 57% temem o futuro financeiro relacionado à economia do país, 55% se preocupam com alto custo de vida e 47% com a inflação. Metade acredita que a economia irá piorar nos próximos 12 meses e declara que sua prioridade é economizar dinheiro, com 44% pretendendo investir em uma aposentadoria confortável.
O estudo indica que, no geral, os brasileiros economizaram muito menos do que é necessário para se ter uma aposentadoria confortável, mas que isso é um problema global. “Em nenhum país as pessoas estão preparadas para aposentadoria”, afirma Senra.
Planos para o Brasil
Com US$ 4,3 trilhões de ativos sob gestão, sendo US$ 100 bilhões na América Latina, a BlackRock pretende ampliar ainda mais sua participação no Brasil e faz parte dos planos da gestora trazer toda sua capacidade global para o país. A gestora está de olho nas oportunidades para lançar um ETF de renda fixa local, ainda sem previsão de data, e pretende focar também em produtos de infraestrutura. “Fundos de pensão que buscam maior rentabilidade podem ter boa oportunidade com infraestrutura. No futuro, queremos lançar um produto com esse foco, mas ainda não há previsão”, diz Armando Senra.
Já em seu fundo de investimentos no exterior, distribuído no Brasil pelo Banco do Brasil, a gestora já vê bons resultados, com 25% de rentabilidade em menos de um ano e R$ 350 milhões captados. Dos 23 investidores do fundo, 20 são fundos de pensão – entre eles Previ e Fibra – e a perspectiva é que esse número aumente. “Estamos conversando com mais 20 fundos de pensão além dos que já estão investindo”, diz Bruno Stein, diretor da BlackRock no Brasil.
Stein diz que as fundações brasileiras ainda estão iniciando esses investimentos, mas ao ver os bons resultados, já se empolgam para aplicar mais, sendo que o fundo teve oito aportes adicionais dos fundos de pensão que investiram. O executivo diz que, mais do que novos investidores, há grande expectativa que essas fundações que já investiram continuem fazendo aportes adicionais ao fundo. Além disso, seu fundo de ETFs, o iShares S&P 500, recebeu o investimento de dois fundos de pensão e já possui R$ 70 milhões de reais captados.