Inflação implícita reduz ganhos das NTN-Bs em abril

04-05-2015  –  10:58:10

 

 

O mercado de assets e fundações conseguiu bons resultados com os fundos e carteiras recheadas de NTN-Bs com vencimentos mais curtos no primeiro semestre de 2015. Os resultados foram variáveis, mas em todo caso, tanto para fundos de índices mais curtos, quanto renda fixa e algumas classes de multimercados, as operações com inflação implícita garantiram resultados bem acima do CDI no período. O mercado, contudo, deu uma virada a partir do de meados de abril, quando o mercado passou a prever uma redução do ritmo inflacionário para os próximos meses. “O reforço no discurso da equipe econômica com o foco de trazer a inflação de novo para o centro da meta nas últimas duas semanas fez com que o mercado passasse a projetar uma queda na inflação futura”, explica Sávio Borba, gestor de renda fixa da Riviera Investimentos.

O resultado é que as operações com inflação implícita, que deram bons resultados no primeiro quarto do ano, passaram a gerar rendimento negativo. “A inflação implícita, que estava em patamares elevados até março, teve uma queda importante em abril”, diz Borba. Além disso, as previsões que o ciclo de alta da Selic não chegou ao fim, pela maior parte do mercado, também aponta para uma perspectiva negativa para a ponta mais curta da curva de juros, o que também afeta o desempenho das NTN-Bs de prazo mais curto.

O consultor de investimentos da Aditus, Leonardo Bortoloto, confirma a queda nos ganhos com inflação implícita das NTN-Bs. A inflação implícita de 6 meses, por exemplo, que passou de 9% em fevereiro deste ano, caiu para 6,3% em abril. Para o prazo de um ano, a inflação era projetada a até 7,9% e agora está ao redor de 6,1%.

As projeções menores para os índices inflacionários impactaram negativamente no rendimento das NTN-Bs em abril. “O IPCA já atingiu quase 4% no primeiro trimestre e até o final do ano deve reduzir o ritmo”, diz Bortoloto. Por isso, o mercado está projetando uma redução do ritmo da inflação para os próximos meses. Houve uma inversão no desempenho em relação aos prazos das NTN-Bs. Enquanto no primeiro trimestre, a curva curta foi vencedora, a partir do mês passado, a curva longa começou a se recuperar.

Para Sávio Borba, da Riviera, a tendência atual deve permanecer para os próximos meses. A recomendação, é que os investidores reduzam a exposição aos fundos de investimentos que possuem estratégia baseada em inflação implícita das NTN-Bs. A maior parte do mercado está projetando novo aumento da Selic para a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) entre 0,25% e 0,50%. Em todo caso, a previsão de continuidade do aperto monetário e a redução da inflação para os próximos meses, não trazem boas perspectivas para o desempenho das NTN-Bs, aponta o gestor.