03-06-2016 – 14:01:47
O HSBC revisou sua recomendação para as ações do Itaú, Banco do Brasil, Banrisul e ABC Brasil, de compra para manutenção. Em relatório, os analistas Carlos Gomez-Lopez e Neha Agarwala, do HSBC Securities (USA), afirmam que as perspectivas para o setor não são mais tão positivas quanto antes. “Nossas preocupações são com o encolhimento das carteiras de empréstimos, com taxas menores, impostos mais altos e o câmbio”, escrevem os especialistas. Ainda que avaliem que o ciclo de crédito à frente não é o maior desafio a ser enfrentado pelos bancos brasileiros, os analistas do HSBC destacam que os lucros dos bancos podem ser afetados de maneira negativa pelo início do corte da taxa básica de juros, e por uma eventual redução do Imposto sobre Operações de Crédito (IOC).
Além de revisar sua recomendação de compra para manutenção, o HSBC também reduziu suas estimativas para o preço-alvo das ações dos bancos brasileiros – para os papéis do Itaú, de R$ 36 para R$ 34, e para os do Banco do Brasil, de R$ 27 para R$ 19. Já o preço-alvo para as ações do Banrisul ficaram inalteradas em R$ 10, assim como as do ABC Brasil, em R$ 14. O HSBC também não alterou sua recomendação de venda para os papéis do Santander (Brasil), e o preço-alvo para os ativos do banco espanhol em R$ 13.
“Enquanto há um renovado otimismo em relação às mudanças políticas com a nova administração, vemos tendências negativas para o setor, e esperamos uma lenta recuperação”, avaliam os especialistas do HSBC. As estimativas dos analistas estão próximas do consenso do mercado para 2016, mas estão piores do que a média para 2017 e 2018. O lucro das instituições financeiras brasileiras, preveem os analistas, “dificilmente” terão uma recuperação rápida, tendo em vista que eles partem de uma base de comperação já elevada. “E enxergamos riscos de novas quedas no futuro”. Assim como ocorre no resto do hemisfério sul, escrevem os especialistas, “acreditamos que os bancos brasileiros estão prestes a entrar no inverno, e não no verão, e que dias ensolarados ainda estão longe”.
Entre os principais riscos para os bancos brasileiros nos próximos meses, Gomez-Lopez e Agarwala citam o eventual aprofundamento da crise de crédito, que não dá sinais de uma recuperação; o corte da taxa Selic, que pode gerar impacto negativo para as margens das instituições financeiras; uma possível extinção dos juros sobre capital próprio; e uma desvalorização cambial – o HSBC projeta o real a R$ 4,00 no fim do ano, o que equivale a uma depreciação de 10%.
Os múltiplos que as ações dos bancos tem sido negociados, prosseguem os especialistas, não estão altos, mas também não estão em patamares condizentes com empresas que devem ter lucros menores à frente. Após o rally de fevereiro e março, as ações dos bancos estão entre as melhores performances do setor financeiro entre os mercados emergentes no acumulado do ano, ao lado de Sberbank, Credicorp e Bancolombia. “Os números dos bancos passaram por uma deterioração nesse período, e essa valorização dos papéis não nos parece justificada”.
“Reduzimos nossas estimativas para os bancos, mas mais importante, acreditamos que os riscos apontados no relatório tem uma possibilidade maior de se materializarem do que há alguns meses atrás”, escrevem os analistas.