14-11-2014 – 12:17:02
Os dois nomes mais cotados para substituir o ministro Guido Mantega, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles e o ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, realizaram apresentações durante o Congresso Brasileiro dos Fundos de Pensão. O evento, organizado pela Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar), começou na última quarta-feira, 12 e termina hoje, 14, no Transamérica Expo Center, em São Paulo
Além de participar com um estande no evento, o Banco Original organizou um café da manhã ontem, 13 de novembro, com Henrique Meirelles. Era um encontro fechado no Hotel Transamérica para cerca de 50 convidados, mas acabaram participando cerca de uma centena de gestores de fundos de pensão e de assets. Meirelles atualmente é presidente do conselho consultivo da J&F, holding que controla o Banco Original e grandes empresas como a JBS (frigorífico), Vigor (laticínios), entre outras.
Já Nelson Barbosa participa neste momento da programação oficial do Congresso dos Fundos de Pensão. O economista está confirmado para sessão de encerramento do evento, que começou às 11h30 e conta também com a participação de Carlos Alberto de Paula, diretor-superintendente da Previc; Nilton Molina, presidente do conselho de administração da Mongeral Aegon; Roberto Westenberger, superintendente da Susep e tem como mediador o jornalista Luis Nassif.
Café da manhã
Durante o café da manhã de ontem, Meirelles fez uma apresentação de perspectivas e cenários para 2015. “Foi uma apresentação bastante neutra sobre o cenário para o próximo ano. Ele disse que a economia brasileira não está em uma situação tão dramática”, disse Fernando Lovisotto, diretor da Vinci Partners, que estava presente ao encontro.
O executivo aposta que Meirelles ainda tem chances de aceitar a indicação como novo ministro da Fazenda. “Eu arriscaria que ele tem 30% a 40% de chances”, prevê Lovisotto. Durante o café da manhã, porém, Meirelles não falou sobre a possibilidade de assumir o Ministério da Fazenda. Os organizadores do encontro não permitiram a realização de perguntas orais, apenas por escrito, e nenhuma das que foram selecionadas fizeram menção a sua nomeação para comandar a equipe econômica do segundo mandato de Dilma Rousseff.
No primeiro dia do Congresso dos Fundos de Pensão, a diretora do Banco Original, Kátia Moroni, que circulou pelo evento da Abrapp, comentou para a equipe de reportagem da Investidor Institucional, que Meirelles não aceitaria a convite para ser Ministro da Fazenda – conforme nota publicada na InvestidorOnline na última quarta-feira, 12 de novembro.
Para Paulo Julião, diretor financeiro do fundo de pensão Economus, Meirelles tentou transmitir um tom otimista. “Ele falou que os problemas não são tão graves e tão diferentes de outros momentos e que precisamos de mais otimismo”, contou o diretor. Para Julião, o ex-presidente do Banco Central não está fora do páreo para a vaga de Ministro da Fazenda. “É difícil de falar, mas acho que ele está propenso a aceitar”, diz Julião.
Especulações
Durante os três dia de evento, que reuniu mais de três mil participantes, um dos assuntos mais discutidos foi justamente as especulações em torno da nova equipe econômica da presidente Dilma. Enquanto até quarta-feira, os nomes mais cotados eram mesmo de Meirelles e Barbosa, na quinta-feira, 13, já tinha entrado a especulação em torno da nomeação de Alexandre Tombini, atual presidente do Banco Central, como próximo Ministro da Fazenda. “Eu acho bem possível que seja o Tombini, até mesmo porque ele foi defendido pelo próprio Meirelles como seu sucessor”, lembra Bruno Stein, diretor da BalckRock no Brasil.
O executivo faz referência às declarações dadas por Henrique Meirelles, quando ele deixou a presidência do Banco Central para dar lugar a Tombini, um dos expoentes de sua equipe. Na época o próprio Meirelles declarou “Alexandre Tombini é uma escolha, e um profissional completamente preparado para a função. Trabalhamos juntos por cinco anos e tenho plena confiança nele”, disse Meirelles em nota divulgada pela assessoria do Banco Central, em 24 de novembro de 2010.
Neste sentido, o nome de Tombini poderia ser respaldado novamente pelo próprio Meirelles, que não estaria disposto a deixar sua atuação na iniciativa privada para voltar ao governo. Ele ocupa desde o início de 2012 a função de presidente do conselho consultivo da holding J&F, da família Batista. Além de assessorar os negócios do maior frigorífico do mundo, a JBS, e de empresas de grande porte, como a Eldorado (papel e celulose), Meirelles comanda a equipe do Banco Original.
No início 2013, com sinal verde da holding, o ex-presidente do Banco Central iniciou um audacioso projeto para ampliação do Original. Contratou ex-executivos que trabalharam com ele na época em que foi um dos principais diretores globais do BankBoston. A equipe é comandada hoje por Sandra Boteguim. Uma das frentes de atuação do Original é no crédito corporativo a médias empresas. E para captar recursos, o banco tem se aproximado dos fundos de pensão. Por isso, decidiu participar do Congresso dos Fundos de Pensão deste ano.
Por Alexandre Sammogini (Editor executivo da Revista Investidor Institucional)