15-07-2015 – 14:55:39
Um fundo multimercado do Brasil Plural lançado mês passado busca aproveitar oportunidades com companhias em dificuldades financeiras. O fundo de ‘situações especiais’ da casa vai comprar participações em companhias que estejam em dificuldade, através da aquisição de suas dívidas, que em alguns casos supera o valor patrimonial da empresa. Posteriormente, após um trabalho de recuperação que deve levar de dois a quatro anos (mas que pode chegar a até sete anos), operacional, tributário e financeiro, o Brasil Plural vai buscar a saída do ativo através da venda do equitiy da empresa.
O ciclo de crescimento do país há alguns anos, com ascensão da classe média, descoberta do pré-sal, e o aumento no preço das commodities, levou muitas companhias a se financiarem em busca de planos ousados de negócio, lembra Fábio Vassel, sócio do Brasil Plural. Com a “tempestade perfeita” que atingiu o país, que inclui inflação alta, queda do PIB, operação Lava Jato, redução no preço das commodities, e falta de água, o pipeline para o fundo recém-lançado é bastante variado e pulverizado entre os setores da economia.
“Procuramos companhias que tenham um ebitda extremamente contraído, muitas vezes inferior ao valor da dívida, e hoje encontramos isso em tudo. Obviamente no setor de óleo e gás de forma ampla, inclusive em sua cadeia. Também tem uma abundância no setor sucroalcooleiro, e em uma escala sem precedentes na cadeia automotiva. Encontramos isso até mesmo no agribusiness”, afirma Vassel. A intenção é formatar um fundo bastante variado setorialmente, que tenha uma companhia da indústria, uma de serviços, uma da cadeia de óleo e gás, e uma também no agribusiness. “As oportunidades que vão ditar o que vai acontecer, não necessariamente vamos conseguir ter essa divisão, mas é uma ambição”.
Um caso citado por Vassel em que o Brasil Plural atuou recentemente nos moldes do que o fundo pretende é o da Inepar, que entrou em recuperação judicial no final do ano passado, e que está em fase final de reestruturação. A empresa tinha cerca de R$ 5 bilhões em passivos, e o montante foi reduzido para aproximadamente R$ 600 milhões. “Esse é o tipo de reestruturação que a gente busca com nosso fundo”, fala o executivo. A Inepar tinha 13 mil credores. Como é um trabalho que envolve grande esforço das partes envolvidas, nas negociações com o mercado, o fundo deve ser concentrado, com quatro ou cinco ativos.
No radar da equipe do Brasil Plural estão empresas que necessitem um investimento total, entre a compra da dívida e os investimentos futuros em melhorias, que varia de R$ 25 milhões a R$ 150 milhões. O fundo fez uma primeira rodada de captação, de R$ 100 milhões, com family offices e investidores individuais sofisticados, mas o limite dele é de R$ 300 milhões. O tíquete médio foi de R$ 1 milhão. O fundo está agora na fase de investimento nas companhias, que deve ocorrer já no curto prazo. Pela estrutura, fundos de pensão não podem fazer investimento no veículo, pois ele conta com um FIDC NP para abarcar as dívidas a serem adquiridas. A rentabilidade esperada é de IPCA mais 11%.