18-11-2015 – 16:55:11
Os balanços do terceiro trimestre de 2015 divulgados pelas companhias na América Latina causaram desapontamento na equipe do Credit Suisse, por terem vindo abaixo do projetado pelos analistas do banco, principalmente em decorrência de itens não operacionais. “Esse foi o caso especialmente do Brasil, onde a desvalorização de 26% do real no trimestre levou a despesas financeiras acima do que esperávamos para as empresas com dívidas em dólar”, escreveram os analistas Andrew Campbell, Andrei Sabah e Mariana Hernandes , da área de research do Credit Suisse.
Esse impacto acima do esperado da valorização do dólar na dívida das empresas brasileiras, destacam os especialistas, se concentrou principalmente nos setores de materiais e de transportes. No setor de materiais, os destaques negativos, ressaltam os analistas do Credit Suisse, foram Vale, que foi afetada por despesas financeiras mais elevadas em função do câmbio, e Gerdau. Em transportes, os analistas apontam a Gol como a que apresentou o pior resultado, que veio duas vezes abaixo do que o projetado por eles, também em função da desvalorização do real. A Embraer também foi citada como destaque negativo do segmento. Outro setor que ficou aquém das expectativas do banco foi o de telecomunicações, sendo a Oi uma das principais representantes do fraco desempenho. Das companhias brasileiras sob análise do banco suíço, somente 36% apresentaram resultados acima do esperado pelas estimativas dos analistas, enquanto 52% tiveram resultados abaixo das projeções. “O consolo é que os resultados operacionais ficaram mais alinhados com as expectativas do nosso time”, diz o relatório do Credit Suisse.
Por outro lado, os analistas destacam os bons resultados entregues pelas empresas mexicanas. “A temporada de balanços foi melhor para as empresas mexicanas do que para as brasileiras por uma série de métricas diferentes”. As quedas dos lucros foram muito menores entre as empresas do México se comparadas com as do Brasil, e consequentemente as estimativas do banco para o lucro das empresas mexicanas não ficou tão distante em relação ao observado entre as brasileiras. Além disso, o crescimento real do ebtida no México foi maior, por conta da menor inflação, e a margem ebitda das companhias mexicanas permaneceu estável na comparação anual, reflexo de um ambiente melhor para a rentabilidade das empresas.
Diante do exposto, os analistas do Credit Suisse entenderam que os resultados do terceiro trimestre “foram favoráveis para nossa preferência pelo México em relação ao Brasil em nosso portfólio para América Latina”. Eles lembram também que os resultados operacionais no Brasil devem seguir pressionados no quarto trimestre, diante dos fracos fundamentos domésticos, com os preços das commodities nas minimas dos últimos anos, e a desvalorização do real. “Surpreendentemente, a média das estimativas para os resultados das companhias brasileiras tem se mantido estável desde o início da temporada de balanços do terceiro trimestre. Nossa preocupação é de que as projeções ainda necessitem de ajustes para baixo para incorporar os fracos resultados”. Por outro lado, os especialistas notam que as revisões para baixo que ocorreram recentemente no México e no Chile são mais consistentes com os resultados reportados durante o trimestre.