Atuações do Fed e do BCE apontam para paridade entre dólar e euro

31-03-2015  –  18:03:51

 

O afrouxamento da política monetária que tem sido promovido pelo Banco Central Europeu (BCE), ao mesmo tempo em que o Federal Reserve tende a iniciar um aperto da sua política, deve fazer com que a relação entre dólar e euro – que hoje está em US$ 100 para € 93 – alcance a paridade até o final de 2015. Ao menos essa é a projeção do BNP Paribas. Nos últimos três meses, a valorização da moeda americana ante a europeia roda na casa dos 12%.

“Se olharmos os últimos grandes movimentos de valorização do dólar, nas décadas de 60 e 70, o que teve até agora ainda é moderado. O processo de valorização do dólar é persistente, e pode levar não só semanas, mas meses, trimestres, talvez anos”, afirma Marcelo Carvalho, economista-chefe do BNP Paribas.

Até pela expectativa de contínua valorização do dólar, principalmente quando o Fed de fato iniciar a elevação dos juros, o Banco Central do Brasil (BCB) anunciou no último dia 24 o fim do programa de intervenção no câmbio, que estava em vigor desde agosto de 2013. “Esse programa já tinha ido longe demais. Ele foi compreensível no passado, nas eleições, quando era importante o câmbio estável, só que o programa cresceu bastante, já tinha mais de US$ 100 bilhões vinculados a ele. Lembrando que o total de reservas é de US$ 470 bilhões, então é um comprometimento das reservas que já tinha ido longe demais, pra sustentar um câmbio que tinha que se desvalorizar de qualquer forma”, pontua Carvalho.

A projeção do BNP Paribas para o câmbio ao final de 2015 é de R$ 3,20, mas o economista do banco entende que é “bem plausível” a moeda alcançar entre R$ 3,40 e R$ 3,50 em momentos de maior estresse do mercado. Hoje o dólar fechou em queda de 1,2% ante o real, a R$ 3,19. Com a projeção de paridade, o banco projeta o euro também a R$ 3,20 no final do ano.

Bolha

Uma outra possível consequência da atuação do Fed nos últimos sete anos é a formação de uma bolha financeira nos mercados globais, em função do excesso de liquidez despejado pela autoridade monetária. “Os bancos centrais ao redor do mundo a todo momento se fazem essa pergunta, se tem uma bolha alimentada pelos juros baixos, é sempre um dilema”, pondera Carvalho. Muitos analistas, acrescenta o economista, avaliam que a bolha imobiliária de 2008 teria sido alimentado pelo Fed de Allan Greenspan, que deixou o juro baixo por muito tempo. “O risco portanto é no momento que o Fed subir os juros estourar essa bolha, daí o temor da volatilidade quando os juros subirem lá fora”.