Mais governança nas companhias listadas | Novo Mercado muda a Bol...

Edição 232

 

Depois de pouco mais de 10 anos após sua criação, o Novo Mercado da BM&FBovespa apresenta avanços nunca antes vistos no mercado de capitais brasileiro. Ainda há dificuldades para promover o crescimento do número de empresas listadas na Bolsa, sobretudo após a crise financeira mundial de 2008, mas apesar disso o mercado não deixou de evoluir e acumular resultados positivos em termos de melhoria na governança das companhias. Já são 125 companhias listadas no Novo Mercado que, somadas às dos Níveis 1 e 2, representam 40% da BM&FBovespa. Em relação ao volume negociado os números são ainda maiores, pois os papéis listados no Novo Mercado representam 80% das negociações em bolsa.
Os fundos de pensão comemoram o avanço do Novo Mercado e das exigências mais rígidas na governança das companhias. “A adesão de empresas ao Novo Mercado trouxe maior credibilidade para que os fundos de pensão pudessem ampliar sua participação no mercado de capitais”, diz Cristiana Pereira, diretora de relacionamento com investidores institucionais da BM&FBovespa. As fundações tiveram participação importante também nas empresas das quais são controladoras, tais como Embraer e BR Foods, que aderiram às regras do Novo Mercado sobretudo devido às orientações dos dirigentes dos fundos.
O melhor tratamento aos acionistas minoritários era uma demanda antiga das fundações, que vinha desde os anos 1980. O Novo Mercado foi uma forma de atender às reivindicações desses investidores, que queriam participar dos conselhos das companhias para atuar efetivamente como fiscais das boas práticas de governança das empresas. Essas reivindicações vieram se arrastando durante a década de 1990, porém não conseguiam se concretizar, até mesmo porque a Bolsa estava praticamente estagnada. Entre 1995 e 2002 foram realizados só sete IPOs (ofertas iniciais de ações).
Coincidindo com a criação do Novo Mercado, a Bovespa começou a apresentar alguma reação a partir de 2002. Mas ainda demoraria mais alguns anos para deslanchar de fato. Em 2004 e 2005, o Novo Mercado contou com sete e nove IPOs respectivamente (veja mais na tabela), e a Bolsa começou a mostrar que poderia dar um salto quantitativo. O IPO da Natura em 2004 é considerado um dos marcos desse salto da BM&FBovespa. “A partir de 2004, entramos definitivamente em uma nova fase de expansão, que ainda está em atividade, apesar de enfrentarmos uma forte crise no meio do caminho”, lembra Cristiana Pereira.

Institucionais – Durante os anos de 2006 e 2007, a Bolsa brasileira registrou uma forte aceleração no ritmo de IPOs. Foram 64 ofertas iniciais em 2007, sendo que no ano anterior já tinham ocorrido 26. Veio a crise no segundo semestre de 2008 e, durante aquele ano e o seguinte, foram 10 IPOs no total. Apesar do menor ritmo de ofertas depois da crise, o Brasil se tornou a sexta bolsa mundial mais importante para a abertura de capital, e a quarta maior entre os emergentes. Nos últimos dois anos, os IPOs aumentaram em relação aos anos imediatamente posteriores à crise, mas ainda não voltaram aos patamares de antes de 2008.
Em 2010 e 2011, a Bolsa enfrentou desempenho fraco e desanimou muitas empresas que pretendiam abrir o capital. Foram 11 IPOs no ano passado, e neste ano o número pode se repetir. Os fundos de pensão amargaram resultados abaixo de suas metas atuariais em consequência do fraco desempenho da Bolsa, mas nem por isso deixaram de atuar ativamente no mercado. “Tenho a impressão de que as fundações, sobretudo as maiores, aproveitaram o momento de baixa do Ibovespa para reposicionar seus portfólios, entrando em papéis com boas perspectivas de valorização”, estima Carlos Rebello Sobrinho, diretor de regulação de emissores da BM&FBovespa.
A participação dos institucionais tem aumentado na Bolsa desde 2008. Naquele ano, os institucionais fecharam com apenas 10,94% na participação ponderada dos investimentos em ofertas na BM&FBovespa. Já em 2009, a participação subiu para 20,25%. Mas o que chama a atenção é que, tanto em 2010 como em 2011, os institucionais subiram para 24,06% e 24,44% respectivamente. Os números demonstram que os investidores continuaram entrando na Bolsa durante este ano, apesar da queda do Ibovespa.